Fratura por estresse abrange entre 0.7 e 15.6 por
cento de toda lesão atlética. Geralmente, os atletas
com maior incidência de fratura por estresse são os corredores
e saltadores, ginastas e bailarinos. A frequência dessa fratura
entre recrutas militares nos Estados Unidos também é grande,
variando, aproximadamente, de 1 a 20 por cento, apresentando uma taxa
mais alta em mulheres do que em homens. Em geral, os ossos que fraturam
com mais frequência são: metatarso, fíbula e tíbia.
Etiologia
Uma carga fisiológica normal provoca uma série de reações
(alterações) deformando os ossos, incluindo: compressão,
tensão, rompimento, torção e vibração.
Os ossos possuem uma capacidade intrínseca de se adaptarem a
alterações na carga crônica para suportar cargas
futuras de mesma natureza, um fenômeno comumente referido como
Lei de Wolff. A adaptação do osso para as mudanças
de carga ocorre por meio de modelagem e/ou remodelagem. A modelagem é o
processo pelo qual o tecido ósseo é depositado, ou retirado,
para modificar a forma e o tamanho de um osso. A remodelagem descreve
um processo de reabsorção óssea, seguida (após
um atraso de cerca de um mês) por deposição de
novo osso (em aproximadamente seis meses). Enquanto algum nível
de remodelação ocorre constantemente no osso normal,
o grau de remodelação, no osso submetido à adaptação
para alterações de carga, aumenta substancialmente. O
aumento da reabsorção tornará o osso relativamente
poroso, até que o processo de deposição possa
substituir o tecido perdido por completo. Durante essa prolongada fase
de substituição, o osso é mais suscetível à fratura
por estresse, em virtude do aumento da porosidade.
Fatores de Risco
Os seguintes fatores contribuem para a incidência de fratura
por estresse, direta ou indiretamente, através de sua influência
na tensão óssea e sua relação proporcional à remodelação óssea:
Mudanças de formação (por exemplo: terrenos, calçados,
atividades, intensidade do treino);
Atividades de corrida ou salto;
Calçado impróprio;
Rigidez muscular;
Fraqueza muscular;
Força muscular excessiva;
Diminuição de anomalias da extremidade inferior;
Técnica inadequada de corrida;
História prévia de lesão;
Baixa densidade mineral óssea (nas mulheres, geralmente em segundo
plano, devido à inadequada circulação de estrogênio).
Diagnóstico
Os sintomas explícitos da fratura por estresse incluem sensibilidade
local, dor à percussão direta e / ou indireta e dor com
sustentação de peso (em especial, salto sobre o membro
afetado). Pode haver sinais de inchaço no local da lesão.
A confirmação do diagnóstico clínico pode
ser obtida através da etapa Tecnécio 99, tripla varredura
do osso (muitas vezes considerada a ferramenta padrão de diagnóstico),
e a ressonância magnética (MRI). Raios-X são, geralmente,
insuficientemente sensíveis para efeitos de diagnóstico
precoce, entretanto, os sintomas históricos e sinais físicos
são suficientes para o diagnóstico.
Recomendações
sobre tratamento
Já que as fraturas por estresse são expressões
patológicas da resposta adaptativa normal do osso à carga
modificada, a descarga (repouso) continua a ser um tratamento eficaz
na maioria dos casos.
A prevenção é, no entanto, sem dúvida,
a melhor abordagem de tratamento. Técnicos devem estar cientes
dos fatores de riscos de fratura por estresse quando planejam os programas
de treino. Recomendações que minimizem o risco de fratura
por estresse e promovam a recuperação incluem o seguinte:
Durante o treino:
Vista roupas leves, calçados específicos para as atividades
esportivas e substitua-os depois de cerca de 500-700 km de corrida.
Aumente a intensidade de treinamento gradualmente depois de algumas
semanas, introduzindo: morros, intervalos de treino, exercícios
de saltos e de alta exigência. Atividades esportivas específicas,
somente após cerca de seis semanas de treinamento graduado.
Se for encontrar diferentes superfícies durante os treinos ou
competições, comece treinando em superfícies que
absorvam bem o impacto, como, por exemplo, asfalto nivelado. Em seguida,
avance para as superfícies artificiais, grama, areia ou terreno
irregular, a partir daí variando a superfície de treinamento.
Mantenha a ingestão adequada de cálcio na dieta (pelo
menos 1200 mg / dia para os menores de 25 anos; 800 mg / dia para os
mais velhos) para permitir a mineralização óssea
saudável durante a remodelação.
As atletas devem manter a concentração normal de estrogênio
circulando, usando a disfunção menstrual como uma bandeira
de advertência.
Quando ferido:
Quando ferido, mantenha o condicionamento aeróbico por meio
de reduzidos exercícios de levantamento de peso, como piscina,
corrida e ciclismo.
Retome o treino gradualmente, incorporando piscina durante os últimos
estágios de cura e estágios iniciais de retorno, acrescentando
dias de descanso no regime. Peça orientações de
treinos de intensidade leve a seu terapeuta, ou preparador físico.
Se um retorno rápido à atividade é necessário,
utilize equipamentos de proteção, por exemplo, uma cinta
pneumática na tíbia, durante a sustentação
de peso.
Advertências:
-Não estique excessivamente os músculos adjacentes quando
houver lesão profunda;
-Não realize exercícios localizados de fortalecimento
muscular;
-Não se envolva em atividades produtoras de dor;
-Não treine em superfícies muito suaves ou irregulares.
Novas
instruções
Evidências preliminares sugerem que a aplicação
de campos elétricos e eletromagnéticos, ou ondas de som,
podem melhorar a cicatrização de fraturas por estresse.
Uma série de dispositivos de estimulação óssea
está atualmente no mercado, e a investigação na área
da fratura por estresse é progressiva.
Resumo
As fraturas por estresse são complicações crônicas
identificadas em treinamentos intensivos de levantamento de peso, como
na dança, atletismo e populações militares. Os
ossos são mais suscetíveis à fratura por estresse
quando enfraquecidos pela porosidade relacionada à remodelagem,
num primeiro estágio, como resposta adaptativa do osso para
mudanças nos padrões de carga. O mais adequado é a
prevenção, mais facilmente alcançada através
de acréscimos de treinos graduados. O objetivo do tratamento
da fratura por estresse é o de facilitar a progressão
natural da remodelação óssea, através da
redução das cargas sobre o local lesionado. Desta forma,
o descanso das atividades que provocam dor torna-se mais eficaz, se
muitas vezes prolongadas, a intervenção é a estratégia
nesse momento.
Escrito pela doutora Belinda R. Back para o Colégio Americano
de Medicina Esportiva.
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feitas pelo Colégio Americano de Medicina Esportiva sobre temas
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