O uso de drogas com o
intuito de aumentar a força e a resistência tem sido observado
por milhares de anos. Hoje em dia, as pessoas, incluindo adolescentes,
continuam a utilizar uma grande variedade de drogas, como esteroides
anabolizantes (também chamados esteroides anabólicos),
na esperança de que tanto seus desempenhos esportivos como suas
aparências sejam aprimorados. Esses anabolizantes não
alteram o temperamento de seus usuários imediatamente após
o seu uso. Na verdade, o apetite por essas drogas foi criado predominantemente
por nossas fixações sociais em vencer e ter uma boa aparência
física.
Os esteroides anabolizantes são versões sintéticas
do principal hormônio masculino, a testosterona. Ela, produzida
primordialmente pelos testículos, é responsável
pela chamada “masculinização” e pelo crescimento
da massa muscular durante o período da adolescência. Esses
esteroides são consumidos principalmente por via oral e por
injeção na corrente sanguínea (casos de reutilização
de agulhas acontecem, principalmente entre os adolescentes). Essas
drogas são geralmente provenientes de mercados negros, paralelos,
que geralmente possuem distribuidores de outros tipos de drogas ilícitas.
Pessoas que usam anabolizantes, especialmente as que possuem experiência
em musculação, perceberão um aumento de força
e massa muscular significativamente maior do que obteriam se não
os usassem. Com exceção desse benefício, o uso
de esteroides acarreta uma série de consequências negativas.
Em primeiro lugar, o uso de esteroides anabolizantes é ilegal,
ou seja, transgride leis estaduais e federais. Em segundo lugar, seu
uso é considerado trapaça! Para preservar a saúde
dos atletas e manter o espírito de uma competição
justa, todas as organizações responsáveis pela
fiscalização de competições esportivas,
incluindo a National Federation of State High School Associations (Federação
Nacional de Associações de Escolas Secundárias
Estaduais), são contra o uso de esteroides anabolizantes. No
entanto, muitos adolescentes que usam anabolizantes não participam
de competições escolares patrocinadas. E em terceiro
lugar, esses adolescentes estão se expondo a sérios problemas
emocionais e físicos durante um período no qual se encontram
vulneráveis devido à mudança de seus ciclos hormonais.
Problemas de saúde física associados ao uso de esteroides
anabolizantes acarretam em doenças do coração
e fígado, assim como derrames, enquanto os efeitos psicológicos
têm como resultado principal a dependência de drogas e
o aumento da agressividade.
Em mulheres, os esteroides anabolizantes causam uma série de
efeitos colaterais, alguns dos quais aparentam ser permanentes mesmo
depois que o uso da droga é suspenso. Eles incluem: anormalidades
durante o período menstrual, voz mais grave, diminuição
do tamanho dos seios, típica calvície masculina, além
de um aumento do desejo sexual, de espinhas, dos pelos corporais e
do tamanho da vagina. Usuários de esteroides anabolizantes mais
jovens, tanto do sexo masculino como do feminino, correm o risco de
sofrerem uma alteração dos seus processos naturais de
crescimento, o que pode fazer com que atinjam uma altura menor que
atingiriam sem o seu uso. O fato de que esteroides anabolizantes não
estão sendo apenas utilizados por atletas universitários,
profissionais e olímpicos está se tornando cada vez mais
evidente. Existem fortes evidências de que estudantes do ensino
médio e até mesmo do ensino fundamental também
estão utilizando esteroides.
O percentual de adolescentes de ambos os sexos, usuários de
esteroides, que acaba usando esse tipo de droga durante todo o restante
de suas vidas, varia entre quatro e doze por cento entre os homens
e entre dois e cinco por cento entre as mulheres. A revisão
de estudos a nível nacional a respeito do uso de esteroides
entre adolescentes mostra tendências diferentes entre 1989 e
1996. Um deles, no qual o objeto de estudo era o uso de esteroides
anabolizantes entre homens e mulheres em 1989, mostra que uma diminuição
significante de uso aconteceu entre 1989 e 1996. Entretanto, desde
1991, o uso de esteroides por parte dos homens, como foi apontando
por duas ou três pesquisas nacionais, tem se mostrado constante.
Além disso, desde 1991, dados provenientes destas três
mesmas pesquisas apontam para um aumento significativo na utilização
de esteroides anabolizantes entre adolescentes do sexo feminino. O
Sistema de Observação de Risco e Comportamento de Jovens
de 1995 mostrou que entre os estudantes cursando desde o primeiro até o
terceiro ano do ensino médio em escolas públicas e privadas
dos Estados Unidos, 4,9% dos meninos e 1,4% das meninas usaram esteroides
ao menos uma vez. Baseado em estimativas do número de estudantes
do ensino médio do ano de 1995, esses percentuais indicam que
aproximadamente 375.000 adolescentes do sexo masculino e 175.000 adolescentes
do sexo feminino usaram esteroides. Também é importante
dizer que o uso de esteroides anabolizantes por adolescentes não
se limita aos adolescentes americanos. Estudos realizados no Canadá, África
do Sul, Inglaterra e Suécia mostraram um grande número
de usuários de esteroides entre os estudantes de faixa etária
compatível com o ensino médio assim como nos Estados
Unidos.
O perfil dos adolescentes usuários de esteroides pode ser estabelecido
apenas parcialmente. Os usuários de esteróides anabolizantes
são em maior parte homens, além de encontrarem-se mais
suscetíveis a usarem outras drogas ilícitas, ingerirem
bebidas alcoólicas e fumarem. Estudantes que são atletas
têm maior suscetibilidade a utilizar esteroides do que aqueles
que não praticam esportes; jogadores de futebol americano, lutadores,
halterofilistas e bodybuilders têm ainda mais suscetibilidade
a utilizar esteróides do que atletas que praticam outras modalidades.
Entretanto, os efeitos de idade, raça, sexo e grau escolar no
uso de esteroides não são completamente compreendidos.
Além disso, muitos outros fatores, tais como desempenho acadêmico
e nível socioeconômico demandam investigações
mais profundas antes que associações relacionadas entre
eles e o uso de esteroides anabolizantes possam ser feitas de maneira
convicta. Durante a última década, diversas estratégias
foram empregadas na luta contra a utilização de esteroides
anabolizantes entre os adolescentes. Dentro do desenvolvimento de atividades
para a aplicação dessas estratégias, a aprovação
de leis estaduais e federais proibindo a utilização de
esteroides, assim como a implementação de inúmeros
programas de prevenção, educação e intervenção
tiveram uma atenção muito grande. Apenas algumas escolas
do ensino médio propuseram-se a empregar exames antidoping a
modo de impedir o uso de esteroides, provavelmente devido ao custo
elevado dos exames (120 dólares cada). Apesar da aplicação
dessas leis ter causado um impacto entre os usuários de esteroides,
outras medidas precisam ser tomadas, especialmente devido ao aumento
do número de usuários entre adolescentes do sexo feminino.
Os programas de prevenção precisam ter várias
vertentes de atuação. Mensagens consistentes contra o
uso de esteroides precisam vir dos pais, professores e dos instrutores
das práticas esportivas de forma contínua. Os adolescentes
precisam aprender a dizer não para manterem-se afastados desse
tipo de droga assim como receber informações precisas
a respeito de nutrição esportiva, treinamento de força,
condicionamento físico e uso de suplementos. E o mais importante:
os jovens precisam de um compasso moral e ético bem estruturado
que estabeleça limites e restrições claras que
não serão ultrapassadas na busca pela vitória.
Escrito para o Colégio Americano de Medicina do Esporte por:
Dr. Charles E. Yesalis (membro do CAME) e
Dr. Michael S. Bahrke (membro do CAME)
PARCERIA DE TRADUÇÕES:
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