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Dom, 27/1/13 22:14

Exercícios para Pessoas com Doenças Cardiovasculares

Nome da Instituição: Universidade Católica de Santos
Nome completo do Acadêmico: Marcela Palmieri Santos da Silva
Endereço de E-mail: marc.vellocet@gmail.com
Telefone para contato: (13) 91255450
Endereço do link traduzido: http://www.acsm.org/AM/Template.cfm?Section=Current_Comments1&Template=/CM/ContentDisplay.cfm&ContentID=8639
Data de Publicação:
12/12/2010

   As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte nos EUA, sendo responsáveis por cerca de 50% do total de mortes a cada ano e afetando por volta de 14 milhões de americanos. Esse número inclui aqueles que possuem angina pectoris (dores no tórax), assim como pessoas com uma deficiência na capacidade do coração de bombear sangue de maneira eficaz (insuficiência cardíaca), resultando em um fluxo insuficiente de sangue aos tecidos. Aproximadamente 1,5 milhões de americanos sofrem ataques cardíacos a cada ano e quase um terço desses morre. Além disso, os ataques cardíacos são assassinos oportunistas que não diferenciam sexos: cerca de metade das 500.000 mortes anuais causadas por ataque cardíaco ocorrem entre mulheres. E, a cada ano, mais de 700.000 pacientes com doenças cardíacas passam por pontes de safena ou angioplastias. O tratamento para pessoas com doenças cardíacas é multifacetado e inclui a cessação do tabagismo, a redução do colesterol, o controle da pressão arterial e exercícios físicos.

Benefícios e limitações
   Atingir o condicionamento físico com exercícios aeróbicos regulares ajuda a diminuir a frequência cardíaca e a pressão arterial seja em descanso ou em qualquer nível de exercício. Consequentemente, a carga de trabalho do coração é reduzida e os sintomas de angina pectoris são aliviados. O exercício regular também melhora o funcionamento dos músculos e aumenta a capacidade do paciente cardíaco de absorver e utilizar o oxigênio. Isso é conhecido como consumo máximo de oxigênio (VO² máx.) ou capacidade cardíaca. À medida que a capacidade do corpo de transportar e distribuir oxigênio aumenta, o paciente tem mais energia e sente menos cansaço. Esse benefício é importante para pacientes com doenças cardíacas cuja condição física é tipicamente pior do que a de adultos saudáveis de mesma idade. Ademais, os maiores progressos geralmente ocorrem entre aqueles de pior condição física.

   De que forma um aumento na capacidade cardíaca ajuda o paciente a realizar atividades no trabalho e em seu tempo livre com mais facilidade? Cientistas descobriram que uma dada tarefa requer um suprimento relativamente constante de oxigênio. Os pacientes que não possuem uma boa condição física podem ter de trabalhar no nível máximo de suas capacidades cardíacas para realizar atividades de intensidade moderada em seu tempo livre, como passear com o cachorro ou cuidar do jardim. Já os pacientes que possuem uma boa condição física consomem a mesma quantidade de oxigênio para tais atividades, porém, como têm uma capacidade cardíaca maior, realizarão essas tarefas em uma porcentagem menor de seu respectivo consumo máximo, com menos cansaço ou quaisquer outros sintomas.
   Os programas de treinamento com exercícios aeróbicos podem resultar em uma diminuição modesta de massa corporal, tecido adiposo, pressão arterial (especialmente em pessoas com hipertensão), colesterol total, triglicerídeos e as lipoproteínas de baixa densidade (LDL, o colesterol “ruim”) e em um aumento na fração das lipoproteínas de alta densidade (HDL, o colesterol “bom”). Também há indícios de que o exercício traz efeitos favoráveis à resistência à insulina (uso de açúcares no sangue) e à coagulação sanguínea.

   No entanto, apesar de a atividade física regular afetar favoravelmente a pressão arterial, o colesterol, a obesidade e a diabetes, não se deve esperar que somente o exercício altere o estado de risco global. Os programas mais eficazes para a redução do risco coronário também incluem a reeducação alimentar, aconselhamento para a cessação do tabagismo, redução do estresse e uso de medicamentos, se necessário.
   Os pacientes cardíacos que fazem exercícios regularmente relatam um aumento em sua autoconfiança, especialmente ao realizarem tarefas físicas; uma sensação de bem-estar; e menos depressão, estresse, ansiedade e isolamento social. Além disso, os resultados combinados de exames clínicos aleatórios indicam que a reabilitação cardíaca por meio de exercícios em pacientes que tiveram ataques cardíacos resultou em uma taxa de mortalidade de 20 a 25% menor.

   Embora os vários benefícios dos exercícios sejam inegáveis, não há provas contundentes de que somente o exercício aumente o diâmetro das artérias coronárias ou o número de minúsculos vasos sanguíneos que se interconectam (a chamada circulação colateral) e alimentam o músculo do coração.

   Além de que os treinos convencionais parecem ter pouco ou nenhum efeito para melhorar a eficácia de bombeamento (conhecida como “fração de ejeção”) de um coração danificado ou reduzir irregularidades rítmicas do coração.

Quanto devo me exercitar?
   Os benefícios mais consistentes geralmente aparecem quando o treino é realizado pelo menos três vezes por semana durante três meses ou mais. O exercício frequente pode produzir melhorias ainda maiores; porém, se o programa for abandonado, os benefícios se perdem em semanas. A duração das sessões de treino aeróbico deve incluir um mínimo de 30 minutos contínuos ou acumulados (ou seja, três séries de 10 minutos cada) em uma intensidade entre 70 e 85% da frequência cardíaca máxima do indivíduo. Entretanto, aconselha-se que a frequência cardíaca para o exercício seja de 10 batidas por minuto abaixo da intensidade em que sintomas ou sinais anormais começam a aparecer no corpo. O seu médico deve aprovar a intensidade de exercício que é considerada segura e apropriada para você.
   A caminhada é mais vantajosa do que outras formas de exercício durante as fases iniciais de um programa de exercício cardíaco. Programas de treinamento com caminhadas aceleradas podem resultar em progressos substanciais na condição física e nos fatores de saúde mencionados acima. A caminhada oferece uma intensidade de exercício que é facilmente tolerável e causa menos problemas ortopédicos do que o jogging ou a corrida. Além disso, é uma atividade que não requer nenhum equipamento especial além de um par de tênis esportivos adequados. O exercício aeróbico e o treino de resistência (força) para a parte superior do corpo podem aumentar a força muscular e a resistência de forma efetiva e segura em pacientes coronarianos clinicamente estáveis. Essas mudanças também podem resultar em melhorias nas funções cardiovasculares, reduzindo a frequência cardíaca e as respostas da pressão arterial ao esforço da parte superior do corpo (por exemplo, levantar algo). Consequentemente, esses programas de treinamento podem diminuir a demanda cardíaca de atividades no local de trabalho e atividades de lazer e fornecer uma maior diversidade ao seu programa de condicionamento físico, podendo elevar o interesse e a adesão do paciente. Programas de treinamento de resistência com série única, realizados no mínimo de duas a três vezes por semana, são mais recomendados do que os programas com séries múltiplas, por serem altamente efetivos e consumirem menos tempo. Também se recomenda que esses programas incluam de 8 a 10 exercícios diferentes que trabalhem os principais grupos musculares (braços, ombros, peito, costas, quadris e pernas) e que a carga permita de 10 a 15 repetições com um nível moderado de cansaço.
   Uma declaração consensual recente da Associação Americana do Coração (American Heart Association) sobre a prevenção de ataques cardíacos e de morte em pacientes com doenças coronárias sugeriu um mínimo de 30 a 60 minutos de atividade moderada, de 3 a 4 vezes por semana, suplementado por um aumento de atividades no dia-a-dia (por exemplo: pausas para caminhar no trabalho, uso de escadas, jardinagem e atividades domésticas); o benefício máximo seria atingido com 5 a 6 horas de exercício por semana. O aumento da atividade física no dia-a-dia pode ajudar nesse caso (Figura/Número 1)*.

Os riscos do exercício

   O risco de complicações cardiovasculares parece aumentar rapidamente durante a atividade física exaustiva, quando comparado com o risco em outros momentos. Isso se torna verdade particularmente para pessoas com doenças cardíacas que são sedentárias por hábito. As estimativas contemporâneas de complicações cardiovasculares significativas em programas de reabilitação cardíaca por exercício variam entre um paciente a cada 100.000 horas de exercício e um a cada 300.000. Portanto, a reabilitação por exercício mostrou ser segura, com casos sérios sendo raros. Ademais, o risco global de uma complicação cardíaca parece ser reduzido em pessoas que se exercitam regularmente.
Independentemente do formato de exercício, os pacientes cardíacos devem prestar atenção aos quatro sinais ou sintomas que podem indicar um agravamento ou progressão de sua doença cardíaca: angina pectoris nova ou recorrente (dor ou pressão no tórax, dor na mandíbula ou no queixo, desconforto no braço esquerdo ou direito, dores nos ombros e costas); falta de ar incomum ou estranha; vertigem e tontura; e anormalidades rítmicas do coração. Nesses casos, deve-se interromper o exercício e procurar ajuda médica.

Atividades de Alto Risco
   Atividades extremamente exaustivas ou de paradas e retomadas bruscas podem ser beneficiais, mas estão mais propensas a colocar o coração em um estresse desnecessário, especialmente para aqueles que são sedentários. Por exemplo, foi provado que retirar neve pesada e molhada com uma pá pode elevar bastante a frequência cardíaca e a pressão arterial. Os ataques cardíacos geralmente ocorrem, durante os meses frios de inverno, com pessoas de meia-idade e idosos que estão limpando a neve de suas garagens ou passagens e acabam exaurindo-se.
Dificuldades na realização
   Com um argumento tão convincente a favor do exercício moderado, é uma pena que mais e mais pacientes cardíacos não aproveitem seus benefícios. Somente de 11% a 20% dos pacientes com doenças cardíacas participam de programas de reabilitação supervisionados, o que sugere uma vasta inutilização, particularmente entre adultos mais velhos, mulheres e minorias. Além disso, os programas de exercício cardíaco têm relatado índices de abandono de 50% depois de 3 a 6 meses. Portanto, parece que o exercício não difere tanto de outros comportamentos relacionados à saúde: geralmente metade ou menos daqueles que iniciam uma mudança darão continuidade a ela. As barreiras comuns para o ingresso e participação incluem falta de orientação médica, problemas de transporte, tempo (calor ou frio), outros problemas médicos (por exemplo, artrite), falta de reembolso do seguro e acesso limitado.

Estratégias de Comportamento
Várias recomendações práticas são oferecidas para manter a motivação pela boa condição física. Essas incluem:

- Aprender os “porquês” e os “comos” do exercício.
-Minimizar a possibilidade de ferimentos com um programa de exercício sensato. É muito comum que novatos se desencorajem devido à dor muscular de se aumentar o nível de exercício muito abruptamente. Peça ajuda qualificada.
-Exercite-se com outras pessoas. O reforço social de outros, seja em um local supervisionado ou em casa, pode aumentar o comprometimento ao exercício.
-Pratique atividades prazerosas. Quando o exercício é divertido ou prazeroso, é mais fácil manter a motivação.
-Faça testes físicos periodicamente para avaliar seu progresso individual.
-Marque suas conquistas em uma tabela de progresso.
-Estabeleça uma programação para exercitar-se.
-Escute música durante as sessões de exercício.
-Incorpore mais atividade física no seu dia-a-dia.
-Programas de exercício em casa versus programas supervisionados

   Embora os programas de exercício em grupo supervisionados por médicos estejam associados com custo elevado e necessidade de locomoção, eles são recomendados a pacientes com uma grande deficiência cardíaca ou sinais e sintomas adversos (ou seja, aqueles com um risco elevado de eventos cardiovasculares futuros). Ademais, os programas supervisionados facilitam a aprendizagem do paciente quanto a mudanças no estilo de vida para a redução do risco coronário, fornecem variedade e oportunidades recreativas e oferecem a garantia de uma equipe de funcionários e um potencial elevado de adesão, segurança e vigilância. A reabilitação por exercício em casa direcionada por um médico representa uma alternativa viável e, por causa do baixo custo, representa acessibilidade aumentada, conveniência, potencial para promover a modificação do fator de risco, independência e autorresponsabilidade. Para pacientes coronarianos estáveis, tanto a reabilitação por exercício em casa quanto programas em grupo supervisionados mostraram ser seguros e eficazes.

Conclusões
   Até a metade da década de 1980, programas de reabilitação cardíaca focavam-se em exercícios e uma dieta “prudente”. Apesar de esses programas resultarem em uma forma física aprimorada e diminuições modestas na mortalidade, o curso da aterosclerose permaneceu basicamente inalterado. Estudos contemporâneos sugerem que a modificação súbita do fator de risco coronário, incluindo dieta, medicamentos e exercício (especialmente combinados), pode desacelerar, parar e até reverter a progressão da aterosclerose coronariana. Os benefícios adicionais incluem a redução dos sintomas de angina pectoris, menor número de eventos cardíacos recorrentes e menor necessidade de angioplastias e/ou pontes de safena. Hoje, o exercício continua sendo o componente principal de um método abrangente para o tratamento de doenças cardíacas (Figura/Número 4)* – um método que também inclui aconselhamento psicossocial e vocacional, apoio emergencial, vigilância médica e modificação súbita do fator de risco coronário.

Escrito para a Colégio Americano de Medicina Esportiva (American College of Sports Medicine) por Barry A. Franklin, Ph.D., FACSM (presidente); Gary J. Balady, M.D., FACC; Kathy Berra, M.S.N., ANP; Neil F. Gordon, M.D., FACSM, e Michael L. Pollock, Ph.D., FACSM.

*Não há figura no texto original.

PARCERIA DE TRADUÇÕES:

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