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Seg, 12/1/09 16:23

FUTEBOL
PERFIL E OPINIÃO DE UM TREINADOR DE FUTEBOL
José Carlos Rodrigues dos Santos
Orientador: Prof. Ms. Fabio Aires da Cunha

Introdução

   Sabemos que no desporto há valores permanentes de todas as formas tempos ou espaços, valores esses como a Verdade, a Virtude, a Ética, a Dignidade, a Coerência, o Fair-Play, que me importam assumir enquanto Cidadão, Homem, Pai, e Treinador de futebol, identificando acções e empregando-as no comportamento... Este é o Homem... Este é o Treinador... Este é o Zé Carlos.

   A primeira palavra que vem a cabeça de qualquer pessoa quando se fala da relação entre clubes e treinadores é "resultado". É obvio que estamos a falar das pessoas que em abono da verdade e de uma forma mais acalorada quando se trata do nosso clube só pensa e fala em ganhar e resultados.
   Deixe-me dizer-lhes por vezes eu também ajo assim quando vou ver o "meu" Sporting de Lisboa e depois chego a um bar qualquer e com os meus amigos discutimos as peripécias que o jogo envolveu, e sabe por vezes dou comigo muitas vezes a pensar "eu também sou treinador e a minha visão não é obviamente esta". Então com calma e num ambiente de reflexão vem ao de cima o José Carlos treinador e esse é extrovertido, irreverente, mas metódico e que tem linhas mestras de acção que assentam, sobretudo nesta trilogia "Respeito/Qualidade/Trabalho".
   E quanto aos resultados nem pensar neles, mas vamos desenvolver e falar um bocadinho sobre isto para me compreender.
   Não aceitar tarefas que não sou capaz de concretizar ou das quais não posso dar garantias.
   Eis como o que acima escrevo se poderia tornar uma regra básica e será???
   Quando se chega a um clube a sempre por parte de quem contrata ou quem é contratado muitas vezes falsas juras de realidade, para mim esse não é trunfo que um treinador tem de usar. A boa execução do meu trabalho e dos meus colaboradores, não é sinônimo de ser campeão ou ganhar um jogo, nem a taça ou torneio. Na minha opinião a palavra êxito tem a ver com o mundo actual que se vive hoje no futebol e não só, com algo completamente diferente, ou seja, progresso do meu clube - "ou será empresa".
   Isto que fique claro, não ter a obrigação de ganhar, não quer dizer que não se faça tudo para que tal não aconteça, ou seja, obrigação de fazer tudo para alcançar a vitória.
   Sou polêmico e, muitas vezes, incompreendido, mas a minha filosofia assenta em três princípios fundamentais, bons futebolistas, boas estratégias e os detalhes. Por isso, quando falo de jogadores, falo de Dinâmica, Coragem, Motivação.    Quando digo estratégias falo de ser capaz de organizar e de gerir um plantel para obter vitórias e êxitos.
   Quando falo de detalhes refiro-me a ter a capacidade de discernir os pequenos pormenores que fazem a diferença.
   Sou, por isso, um apaixonado a distância. Sou apaixonado pelo treino, pelo jogo, pelos meus jogadores. Adoro as minhas equipas, tento e, muitas vezes consigo que os meus jogadores percebam isso, mas também não deixo que eles se aproximem muito de mim.
   Para mim, um treinador não deve dar prioridade ao resultado, mas sim ao seu trabalho, chamem-me parvo ou idiota, mas eu respondo-lhes que por meio do meu trabalho tenho muito mais chances de alcançar o resultado e não o contrário.
   Um exemplo, se o Presidente me diz: "- José Carlos quero ganhar o campeonato!". Eu ouço, compreendo e sei que tem sede de ganhar, mas como foi falado anteriormente, as realidades financeiras hoje são demasiadamente pobres por isso respondo-lhe: "- Então contrate este ou aquele jogador". Então, o Presidente que se calhar não tem dinheiro, reflecte e vê que esta a pedir o topo. E eu (porque também é a minha função) faço-o ver que me deve pedir antes a base, isto por meio da palavra e dos actos.
   Por isso ganhar o campeonato e alcançar o topo - é o menos importante -, a base de tudo é o trabalho; esta é a garantia de resolução dos nossos problemas.
   Como treinador procuro valorizar-me por meio do trabalho e, transmito aos meus jogadores que o que me interessa e como eles devem conseguir uma boa execução das suas tarefas. Eu procuro sempre a solução, e não a explicação.
   Para isto aposto na qualidade que acentua em cada aspecto pessoal e na força de um colectivo, ou seja, utilizar capacidades individuais ao dispor de uma equipa, estou a transmitir confiança e feedback positivos para o grupo e assim se eu quero ganhar, acentuo as qualidades positivas e não as negativas.
   Como treinador a minha missão é transmitir aos jogadores e, sobretudo aos mais jovens que eu sei que com trabalho posso evoluir, mas eles saberão? Por isso passo tempo a explicar-lhes, porque se não o fizer como posso eu exigir.
   Outro ponto fundamental, as regras, estas tem de ser claras, eles precisam perceber que é preciso respeitar o homem e o treinador. E a regra é simples, dentro de alguma flexibilidade, digo o que é obrigatório e que não tem perdão para quem não cumprir.
   Falei-lhe do "distanciamento" que tento manter dos jogadores, outra regra básica. Nos dias que ocorrerem um relacionamento entre jogador e treinador isto é meramente profissional. O trabalho por si já nos une. Repare qual é o objectivo. O progresso dos jogadores, sendo também fundamental que o clube por meio do nosso trabalho progrida; por isso quando tem problemas ao nível do jogo eu ouço-os e escuto propostas, mas quem toma as decisões sou eu.    Manter a distância é fundamental, tem de saber que a última decisão é minha, para no fundo perceberem quem é o Treinador. Como tal, tiro partido de tudo o que me rodeia. Procuro identificar os líderes da equipa que muitas vezes se manifestam por si mesmo.
   Observo o seu caracter e, procuro conhecer cada um deles profundamente para depois executar quando preciso a passagem da mensagem para dentro do grupo. Tudo gira no futebol e este hoje se tornou muito difícil. Os jogadores mudaram muito ganham somas astronômicas, ganham muito mais que nós e isso alterou o panorama eles pensam-se autônomos e muitos deles tem pouquíssima cultura de base e acadêmica simplesmente tem dois belos pés ou mãos, rodearam-se de "abutres".
   Por isto ou por aquilo ser treinador esta difícil, os jogadores são ricos, mediatizados, estão inseridos num clima de pressão e inveja. O que fazer? Desistir? Nem pensar, falta ainda muito. Ir a "luta" e o mote a partir do momento em que não o faço não progrido; isso é o que os abutres querem e os jogadores de uma forma inconsciente colaboram.
   Caros amigos, esse é um testemunho real tantas vezes vivido por mim ou por si ou por qualquer outro colega. Agora perguntamo-nos tantas e tantas vezes e voltamos a isto: o interesse de uma equipa é sempre mais importante que o individual?
   Todos os jogadores devem aceitar este princípio básico, isto é, se quiserem ter um entendimento perfeito com os técnicos.
Importante não é somente a beleza do futebol (essa querem os espectadores) importante não é somente a eficácia (essa querem os directores e Presidente) as duas quer o Treinador.
   Para ganharmos o respeito dos jogadores e sermos líderes temos de dar o exemplo por meio do trabalho. Por meio dele obtenho respeito e progresso, isso se vai reflectir na qualidade do mesmo, essa será a melhor recompensa pelo meu trabalho diário, só depois posso pensar no resultado.
   Sei que tudo isto tem um lado negativo e isso tem um nome - rotina. Mas quero ser criativo e eliminar isso do meu horizonte, até mesmo o que ele pode trazer, ou seja, a nossa destruição enquanto indivíduos e, por conseqüência, como treinadores. Entrar em alerta máximo, a que ser e manter a imaginação activa e viva.
   Este, caríssimos amigos, sou eu. Tenho como vêem a minha metodologia assentada no trabalho, mas também no estudo e curiosidade sobre o fenômeno. Tenho muitas vezes para mim que sou um inútil, mas depois vindo sei lá de onde vem aquela força (Será a voz? A família?). Obriga-me e torna-me um bom trabalhador.
   Sou este que como qualquer um tem família, tem desejos, tem umas horas para estar num bar, tem... enfim uma vida além do futebol.
   Não sou letrado, nem sequer tenho qualquer grau acadêmico, tenho vontade e perseverança e isso me deu a vida uma enorme capacidade analítica despertado pela curiosidade do que é o jogo.
Utilizo esta capacidade que a vida me deu e aprendendo com gente como o caríssimo professor Fabio Cunha.
   No treino ou trabalho utilizo o método analítico para abordagens dos problemas, diagnósticos, soluções disponíveis e planos de acção.
   Imagino muitas vezes... ahhh... se tivesse um curso acadêmico!!! Uma coisa de certeza, melhoraria a minha qualidade na reflexão e como identificar melhor a gravidade dos problemas.
   Quero também deixar algumas palavras a quem ministra cursos de capacitação. Formar e ser instruído tem grande importância. É muito importante e Oxalá os dirigentes os compreendessem. Eu por mim não duvido, para isso é preciso trabalho e trabalhar.
Critico aqueles que por terem 15, 20, ou simplesmente um ano de qualquer curso ou cargo que pensam por o ter, em    determinadas alturas estão relutantes com a sua mentalidade e não vêem o caminho.
   Mudar, mesmo que pouco, já é um sinal. Portanto, está é a base.
   Os formadores e licenciados têm de ter tempo, paciência e muita disponibilidade, aos dirigentes e adeptos e, também compreensão e tolerância para o processo de desenvolvimento que acentua na formação e na base dos clubes.
   Quem quer hoje ser competitivo tem de apostar numa formação séria e muito bem estruturada.
   Aqueles que dirigem ou simplesmente aqueles que lerem este documento e que de alguma forma imediata estejam expostos mesmo que a um nível regional deixo um apelo: Não se deixem influenciar por aqueles que negativamente influenciam opiniões e que não compreendem a capacidade de entendimento do jogo.
   Para conclusão e no mundo actual, o trabalho de um todo se tornou fundamental para um grupo, equipa de futebol, família etc.
   Nós, os treinadores, já há muito que entendemos ser este "jogo viciado" e aceitamos (os que aceitam) viver na "corda bamba" de forma permanente, isto é, uns dias são bestiais e no outro podem passar a bestas. A facilidade com que somos despedidos (sobretudo no Brasil) é a mesma com que somos admitidos. Na maioria dos casos o sucesso do treinador vai depender mais da sorte ou do azar, da bola que bate na trave e não entra na baliza, do que da qualidade do seu trabalho, e aqui que entro com esta minha filosofia barata apostador e sonhador do trabalho e da formação, mas a quem só agora e pelo caríssimo professor foi dada oportunidade de me expressar desta forma.
   Como diz um comentarista (Paulo Jorge Pereira) do Burgo (Portugal) e da qual eu partilho a opinião: "- Ao jogador pode suceder o técnico, o dirigente, o administrador, o empresário, o comentarista etc.".
   Eu sou José Carlos, a quem um Homem chamado Fabio Cunha deu oportunidade de se valorizar por meio da leitura, do estudo e do conhecimento do futebol com mais esta ação de formação. Eu sou como tanto outros de percurso singular e que já fez um pouco de tudo e muito de nada... Este é o treinador José Carlos Rodrigues dos Santos.

José Carlos
Alverca - Portugal

 

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