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Qui, 15/1/09 17:21

GINÁSTICA LABORAL

Mochila = Dor nas costas

   A dor nas costas é responsável por 88% das queixas dos pacientes.
Shruti era apenas mais uma aluna de 6° grau em Houston, Texas, Estados Unidos. Quando começou a sofrer de dor nas costas, ela achou que a culpada era a mochila que carregava. Confirmou que mais de 50% de seus colegas também sofriam por carregar mochilas, instrumentos musicais, etc. Ela transformou sua pesquisa num projeto para a Feira de Ciências, e ampliando-o chegou a levá-lo a nível internacional. Apresentou os resultados em congressos profissionais e em publicações, iniciando uma campanha de saúde pública. Tudo isso em menos de 5 anos.

Ativista de Saúde Pública
   A campanha de Shruti, em plena atividade, movimentou não só os estudantes, mas as escolas, os fabricantes de textos escolares, os criadores de políticas ambientais, os médicos e naturalmente, os pais.
   Shruti recomenda que os estudantes não carreguem mais do que 10% de seu próprio peso nas costas e que o façam adequadamente. A maneira correta inclui usar as duas correias, nunca só uma correia sobre um ombro, e distribuindo o peso dentro da mochila de forma que os itens mais pesados estejam no fundo e próximos ao corpo. Ela sugere que deve se usar um carrinho com rodas em lugar da mochila. Também avisa que, se possível, deve-se ter um segundo conjunto de livros de texto, um segundo instrumento musical e um segundo equipo de ginástica na escola para evitar o transporte. De fato ela preferiria usar um carrinho mas não pode porque não cabe nos armários da escola.
   De acordo com Shruti, os pediatras deveriam alertar a todos seus pacientes, não somente aqueles com dor nas costas, sobre os riscos de carregar mochilas pesadas. Os problemas de dor nas costas começam com crianças pequenas e tanto as crianças como os problemas continuam crescendo. Um estudo na Finlândia de 1000 garotos e garotas indica que na idade de 7 anos, 1% já têm problemas nas costas e com 10 anos já sobe para 6%.
   Shruti sugeriu idéias para os fabricantes de textos escolares mudando os livros para papel mais leve, evitando as capas duras, ou melhor ainda, mudar o formato dos textos para o de pastas de 3 anéis, de forma que os estudantes só precisem levar para aula aquelas páginas que interessam, ou até colocar os livros online na Internet ou em CD-ROMs.
   Como um meio de descobrir qual seria o peso ideal a ser carregado por cada estudante, Shruti projetou um “Plano de Seleção Preventivo” para as escolas similar aos usados para visão, audição e escoliose. A máxima carga confortável para cada estudante, seria determinada anualmente com uma série de mochilas pré-carregadas começando com 1 kg., com acréscimos de 0,5 kg. A primeira mochila que machuca determinada pela escala de dor de Borg terminaria o teste. A mochila a carregar seria esse valor menos 0,5 kg. A escala de Borg pede para classificar a dor como muito fraca, moderada e máxima absoluta e também quantificar a dor numa escala de 1 a 10. Sruti nota que a escala é só semi-quantitativa, porque a dor é subjetiva e difícil de medir. “Minha dor é diferente de tua dor” ela diz “e diferente de dor de outro”.
   As escolas, sugere Shruti, poderiam ajudar aos estudantes a carregar menos livros por dia, fazendo aulas mais longas de menos matérias cada dia. Algumas escolas até poderiam decidir que em lugar dos estudantes mudar de sala, que sejamos os professores que mudem de sala para sala, evitando aos estudantes o transporte dos livros dentro da escola.
   Shruti tem enviado suas recomendações aos editores dos jornais locais, e até o New York Times e o Washington Post, aos chefes de enfermagem e de associações médicas pedindo de espalhar as medidas. Ela tem escrito para quem determina as políticas de saúde pública informando sobre suas pesquisas e pedindo que elas sejam transmitidas por radio, advertindo sobre o risco das mochilas, providenciando às escolas com recursos para salvar as costas de seus alunos e legislando para evitar que a epidemia cresça. Ela tem enviado cartas até os níveis federais e ao Cirurgião Geral dos Estados Unidos, ao Secretário do Departamento de Saúde, ao Presidente Clinton e a parlamentares. “Espero que este problema seja conhecido no mundo inteiro”, ela disse, e escreveu também às Nações Unidas.

Shruti como Pesquisadora Global
   Ela começou recrutando colegas na sua escola e depois na Índia onde ela viajou para estudar violino Carnático e estudo da voz. Ali também trabalhou nas escolas, onde recebeu muito apoio, e os indianos foram muito hospitaleiros com ela.
   Nos últimos dois anos ela publicou artigos em Ergonomics, NackTalk, e o Journal of School Health. E já ganhou prêmios em Feiras de Ciências e tem feito palestras na Associação Estatística Americana, na Associação Ergonômica Internacional e na Associação de Fatores Humanos e Engenharia.
   Os mentores de Shruti vivem na sua própria casa, sua mãe é médica e seu pai é engenheiro. Mas a idéia é dela. “A idéia apareceu porque era meu problema pessoal” ela diz. Seus pais a ajudam a formular as hipóteses, encontrar caminhos para seus estudos analíticos e a preparar suas palestras para uma variedade de audiências.
   As sofisticadas atividades de Shruti em saúde pública se espelham nas suas igualmente polidas atividades na escola e nas artes. Ela toca violino Carnático Indiano e violino clássico Ocidental, toca para pacientes no hospital local e na Orquestra Sinfônica da Juventude de Houston. Também pinta em pastel. Ainda como todas as garotas de sua idade, ela adora sair com seus amigos, ir ao cinema e sair de camping.

Pioneira de vista aguçada
   Shruti tem se dedicado ao tema da dor nas costas que se estima custa $50 bilhões de dólares por ano em tratamentos, compensações e perda de produtividade afetando 6 milhões de pessoas só nos Estados Unidos. Algumas lesões produzidas por mochilas escolares se alastram a vida toda, deixando a pessoa vulnerável a novos problemas gerados por problemas mecânicos, postura errada, sapatos de salto alto, hábito errado de erguer objetos do chão, outras doenças e acidentes.
   A literatura médica recomenda aos médicos que tratam de crianças com dor nas costas, procurar primeiro por tumores e infecções, depois por problemas emocionais e finalmente por lesões esportivas como fonte da dor. Poucos artigos mencionam as mochilas. Mas as observações de Shruti sugerem que os médicos deveriam seguir as importantes observações de uma criança e colocar no topo da lista das possíveis origens das dores nas costas às mochilas. Quando perguntada se ela pensa que pode “mudar o mundo” com suas atividades e seus esforços para conscientizar às pessoas ela responde sinceramente: “Assim o espero”.

O estudo atual de Shruti
   Ela está fazendo um estudo sobre dor nas costas em crianças com escoliose e procura alunos de 4° a 12° graus para participar deste estudo. Shruti gostaria de entrar em contato com estudantes e médicos a través de seu E-mail. E-mail (shrie@msn.com).

Referências Bibliográficas
1. Taimela S, Kujala UM, Salminen JJ, Viljanen T. A prevalencia da dor lombar entre crianças e adolescentes. Uma pesquisa nacional em Finlândia, baseada num questionário (cohort-based) Spine. 1997;22:1132-1136. [Fulltext Link] [Medline Link]
2. Knapik JJ, Ang P, Meiselman H, et al. Desempenho do soldado em marcha forçada em estrada. Influência da carga e da sua distribuição Mil Med. 1997;162:62-67.
[Medline Link]
3. Negrini S, Carabalona R, Sibilla P. A mochila como uma carga diária para as crianças na escola.
Lancet. 1999;354:1974. [Medline Link]

Sugestão de:
Profª Ms. Érica Verderi - FEFISO/ACM
verderi@cy.com.br
Fonte: Oscar Goldszmidt - email: imperial@alginet.com.br
Retirado da Bireme, resumido e traduzido do American Journal of Public Health
Copyright (C) 2001 by the American Public Health Association, Inc.
Volume 91(1) January 2001 pp 16-19

 

 

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