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Seg, 19/11/12 22:39

INTENSIDADE E DURAÇÃO DO EXERCÍCIO PARA GRÁVIDAS

*Autoria:Prof. Consultor CDOF Rafael Tadeu Braga Martins
Data de Publicação: 19/11/2012

   A intensidade é o componente mais difícil na hora de prescrever um programa de exercício para grávidas. Em mulheres não grávidas se recomenda o exercício de intensidade moderada com benefícios para a saúde, 3-4 METS, que equivale a caminhar rápido. Este exercício também é recomendado para mulheres grávidas sem complicações. Para manter-se em forma, o exercício deveria ser a 60-90% da FC máxima ou a 50-85% da captação máxima de oxigênio. Para gestantes, seria conveniente uma intensidade entre os níveis: 60-70% da FC máxima e 50-60% da máxima captação de oxigênio, levando em conta que o mínimo desses níveis destina-se a gestantes que não tenham realizado atividade física previamente (Pate e cols. 1995). Uma metanálise informou que a 81% da FC máxima não foram observados efeitos negativos (ACSM, 2000), mas a frequência cardíaca, apesar de ser o parâmetro mais fácil de controlar, é um guia, devido à sua variabilidade. Artal e Wiswell (1986) resumem as respostas cardiovasculares ao exercício durante a gestação da seguinte forma: há um ligeiro aumento do gasto cardíaco durante o exercício de leve a moderado, passando de frequências cardíacas de 70 lat·min-1 em repouso a 190 lat·min-1 com exercício em mulheres não grávidas e de 85 lat·min-1 em repouso a 170 lat·min-1 com exercício em grávidas.

Durante a gestação, existe um aumento da frequência cardíaca que, segundo Donat (2001), está em torno de 10 ou 15 batimentos por minuto, e que contribui para aumentar o gasto cardíaco no início da gravidez e se mantém elevado durante toda a gestação.


   Este aumento da frequência cardíaca costuma ocorrer entre as semanas 14 e 20 (Lowdermilk, 1998). Nas gestações gemelares, a frequência cardíaca materna pode aumentar mais de 40% acima da taxa habitual da mulher não grávida (50-100 lat·min-1 em uma mulher não gestante) (Fuschino, 1992). Para Stephenson e O'Connor (2003), a frequência aumenta em 20 lat·min-1 ao longo dos 3 trimestres, descendo a níveis pré-gestacionais no pós-parto. O gasto cardíaco aumenta de 30 a 50% sobre os valores prévios à gestação por volta das trinta e duas semanas, e vai até um aumento de 20% por volta das 40 semanas. Em mulheres jovens e saudáveis em repouso, o gasto cardíaco médio alcança os 4,9 L·min-1 (Gayton e cols 2001). Esta elevação do gasto cardíaco é, em grande parte, o resultado de um aumento do volume sistólico que se apresenta em resposta ao aumento das demandas tissulares de oxigênio (taxa não gestacional, 5 a 5,5 L·min-1; taxa na gestação, 6,7 L·min-1) (Ladewing e cols. 2006).

Em condições normais, a pressão arterial não sofre mudanças significativas, podendo aparecer uma diminuição da pressão diastólica (5-10 mmHg) que se atribui à diminuição das resistências periféricas gerada pelo relaxamento e pela hipotonia do leito venoso.

   Os níveis mais baixos da pressão arterial são produzidos no segundo trimestre, e os mais altos no último (Donat, 2001; Ladewing e cols. 2006). Para Stephenson e O'Connor (2003), as mudanças de pressão arterial são pequenas, diminuindo ligeiramente até a semana 22 para aumentar posteriormente. É preciso levar em consideração que a pressão arterial varia com a idade, o nível de atividade e a presença de problemas de saúde. A pressão arterial média normal na mulher não grávida é de 86,4 ± 7,5 mmHg. Na mulher grávida, a pressão arterial média pode chegar a ser de 90,3 ± 5,8 mmHg (Ladewing e cols. 2006).

   Del Castillo (2002) afirma que a intensidade de trabalho deve ser moderada, entre 120 e 140 lat·min-1. Stephenson e O'Connor (2003) dizem que, durante o exercício não supervisionado em gestantes, não se deve superar as 140 lat·min-1 (entre 60% e 70% de VO2max).

   A Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) é outro parâmetro útil durante a gravidez como alternativa para monitorar o nível de intensidade do exercício (Pivarnik, 1994). Trabalhos como o de Margie (2009) concluem que a capacidade para o exercício é afetada também por fatores psíquicos, como a percepção de esforço. Dessa forma, como alternativa, encontrou-se a avaliação da PSE (Pivarnik, 1994), em que os valores recomendados para uma atividade moderada são de 12 a 14 segundo a escala da PSE. Os benefícios que tem o emprego da escala de Borg é que as próprias participantes reduzem voluntariamente a intensidade no transcurso da gravidez (McMurray e cols. 1993). Como é lógico, a própria mulher gestante é consciente de que não pode manter os mesmos níveis de esforço que antes da gravidez (Del Castillo, 2002).

   Em estudos longitudinais sobre a prática de exercício durante a gravidez, afirma-se que a prática em 60% de VO2max e em imersão se situa em uma atividade segura, com efeitos favoráveis sobre o edema, a regulação térmica e a flutuabilidade, minimizando assim o risco de lesões conjuntas (Katz e cols. 1988; Lynch e cols. 2007). Além disso, não existem efeitos adversos sobre o feto pelo fato de realizar-se a prática esportiva em imersão (Baciuk e cols. 2008; Waller e cols. 2009). Pomerance e seu grupo (1974) e Gavard (2008) afirmam que a forma física tem significativa associação com a duração do parto nas multíparas. Baseando-se no volume de oxigênio máximo, as multíparas em boa forma física tenderiam a ter partos mais curtos.

   Para que o programa tenha efeitos apreciáveis nas alunas, é necessário que alcance um nível de exigência mínimo que estimule o organismo da mulher de forma que se adapte. Por outro lado, durante a gestação, não é conveniente chegar a níveis de esforço máximos que possam chegar ao limite da capacidade de resposta materna, colocando em risco o crescimento do feto. Estes condicionantes aconselham que os níveis de esforço sejam moderados e frequentes, isto é, seria correto pequenas práticas diárias a um grande esforço semanal (Del Castillo, 2002).

   Existe uma relação recíproca entre intensidade do exercício e duração. Em alguns estudos, nos quais o exercício foi livre, em um ambiente controlado, a temperatura central se eleva menos de 1,5Cº em 30 minutos e fica dentro destes limites de segurança (Soultanakis e cols. 1996). Não é possível estabelecer limites quanto à duração do exercício devido à relação existente entre duração e intensidade. Quando se especifica, depois de revisar alguns estudos, a atividade física, em curtos períodos de tempo (de 15 minutos) e várias sessões, pode evitar problemas relacionados com a termorregulação e o balanço de energia. O ACSM recomenda, em mulheres não grávidas, que o exercício para aumentar ou manter a forma física não exceda o máximo de 60 minutos por sessão, enquanto recomenda 30 minutos diários de exercício, na maioria ou em todos os dias da semana. As mesmas recomendações são feitas no caso de mulheres grávidas sem complicações (ACSM 2000). Em um grupo de grávidas, com um programa de atividade física fiscalizada, de 80 sessões, 3 vezes por semana, e 35 minutos de duração, confirmou-se que o exercício fiscalizado em mulheres sedentárias não afeta a idade gestacional (Barakat e cols. 2008).

   Com um programa de natação de 10 semanas, três vezes por semana, com frequências cardíacas entre 135 e 140 lat·min-1, demonstrou-se a eficácia da natação para compensar uma potencial diminuição da forma física durante a gravidez e um aumento do bem-estar materno (Snyder e Pendergraph, 2004). Um estudo examinou a frequência de exercício físico que realizavam 1.442 mulheres antes da gravidez, durante o segundo trimestre, e aos 6 meses do parto. A média de idade era de 32,5 anos e 34% das mulheres sofriam de sobrepeso. O estudo concluiu que a atividade física durante a gravidez diminui, mantendo-se esta diminuição até 6 meses depois do parto (Mark e cols. 2007).

   Considera-se exercício prolongado aquele exercício contínuo cuja duração é superior a 45 minutos. Há dois temas que se devem considerar ao avaliar os efeitos do exercício prolongado na mulher grávida e que são de vital importância. Um é a termorregulação (com a consequente importância de manter a hidratação adequada); outro é o balanço de energia (levando em conta que o consumo de energia que ocorra seja equivalente ao aporte energético na dieta) (Del Castillo, 2002).

  Este é um tema muito amplo e requer mais publicações sobre o mesmo. Aguardem novas publicações.

fonte original: http://rafaeltraining.blogspot.com.br/2012/11/atividade-fisica-na-gravidez.html

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