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Seg, 19/11/12 22:40

ATIVIDADE FÍSICA NA GRAVIDEZ

*Autoria:Prof. Consultor CDOF Rafael Tadeu Braga Martins
Data de Publicação: 19/11/2012

   Os tipos de exercício recomendados para grávidas mudaram muito desde os anos trinta, quando os médicos da Grã-Bretanha simplesmente incentivavam à "atividade" as futuras mães, fundamentados na observação de que as mulheres da classe operária tinham partos mais fáceis (Stephenson e O'Connor, 2003). Entretanto, a maioria dos relatórios sobre a participação ativa em atividades físicas durante a gravidez é de natureza anedótica (Domínguez e Acne, 2007), devido ao fato de que existem muitas normas legais e éticas que limitam o alcance da pesquisa. Em geral, existe uma ampla gama de atividades esportivas que parece ser prática segura (Snynder, 2004). A segurança de cada um dos esportes será determinada, em grande medida, pelos movimentos que exige o esporte. Atividades com um alto risco de trauma abdominal devem ser consideradas inapropriadas (Artal, 1999). A participação em atividades esportivas recreativas com um alto potencial de contato, como o hóquei sobre o gelo, futebol e basquete podem dar lugar a graves traumas tanto para a mãe quanto para o feto (Madsen e cols. 2007). Do mesmo modo, as atividades esportivas com um maior risco de quedas, tais como ginástica, equitação, esqui, esportes de raquete possuem um inerente alto risco de trauma tanto para as grávidas como para as não grávidas (Penney, 2008). O mergulho deve ser evitado durante a gravidez, já que aumenta o risco de o feto de sofrer um problema de descompressão secundária pela incapacidade da circulação pulmonar fetal filtrar a formação de bolhas (Camporesi, 1996). Quanto ao esforço em altitude, os relatórios são favoráveis para as atividades realizadas a menos de 2500m (6000 pés). Em um estudo realizado a 2500m, concluiu-se que as grávidas podem participar dos períodos de exercício e/ou tarefas físicas moderadas, mas estão limitados os exercícios e/ou atividades físicas de alta intensidade.

   Dentro de todas as atividades físicas possíveis, o meio aquático constitui uma alternativa, já que, por suas particulares características, se converte em um elemento ideal para uma atividade segura e saudável durante a gravidez (Del castillo, 2002). A gravidez não deveria ser um estado de confinamento e inatividade física e as grávidas com gestações não complicadas deveriam ser incentivadas a seguir ou começar a prática de atividade física (Aittosalo e cols. 2008; Schlussel e cols. 2008).


As grávidas praticantes de atividades físicas podem permanecer ativas durante a gravidez, modificando suas rotinas de exercício habitual. Todas as mulheres ativas e grávidas devem ser examinadas periodicamente para avaliar os efeitos de seus programas de exercício no desenvolvimento do feto, de modo que se possam realizar ajustes se for necessário. As grávidas com complicações obstetrícias ou médicas devem ser avaliadas cuidadosamente antes da recomendação para praticar exercício. Apesar de a gravidez associar-se com profundas mudanças anatômicas e fisiológicas, o exercício apresenta riscos mínimos e grandes benefícios para a maioria das mulheres (Gavard e cols. 2008).

O exercício físico tem de ter um protocolo de prescrição, seja para obter benefícios à saúde, para ocupar o tempo livre ou para competir. Devem-se considerar o tipo, a intensidade, a duração do exercício e a frequência das sessões, estabelecendo um equilíbrio entre os efeitos positivos e negativos do mesmo. Merece especial atenção a possibilidade de ir progredindo em intensidade durante o tempo (Del Castillo, 2002). Barakat (2008) informa sobre a relação causa-efeito entre o exercício regular realizado durante o 2 e 3 trimestre em mulheres sedentárias (antes da gravidez) e a idade gestacional no momento do parto. Adverte do possível risco de parto prematuro se a prática esportiva não for controlada por um profissional. Está totalmente demonstrado que a prática de exercício físico durante a gravidez pode impedir o aumento excessivo de peso durante este período, assim como reduzir o risco de complicações maternas como o diabetes gestacional. Yen e Kaplan (2007) assinalam que as grávidas que habitam em localidades pobres têm uma menor participação em atividades esportivas. Por outro lado, Ross (2000) afirma que as grávidas que vivem em localidades desfavorecidas têm mais possibilidade de sair para caminhar, apesar de manifestar ter medo de serem vítimas de algum ataque.

As atividades mais recomendadas para o processo de gestação são atividades como caminhar ou bicicleta ergométrica, tarefas que são facilmente quantificáveis. A natação se propõe como uma alternativa muito tolerável e com grandes benefícios para o período de gravidez, como se verá posteriormente. As atividades menos aconselhadas são o mergulho submarino e exercícios em posição supinada (Camporesi, 1996). O risco de lesões é muito difícil de prever. Há atividades que não são recomendadas pelo simples fato de que aumentam o risco de quedas. São recomendados os exercícios que mantenham a forma musculoesquelética, como exercícios de força e flexibilidade. Ainda existem poucos dados sobre o treinamento com força durante a gravidez. Entre eles, destaca-se um estudo em que se prescreveu exercício de força (1 série de 12 repetições), no qual intervêm todos os grupos musculares. Monitorou-se a frequência cardíaca fetal às 28 e às 38 semanas e não se observaram mudanças. Conclui-se que o exercício com baixo peso e muitas repetições é seguro e eficaz durante a gravidez (Hall e Kaufmann, 1987).

Caminhar é aconselhado inclusive em mulheres sedentárias antes da gravidez. Caminhar diariamente 1Km ou mais ajuda na digestão, circulação e mantém o peso nas níveis esperados. A higiene postural e o calçado adequado serão básicos. A dança com movimentos suaves também é aconselhada. A ioga estimulará o relaxamento e ensina a controlar a respiração. Os movimentos suaves, lentos e controlados do pilates também são recomendados (Germain e Sanchez, 2004). Seria prudente aconselhar as mulheres grávidas a não realizar exercícios isométricos de forma muito repetitiva ou qualquer exercício que implique grandes pressões, ainda que não haja dados confiáveis que demonstrem que isso acarretaria um risco (Hall e Kaufmann, 1987).

É preciso levar em conta o aumento da elasticidade dos ligamentos no momento de elaborar um programa de exercícios em mulheres grávidas, principalmente na hora do trabalho de flexibilidade, por causa do aumento da relaxina (Hall e Kaufmann, 1987). Apesar das limitações dos testes atuais, Vecchierini (2007) sugere que os bebês nascem menores quando as mulheres praticam exercício físico de maneira vigorosa durante a gravidez, como resultado da restrição da massa gorda neonatal.

Para muitas mulheres, a percepção dos benefícios da atividade física e a melhora da imagem corporal são suficientes para continuar praticando durante a gravidez. Entretanto, pouco se publicou sobre a aceitação do exercício físico em mulheres grávidas de diferentes origens culturais (Vecchierini, 2007).


Este é um tema muito amplo e requer mais publicações sobre o mesmo. Aguardem novas publicações.

fonte original: http://rafaeltraining.blogspot.com.br/2012/11/atividade-fisica-na-gravidez.html

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