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Sáb, 1/12/12 19:53

CONTRAINDICAÇÕES E INDICAÇÕES DE ATIVIDADE FÍSICA DURANTE A GRAVIDEZ

*Autoria:Prof. Consultor CDOF Rafael Tadeu Braga Martins
Data de Publicação: 01/12/2012

   Todos os aspectos tratados anteriormente, como intensidades excessivas, programas não controlados por um profissional, tipo de exercício, durações que não estejam de acordo com o momento da gravidez, etc., tratados sem controle, serão motivo de prática de atividade física contraindicada. Por sua vez, existem algumas contraindicações mais específicas, que, no caso de existirem, devem ser levadas em conta neste grupo de população.
   

CONTRAINDICAÇÃO ABSOLUTA
CONTRAINDICAÇÃO RELATIVA
Doenças cardíacas
Tromboflebite
Embolia pulmonar recente
Doenças infecciosas agudas
Risco de parto prematuro (colo do útero frágil, gravidez múltipla
Perdas de sangue ou ruptura de membranas
Crescimento fetal retardado ou macrossomia
Isoimunização severa
Falta de atenção pré-natal
Suspeita de sofrimento fetal
Hipertensão essencial
Anemia ou problemas sanguíneos
Doenças da tireoide
Diabetes Melito
Apresentação de nádegas (terceiro trimestre)
Obesidade excessiva
Magreza extrema
Histórico de vida sedentária

   Tabela 1. Contraindicações do exercício durante a gestação. Fonte: Artal (1991).

   A água em sua forma líquida constitui um espaço com características próprias e diferentes das que apresenta o meio terrestre, onde habitualmente se move o ser humano. Comporta-se como um fluido mais denso que o ar, que pode facilitar os movimentos (graças à flutuação) ou dificultá-los (devido à sua maior densidade). O impacto do movimento fora da água, submetido à força da gravidade que age como ancoragem, é diminuído na água, pois se reduz o peso do corpo por efeito da flutuação. Segundo o princípio de Arquimedes, um corpo imerso em um líquido experimenta um impulso para cima igual ao peso do volume de líquido deslocado (Del Castillo, 2002).

   Ao avaliar o exercício no meio aquático, em referência ao terrestre, destaca-se a diferença que marca o peso corporal, já que, por não existir a necessidade de sustentação do corpo no meio aquático, as demandas de oxigênio não aumentem com tanta exigência (Stephenson e O'Connor, 2003). O fator profundidade do espaço aquático em que se move a pessoa é determinante para marcar a diferença entre motricidade aquática ou motricidade terrestre em "mergulho". Uma pessoa que se mova por um espaço em que a água lhe chega à altura dos quadris realiza adaptações na mecânica de seus movimentos (pela resistência que a água oferece ao movimento de suas pernas), mas continua caminhando, tal como faz sobre uma superfície seca. Entretanto, uma pessoa que queira deslocar-se em um espaço aquático sobre o qual não vai encontrar apoios fixos, realmente tem de desenvolver ações motrizes próprias da mecânica aquática para poder chegar ao seu objetivo.

EM TERRA
NA ÁGUA
Posição do corpo Equilíbrio vertical do corpo
Cabeça vertical
Olhar horizontal
Reflexos labirínticos
Reflexos plantares
Força do peso


Equilíbrio do corpo inclinado (podendo ser vertical ou horizontal se for feito de forma dinâmica)
Cabeça horizontal ou vertical
Olhar vertical ou horizontal
Informação labiríntica modificada
Desaparecem os reflexos plantares
Força do peso + força de flutuação
Respiração Respiração inata
Inspiração pelo nariz
Duração de inspiração/ expiração igual
Músculos respiratórios não comprometidos pela propulsão

Respiração aprendida
Inspiração pela boca
Inspiração/expiração breves
Apneia (bloqueio) longa
Músculos da respiração comprometidos pela propulsão

Tabela 2. Diferenças do ambiente e exigências de adaptação que propõem ao ser humano. Fonte: Del Castillo, 2002.

   No nível fisiológico, o principal efeito da imersão é a redistribuição do líquido extravascular no espaço vascular, o que provoca um aumento no volume de sangue (Epstien, 1984; Epstein e cols. 1987). Este efeito se produz muito rapidamente e é proporcional à profundidade de imersão, o que comporta uma diminuição da pressão arterial sistêmica (tanto sistólica quanto diastólica). Estas mudanças vêm acompanhadas por uma diminuição na atividade do hormônio antidiurético, a aldosterona, e de renina plasmática aleatória, enquanto o fator natriurético atrial diminui. Fica demonstrado que a gravidez não está associada a um aumento dos males respiratórios durante o exercício, apesar de existir um aumento substancial e progressivo da ventilação por minuto, mediante adaptações mecânicas do sistema respiratório, para acomodar o aumento de tamanho do útero (Jensen e cols. 2007).

As mudanças no volume de sangue conduzem a mudanças ventilatórias com diminuição tanto da capacidade vital, da capacidade de ventilação e do volume expiratório de reserva (Berry e cols. 1989). A taxa metabólica basal elevada explica o excesso de calor que experimentam muitas mulheres gestantes, e que para algumas chega a ser nocivo. O aumento na atividade metabólica pode originar também fadiga depois de esforços bastante leves, lassidão ou maior necessidade de sono, devido ao aumento do gasto energético (Lowdermilk, 1998). A imersão é ideal para dissipar o aumento de temperatura provocado pelo exercício nas mulheres grávidas (McMurray e cols. 1993). Ainda que as sessões, em geral, sejam iguais para todo o grupo, a quantidade de repetições e a intensidade dos esforços exigidos devem ser individualizados ao máximo (Del Castillo, 2002).

Os exercícios em meio aquático têm movimentos aparentemente iguais, tanto para a musculatura envolvida quanto o grau de esforço, referente ao meio terrestre, aspecto muito avaliado para a mulher grávida. Tampouco se deve esquecer a própria hidrodinâmica, que condiciona as ações do corpo, facilitando ou dificultando a realização de qualquer movimento (Del Castillo, 2002).

Katz e cols (1998) mediram as respostas fetais e maternas aos exercícios de imersão (ergômetro com nível de água até o apêndice xifoide). Com um volume máximo de oxigênio de 60%, às 15, 25 e 35 semanas de gravidez, encontraram, graças à ecografia subaquática, que o feto apresentava movimento das extremidades e movimentos respiratórios fetais. As frequências cardíacas fetais eram normais e não variavam em relação com o repouso. A temperatura materna não se modificava durante o exercício.

A natureza do exercício de imersão elimina os principais problemas de queda do fluxo sanguíneo uterino, o mal-estar físico e a elevação da temperatura corporal central.

   Além disso, com um programa de natação durante 10 semanas, 3 vezes por semana, com frequências cardíacas entre 135 e 140 lat·min-1, demonstrou-se a eficácia da natação para compensar uma potencial diminuição da forma física durante a gravidez e um aumento do bem-estar materno (McAuley e cols. 2005).

   A intervenção no meio aquático pode continuar até o momento do parto nos chamados partos na água. Estes partos, do ponto de vista médico, não são aconselhados, embora a saída da criança seja menos traumática e a posição da mãe semissentada de cócoras seja boa. O inconveniente é que não é o melhor meio para a atenção da criança ou da mãe diante de possíveis problemas (Cluett e Burns, 2009). Uma revisão bibliográfica realizada por Aittasalo (2008), na qual se incluíram ensaios controlados aleatórios, em que os dados obtidos levam à evidência de que a imersão na água durante a primeira fase do parto reduz o uso da epidural (analgesia espinhal). Neste mesmo estudo, demonstrou-se que não existem evidências de aumento de efeitos adversos para o feto nem para a mãe (Cluett e Burns, 2009).


Este é um tema muito amplo e requer mais publicações sobre o mesmo. Aguardem novas publicações.

fonte original: http://rafaeltraining.blogspot.com.br/2012/11/atividade-fisica-na-gravidez.html

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