INTERVALO
DE RECUPERAÇÃO
DURANTE O EXERCÍCIO RESISTIDO: EFEITOS NO GANHO DE FORÇA
Autor:
Consultor CDOF Thiago Dezingrini e Flavio Matias Kimura
Melhores
informações: thiagodd10@gmail.com
Trabalho Final apresentado
na Faculdade de Educação
Física da Universidade de Brasília, como requisito
parcial para obtenção do grau de Especialização
Lato-Sensu em Musculação e Treinamento de Força
- Revisão Bibliográfica
RESUMO
Existe um grande número de variáveis
que podem interferir no treinamento de força, dentre elas o intervalo
entre as séries tem um caráter decisivo, pois tem uma
grande influência nas adaptações do treinamento.
Ainda hoje na literatura são escassos os estudos que investigaram
os diferentes intervalos de recuperação no treinamento
de força. O intervalo de recuperação entre
as séries é o período que se deve dar entre
as séries. O objetivo do trabalho foi realizar uma revisão
de literatura sobre o intervalo de recuperação
para o ganho de força. Foram selecionados artigos que
avaliaram os diferentes intervalos de recuperação
quanto ao ganho de força.
Foram utilizados artigos que avaliaram os intervalos de recuperação
entre séries no treinamento resistido.
Foi observado que devem ser considerados vários ao se
assumir um intervalo de recuperação para o ganho
de força no treinamento resistido.
PALAVRAS-CHAVES: INTERVALO
DE RECUPERAÇÃO, GANHO
DE FORÇA, EXERCÍCIO RESISTIDO.
1) INTRODUÇÃO
São muitas as variáveis que podem interferir na
prescrição de treinamento com exercício
resistido. Entre as variáveis podemos citar a intensidade
da carga, o número de exercícios, o número
de repetições, a ordem dos exercícios, o
numero de séries, a freqüência semanal, o intervalo
entre as séries (American College of Sports Medicine,
2002).
O treinamento de força é eficiente para aumentar
a força, hipertrofia, potência e resistência
muscular, mas dependendo do objetivo e das características
individuais, os padrões de prescrição podem
variar. Muitas variáveis podem ser controladas no treinamento
de força, dentre as quais pode-se destacar o intervalo
de recuperação entre as séries (Kraemer
e Fleck 2006).
Entre as principais variáveis do treinamento de força,
o intervalo de recuperação parece ter importante
influência sobre as adaptações no treinamento
de força e na capacidade de produzir força (SIMÂO
et al, 2006)
O intervalo de recuperação entre as séries
ainda é uma variável que carece de mais estudos,
no sentido da compreensão sobre como ela exerce influência
direta na determinação do estresse do treino e
no total de carga que pode ser manipulada. Em função
dos objetivos a serem alcançados, o intervalo de recuperação é considerado
de grande importância para se elaborar um programa de treinamento
de força (Simão, 2006).
A duração dos intervalos de recuperação
entre as séries é particularmente importante, pois
exerce influência direta na determinação
do estresse do treino e no total da carga que pode ser manipulada
(SIMÂO et al., 2006).
De acordo com Gentil (2006), intervalos reduzidos não
seriam interessantes aos treinos tensionais, pois reduziriam
muito a capacidade de suportar cargas altas e isso levaria a
subaproveitar uma de suas características essenciais,
a magnitude do estresse mecânico, de modo que o intervalo
entre as séries devam ser suficientes para manter o efeito
cumulativo das séries e a utilização de
cargas elevadas. Ainda, Gentil (2006) afirma que o intervalo
de recuperação é um fator extremamente importante
para o sucesso do exercício, pois, por meio dele, podemos
regular os estímulos fisiológicos que desejamos
obter.
Athiainen et al. (2005) verificaram que diferentes intervalos
de recuperação entre as séries (2 vs. 5min)
não exerceram diferenças significativas sobre os
ganhos de força e hipertrofia durante dois protocolos
de treinamento aplicados por seis meses.
O intervalo de recuperação é um fator extremamente
importante para o sucesso do exercício, pois, por meio
dele, podemos regular os estímulos fisiológicos
que desejamos obter. O intervalo de recuperação
entre as séries é o período que se dava
dar entre o fim de uma série e o início de outra
(Gentil, 2006).
A recuperação entre as séries interfere
no estresse gerado pelo treino e na intensidade, podendo interferir
na recuperação de energia ATP-CP, a concentração
de lactato no sangue, interferindo em fatores como a fadiga (Fleck
e Kraemer, 2006).
Ainda segundo Fleck e Kraemer (2006) a manipulação
dos intervalos de recuperação é essencial
para evitar tensão desnecessária e inadequada no
indivíduo durante o treinamento. Além dos objetivos
da prescrição, é provável que aspectos
como os distintos grupos musculares, a ordem dos exercícios,
os graus de aptidão física dos praticantes e os
sistemas de treinamento adotados possam influenciar na definição
desses diferentes intervalos de recuperação entre
as séries e exercícios.
De acordo com MOREIRA JÚNIOR (2006) acredita-se que grandes
diferenças nos períodos de pausa entre as séries
(um, três e cinco minutos) influenciam distintamente as
respostas hormonais, metabólicas e a carga de treinamento.
Porém, algumas informações sobre menores
diferenças entre durações de pausa na carga
de treinamento não foram relatadas na literatura. Pausas
de 90 a 120 segundos foram classificadas e prescritas como um
período moderado de recuperação e comum
para muitos programas de treinamento de força, mas não
foi possível realizar nenhum dos dois treinamentos baseados
nas normativas previstas na literatura, pois verificou-se queda
significativa do rendimento caracterizada pela redução
do número de repetições no decorrer da série.
Segundo o American College of Sports Medicine (2002) três
minutos de intervalo entre as séries seriam ideais em
programas de treinamento que tem como objetivo a força
muscular. Já para hipertrofia e resistência muscular
o intervalo de recuperação recomendado é de
um a dois minutos.
Alguns estudos observaram a influência do intervalo de
recuperação sobre o número de repetições
máximas, demonstrando uma redução significativa
na utilização de intervalos de três minutos
ou menos para duas ou mais séries (KRAEMER, 1997; WILLARDSON
E BURKETT, 2005; 2006; SIMÃO et al., 2006). Porém,
a influência desta variável sobre o número
de repetições máximas em exercícios
monoarticulares foi observada apenas por Simão et al.
(2006).
O objetivo do trabalho foi realizar uma revisão de literatura
sobre o intervalo de recuperação para o ganho de
força.
2) MÉTODOS
A revisão de literatura foi realizada a partir das bases
de dados on-line MEDLine (1980-2009), LILACS – Literatura
Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(1980-2009), SciELO – Scientific Eletronic Library On-line
(1990-2009), das revistas especializadas Medicine & Science
in Sports & Exercise (1990-2009), Fitness & Performance
Journal (1990-2006), Journal of Strength and Conditioning Research
(1990-2009), Revista Brasileira de Medicina do Esporte (1990-2009),
Arquivos em movimento (1990-2009). Os seguintes descritores foram
selecionados no banco terminologia em saúde da Bireme:
treinamento de força, intervalo de recuperação,
intervalo entre as séries. Os descritores em inglês
foram: rest interval, strength, strength recovery, recovery,
resistance training.
3) RESULTADOS
As indicações sobre o intervalo de recuperação
no treinamento de força variam entre os estudos e, as
diferenças entre as pesquisas se devem a alguns fatores
metodológicos tais como: população estudada,
intensidade dos exercícios, estado de treinamento dos
indivíduos, volume de treinamento. Vários fatores
devem ser considerados ao se indicar um intervalo de recuperação
para o ganho de força.
4)
DISCUSSÃO
As informações dos estudos relatados até o
momento não convergem em um resultado comum o que dificulta
a identificação do intervalo de recuperação
para o ganho de força.
De acordo com o posicionamento do American College of Sports
Medicine (2002) no treinamento de força realizado por
praticantes intermediários e avançados, a recomendação é que
devem ser utilizados intervalos de 2 a 3 minutos para exercícios
multi-articulares que envolvam massas musculares grandes. Já em
exercícios mono-articulares, com menos massa muscular
envolvida, recomenda-se um intervalo com um período mais
curto, variando entre 1 e 2 minutos. Essas faixas de intervalo
de recuperação parecem ser suficientes para provocar
adequada recuperação entre as séries.
Os estudos mostram que existe maior ganho de força quando
se dá um intervalo de recuperação mais longo
quando comparado a intervalos curtos. É importante ressaltar
que o intervalo de recuperação pode variar de acordo
com a complexidade dos exercícios.
5)
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Foi possível verificar que não há consenso
quanto ao melhor intervalo de recuperação a ser
adotado para ganhos de força, e a presente revisão
atenta para a necessidade de mais estudos voltados para a compreensão
e determinação do intervalo de recuperação.
Ressalta-se cautela ao aplicar um determinado intervalo de repouso
para o ganho de força muscular, pois o intervalo de recuperação é uma
variável determinante para a obtenção de
resultados esperados ao treinamento resistido. Entretanto, na
literatura científica sobre o intervalo de recuperação
ainda é escassa o que implica em cautela ao se aplicar
um determinado repouso para o ganho de força muscular
e outras adaptações geradas ao treinamento resistido.
6) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMERICAN COLLEGE OF SPORTS
MEDICINE. Position Stand: progression Models in Resistance
Training for Healthy Adults. Medicine & Science
in Sports & Exercise, 34: 364-380. 2002.
FLECK, Steven J., KRAEMER,
William J.. Fundamentos do treinamento de força muscular. 3ª ed.
Porto Alegre, RS: Artmed, 2006. 376p.
GENTIL, Paulo. Bases científicas do treinamento de hipertrofia.
2ª ed. Rio de Janeiro, RJ: Sprint, 2006.192p.
KRAEMER, W. J. A series of studies-the physiological basis for
strength training in American football: fact over philosophy.
Journal of Strength and Conditioning Research, v. 11, p. 131-142.
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MOREIRA JÚNIOR, L. A.; LIMA, F. V.; CHAGAS, M. H.; CORRADI,
E. F. F.; SILVA, G. F. da; SOUZA, B. B. de. Análise de
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entre séries baseadas em normativas previstas para a hipertrofia
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NOVAES, J. da S.; SALLES,
B. F. de; RIBEIRO, F. M.; SILVA, João
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n.1, Julho\\Dezembro, 2006.
SIMÃO, R.; AGUIAR, R. S.; MIRANDA, H.; MAIOR, A. S. Da
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entre séries nos exercícios resistidos. Rio de
Janeiro: Fitness & Performance Journal, v. 5, n. 3, p. 134-138.
2006
SIMÃO, R.; MONTEIRO,
W.; JACOMETO, A.; TESSEROLI, C.; TEIXEIRA, G.
A influência de três diferentes intervalos de recuperação
entre séries com cargas para 10 repetições
máximas.
R. bras. Ci e Mov. 2006; 14(3): 37-44.