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Ter, 25/5/10 9:47

REFLEXÕES SOBRE A INSERÇÃO DO TÊNIS COMO CONTEÚDO CURRICULAR DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

* Silvio Pinheiro De Souza
** Joaquim Martins Junior

RESUMO

Diante da diversidade de conteúdos propostos para a educação física escolar suscita discussões e reflexões para o desenvolvimento das aulas. É notável que estas aulas, permitem aos alunos, vivências de diferentes práticas corporais que neste caso apresentamos a inserção do tênis como conteúdo curricular desta disciplina. Sendo o tênis uma modalidade que ainda não tem presença entre os conteúdos da educação física escolar, este trabalho com caráter bibliográfico objetivou realizar uma reflexão sobre uma proposta de aplicação do tênis na educação física escolar. Enfocam, também, as propostas existentes de aplicação do tênis na escola, as atividades possíveis para as aulas, exibindo as instalações, equipamentos e materiais utilizados para a prática desta modalidade. Apresenta ainda a opinião dos professores e de alguns alunos sobre a inclusão do esporte tênis na escola. A revisão efetuada, que visava refletir sobre uma proposta de aplicação do tênis na educação física escolar, permitiu concluir que, a partir da favorabilidade por parte dos professores e diante da possibilidade de adaptações das instalações, equipamentos e materiais, é perfeitamente possível incluir o tenis entre tantas atividades ministradas nas aulas de educação física escolar.

1. INTRODUÇÃO

A importância que o esporte trás a sociedade pode ser demonstrado de diversas formas, além dos reflexos significativos principalmente na educação e saúde da população, podendo contribuir para a superação de problemas sociais apresentados pelo país. Além disso, o esporte é uma atividade que vem ganhando relevância econômica, haja vista o volume de recursos aplicados e o número crescente de empresas envolvidas.

A partir da década de 80, o movimento esporte para todos (PEREIRA DA COSTA, 1981, apud MARTINS JUNIOR, 2004), suscitou uma série de discussões e de reflexões entre os professores de educação física acerca da necessidade de proporcionar na escola conteúdos ecléticos e diferentes, afim de melhor motivar os alunos para a prática esportiva desenvolvida de forma regular e continuada.

Dentro das escolas, nas aulas de educação física ou de qualquer modalidade, pode se evidenciar a presença do jogo no cotidiano das crianças, jogo enquanto disputa e rivalidade, nas corridas para chegar primeiro a fila, nas figurinhas deixadas pelo chão, no papelzinho jogado com tubos de caneta imitando a famosa zarabatana, ou até mesmo na execução das tarefas e notas nas provas. Diante disto, nota-se que a presença do jogo se torna indispensável no dia-a-dia da criança. Seria então possível utilizar-se do esporte tênis para potencializar esta “disputa”?

As Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná - DCE (PARANÁ, 2008), destacam a utilização de diversos esportes e alternativas para novos conteúdos na prática pedagógica dos professores, porém ressaltam que ao mudar os conteúdos podem gerar uma sensação de desconforto, uma vez que nos deparamos com o novo, com o não experimentado, com aquilo que não é esquemático, articulando o novo do velho, o tradicional do inovador, sem ferir as práticas e experiências de todos os envolvidos no processo de formação.

Tal fato ocorre porque,

Quando uma proposta esportiva é inserida em determinada escola, não se deve prescindir da referência a aspectos da cultura escolar de sua inserção. O tênis está inserido na busca de uma adequação que o popularize como um jogo e que dê preponderância aos benefícios sociais do lazer, ampliando assim a perspectiva da inclusão social na cultura escolar (DIAS e RODRIGUES, 2009 p. 62).

Por esta razão, para incluir qualquer nova modalidade esportiva no currículo escolar carece de uma ampla reflexão político-social em função dos desafios que precisarão ser enfrentados.

Assim sendo, ao programar a atividade do tênis na escola, os professores poderão provavelmente se deparar com algumas dúvidas tais como quando e com o que trabalhar no decorrer dos anos escolares (OLIVEIRA, 2004).

Essas e outras considerações que serão frutos de uma revisão de literatura específica levam-nos a questionar a priori: em que condições o tênis pode ser incluído no rol dos conteúdos regulares das aulas de educação física?

Visando responder a essas e a outras questões emergentes do estudo, esta pesquisa com caráter bibliográfico (MARTINS JUNIOR, 2009) cujo objetivo é o de refletir sobre uma proposta de aplicação do tênis na educação física escolar.

E também relacionar as propostas existentes de aplicação do tênis na escola, demonstrando as atividades que podem ser desenvolvidas nas aulas, conhecendo as instalações, equipamentos e materiais utilizados nesta modalidade além de verificar na literatura a opinião dos professores e de alunos sobre a sua inclusão do esporte na educação física escolar.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 O ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

O esporte é tratado pelos autores Barroso e Darido (2006), Rennó et al (2010), e Stucchi (2004) como um fenômeno sócio-cultural, sendo considerado um patrimônio da humanidade. Historicamente foram criadas diversas modalidades esportivas, que sofreram modificações até atingirmos o momento atual.

As aulas de educação física permitem aos alunos vivenciarem diferentes práticas corporais oriundas de manifestações culturais da comunidade onde a escola está inserida e que fazem parte do acervo da vida cotidiana dos indivíduos.

A educação física é composta pelos conteúdos da cultura corporal, que conforme Chiminazzo (2008) compreende principalmente: jogos, lutas, esportes, dança e ginástica, atividades privilegiadas na escola até porque são sugeridas desde os PCN´s – Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), nas especificações para a Educação física escolar.

Em relação ao esporte, Barroso e Darido (2006) afirmam que o esporte está presente no nosso dia a dia, pois entramos em contato com ele através da transmissão de jogos pela televisão, programas esportivos, jornais escritos, rádio, ou mesmo por nos defrontarmos com praças esportivas e clubes, onde existe um grande número de pessoas vivenciando práticas de diferentes modalidades.

O esporte proporciona grande impacto no desenvolvimento social e da saúde da população, pois a partir de uma avaliação da importância do esporte e da realidade brasileira atual, pode-se entender esta atividade como importante agente capaz de contribuir para a superação de problemas sociais e econômicos apresentados pelo Brasil (RENNÓ et al., 2010).

Segundo (DAIUTO, 1983, apud PINTO e CUNHA, 1998) o esporte é apontado como um ótimo meio de socialização da criança no ambiente em que ela está inserida, e afirma que “O esporte é uma necessidade individual e social, uma influência que se evidencia cada vez mais dentre as atividades do homem”.

Enquanto conteúdo da Educação Física, o esporte é um importante aliado no processo de formação de escolares, podendo ser entendido como um fenômeno composto por diversas modalidades esportivas que, por sua vez, são dotadas de regras sistematizadas e organizadas mundialmente (CHIMINAZZO, 2008).

Por outro lado, o esporte é um conteúdo comum no planejamento de Educação Física, por ser uma atividade coletiva e de boa movimentação, com ênfase no desenvolvimento de valências físicas de grande importância para os alunos, tais como: Força, agilidade, coordenação fina e grossa e noção espaço temporal, e também, pelo aspecto da competição, que faz parte da cultura corporal do adolescente (RENNÓ et al., 2010).

Não se pode esquecer ainda, os valores desenvolvidos na prática do esporte escolar, como o respeito aos adversários, o jogo limpo (fair play), espírito de equipe e o respeito às regras (POZZOBON e ASQUITH, 2001, apud, MANGRICH e STINGHEN, 2009).

Rennó et al (2010) destacam a importância do esporte na sociedade sendo demonstrada de diversas formas, como, por exemplo, a preocupação dos governos em tornar o esporte obrigatório onde quer que a sua ação se faça sentir, principalmente no ensino, desde a primeira infância até os cursos universitários. No âmbito social, o esporte tem função pedagógica no processo de formação do indivíduo, ressaltando a disciplina, o respeito à hierarquia e às “regras do jogo”, a solidariedade, o espírito de equipe e outros fatores do desenvolvimento humano.

Mostrar a preocupação em resolver as questões do jogo junto com os alunos mostra a eles as diversidades que o jogo e tudo na vida envolvem, não numa visão fragmentada da realidade, mas numa perspectiva onde estes conteúdos possam ser apresentados aos alunos [...] “a partir do princípio da simultaneidade, explicando a relação que mantêm entre si para desenvolver a compreensão de que são dados da realidade que não podem ser pensados nem explicados isoladamente (SOARES, 1993, apud RENNÓ et al, 2004 p. 32)”.

Os autores acima ainda relatam que no esporte escolar há ausência de uma política para estimular a atividade em escolas e universidades. O desporto escolar não possui objetivos específicos. As escolas são despreparadas para o esporte. Os professores se reciclam por conta própria, mas ganham mal e então não se aprimoram. Existe falta de materiais esportivos em muitas escolas. As unidades escolares carecem de espaços, instalações e recursos humanos qualificados. O esporte é também pouco realizado em nível universitário e apresenta problemas semelhantes aos das escolas quanto às instalações, materiais etc.

Com enfoque da utilização do esporte no ambiente formal de ensino, ou seja, a escola, como se referem (PAES, 2002 ; TUBINO, 2002 apud BARROSO e DARIDO, 2006) o esporte está presente na vida dos indivíduos, nada mais significante ele estar inserido na escola, mais especificamente na disciplina Educação Física.

O esporte compreende diferentes modalidades, cuja oferta e procura varia em função das condições climáticas, dos hábitos, costumes e tradições de cada povo. Algumas modalidades esportivas, no entanto, têm preferência universal. Entre estes esportes, está o beisebol, o futebol, o basquetebol, o voleibol, o atletismo, o golfe, o tênis, o hóquei em patins e o ciclismo. Pela importância que sua prática alcançou no mundo, os esportes de preferências universais têm sido alvos de esforço de disseminação em diversos países.

Stucchi (2004) cita que o esporte visto como um elemento de conteúdo cultural dentro da educação de modo geral pode prever a modalidade tênis de campo co-existindo junto às outras modalidades consequentemente estabelecidas, fazendo parte das oportunidades e da busca de igualdade de participação como premissa de um processo democrático.

Dentre as possibilidades de mudança no esporte escolar apontadas por Rennó et al. (2010) estão à valorização da atividade curricular da educação física e massificar o desporto escolar. Estabelecer diretrizes e ações para que as escolas e as universidades sejam importantes formadoras de atletas. Criar condições e exigir investimentos em espaço, equipamentos e materiais necessários. Incentivar a realização de jogos colegiais e universitários em todos os estados. Recuperar as instalações esportivas das escolas e universidades.

2.2 TÊNIS NA ESCOLA:

O Tênis é uma modalidade que ainda não tem presença entre os conteúdos da educação física escolar, embora seja uma modalidade que promove no seu contexto, ações de sucesso e de fracasso, tornando-se ferramenta para as aulas colegiais.

Com esta idéia, Stucchi (2007, p.193) refere sobre o tênis que,

O tênis de campo, partindo-se como um jogo de identidade individual em seu aspecto terminal do processo de aprendizagem, permite abordagens didático-pedagógicas que vão atuar de múltiplas formas sobre o grupo coletivo e também sobre o sujeito, tornando-o beneficiário direto das ações como pré-requisitos para qualquer outra proposta de trabalho em grupo.

Destaca-se ainda a necessidade de proporcionar na escola conteúdos diversos a fim de motivar os alunos para a prática esportiva desenvolvida nas aulas.

Ferraz e Knijnik (2007) reforçam esta premissa, enfatizando que o tênis não é mais um esporte de elite, sendo praticado hoje em toda parte, seja em quadras oficias ou através da adaptação dos espaços disponíveis. Entende que, para isso, é necessária a elaboração de projetos, nos quais, a escola poderia perfeitamente ser aproveitada para tal.

No sentido de popularizar o tênis nas escolas, a International Tennis Federation (ITF, 2008) propõe a implantação de uma forma atenuada denominada Mini tênis por esta forma se constituir num processo simplificado para o seu ensino, destinado às populações de menor faixa etária.

Para a Federação supra citada (2008, pág. 50),
O mini-tênis é ideal para ensinar o tênis nos colégios, pois é um elemento chave para popularizar o tênis em todo o mundo em nível de base, oferecendo uma oportunidade para atrair novos participantes e descobrir novos talentos. Além de servir como introdução ao tênis em todas as idades, possibilita o aprendizado de habilidades aprendidas no mini-tênis que poderão ser utilizadas no futuro quando transferidas para a quadra grande.

Este processo é um método utilizado para ensinar iniciantes a jogar tênis, que consiste de uma maneira divertida e ativa utilizando a superfície de jogo e materiais adaptados como redes baixas, bolas de espuma, raquetes pequenas para que se aprenda a jogar rapidamente (CBT, 2007, apud SOUZA e MARTINS JUNIOR, 2009),

Na obra acima, a CBT refere ainda que, além do aprendizado mais facilitado, o mini-tênis proporciona a possibilidade de praticar uma atividade física mais agradável e divertida, estimulando os jogadores a continuar jogando tênis em clubes, academias e outros espaços e as habilidades utilizadas podem ser aprendidas no mini tênis e depois transferidas para a quadra grande, pois desde o primeiro momento o aluno pode bater, rebater, e pontuar.

Assim sendo, o mini tênis seria ideal para ensinar as crianças já na idade escolar por ser um elemento de fácil assimilação por escolares de tenra idade.

2.2.1 AS INSTALAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O TÊNIS NA ESCOLA

Muitos professores adeptos do tênis se questionam como seria possível conseguir as instalações necessárias para o ensino do tênis na escola.

Para Chiminazzo (2008, pág. 3)

É possível desenvolver diversas ações em sala de aula. Não cabe reclamar de falta de espaços, falta de material, falta de conhecimento... O professor é responsável por estimular seus alunos, levando-os à construção do próprio conhecimento. Para suprir a falta de material, pode-se trabalhar com material alternativo como, por exemplo, pedaço de madeira, tábua de cortar carne, tampa de panela, chinelo, ou ainda construindo a própria raquete utilizando outros materiais alternativos e bem econômicos, de forma que cada aluno terá a sua própria raquete, confeccionada por ele mesmo, podendo inclusive fazer interdisciplinaridade com a disciplina de artes.

Uma das possibilidades para a iniciação a esta modalidade seria a utilização de uma quadra pequena, demarcada em qualquer superfície plana, com a utilização de raquetes de madeira ou alumínio, leves, pequenas e com cabo fino. As vantagens de se utilizar o mini-tênis são o de se poder usar tanto o pátio de uma escola como uma quadra, as regras são muito simples, a técnica é muito básica, muito fácil, divertido, serve para jovens e adultos, e o material utilizado não é caro.

Em relação aos equipamentos e materiais para este jogo, sabe-se que, ultimamente, os professores de tênis têm adotado raquetes mais leves e que proporcionam uma maior potencia em cada rebatida com menor esforço. A indústria atendeu as crianças criando-lhes modelos de raquetes com tamanhos proporcionais a sua altura, produzidos com materiais mais leves e aros maiores das convencionais.

Se no passado era um hábito comum o professor serrar o cabo das raquetes de madeira, para que ficassem com o tamanho apropriado aos pequenos, existem hoje, raquetes com cabos coloridos para identificar a empunhadura facilitando o aprendizado e as bolas de espuma são excelentes opções para iniciar no tênis.

Qualquer pessoa, de qualquer idade, pode aprender este jogo. A indústria de equipamentos esportivos está tornando o aprendizado cada vez mais fácil, com bolas mais leves e raquetes de tamanhos progressivos para cada faixa etária. Existem até redes portáteis, que podem ser montadas em ruas, parques e galpões (SILVA, 2007, p.63).

Um exemplo dessas adaptações são as bolinhas de borracha de diferentes tamanhos. O professor pode também realizar convênios com academias próximas que poderiam lhes fornecer as bolinhas já usadas e que não mais são utilizadas.

Segundo (TANI, 1983, apud, STUCCHI, 2007), a bola é um primeiro elemento motivador para a prática. E ressalta ainda que,

Para uma seqüência pedagógica, deve ser reconhecida, percebida, controlada e dominada em suas características próprias, pois, é item identificado para muitas outras atividades na vida de todos, sendo um componente do jogo devendo ser incorporado através de múltiplas formas, com os mais diversos movimentos que o corpo é capaz de fazer como tarefa motora, dentro de uma lógica de desenvolvimento, em função da faixa etária apresentada (p. 201).

Para isto, faz-se necessário uma manipulação e um aprendizado desde os primeiros contatos com a bola, pois se torna um fator importante no desenvolvimento dos golpes e controle motor. Quanto maior for a intimidade com a bola, podem-se desenvolver outras etapas com mais naturalidade.

Como seguimento do corpo e utilizadas para o domínio de bola, Stucchi (2004), relata que a consciência corporal do uso das mãos mostrará tendências naturais quanto às lateralidades e lados dominantes. Desta forma o peso e o tamanho da raquete deverão respeitar o biótipo da pessoa na aprendizagem e ser incorporada respeitando suas características.

Entre essas possibilidades, a raquete, por exemplo, é um material difícil de ser adquirido pela escola, devido o seu alto custo. Poderia então ser utilizado o material oficial ou o adaptado. Existem raquetes de madeira (frescobol) que podem ser muito bem utilizadas no trabalho do tênis na escola e as crianças farão um bom uso delas. Mas, e se eu não tiver nem as raquetes de madeira? Ao lembrarmos do histórico do tênis, veremos que ele era jogado com a palma das mãos, isso é mais do que o suficiente para a criança vivenciar muitas situações do jogo em si.

Outro material considerado caro pela escola é a rede, porém sabe-se que todas as escolas possuem rede de voleibol, esta colocada baixa, sem dúvida essa adaptação fará dela uma rede de tênis aos olhos dos alunos. Existem situações que professores prendem a rede de voleibol em duas pernas de pau e fixam-nas no “buraco” dos postes do vôlei e pronto, resolvido o problema. Também se sugere a utilização de cordas, barbantes, faixas listradas (zebra), entre outras opções.

Para realizar os exercícios de mini tênis, a ITF (2008) refere que devem ser avaliadas as seguintes características: distribuição das crianças no campo, distribuição dos níveis similares do jogo para cada um destes campos mini.

Para isso, Souza e Martins Junior (2009) destacam que os professores:

Devem utilizar materiais adaptados como: redes baixas, bolas de espuma, raquetes pequenas, quadras menores os professores podem proporcionar as crianças um aprendizado do jogo mais rápido. As adaptações das quadras de tênis podem ser improvisadas em ginásios, pátios de cimento ou asfalto, terra ou jardins compactados, demarcados com giz, faixas, cones. As redes podem ser confeccionadas com cordas, barbantes, faixas “zebra”, postes de voleibol, elásticos e outros meios que o professor criar (p. 10).

Então, a possibilidade do trabalho voltado ao tênis na escola é real em relação aos materiais, tendo em vista que alguns materiais a escola já possui, ficando mais fácil à adaptação aos demais, assim, torna-se claro ainda que a criança ao utilizar o seu próprio corpo, poderá vivenciar muita das atividades propostas.

2.2.2 CONTEÚDOS DE TÊNIS QUE PODEM SER TRABALHADOS NA ESCOLA

Os professores de educação podem diversificar e criar diferentes formas de atividades com enfoque no tênis, aproveitando da vasta gama de exercícios criados ou utilizados de outros esportes.

Para tanto, Miranda (2005) aponta uma série de exercícios apresentados por professores de tênis e educadores físicos em cursos organizados pela ITF destinados ao ensino de crianças na iniciação esportiva, especificamente no tênis.

Sugere ainda uma hierarquia metodológica que compreende os seguintes itens:

• Exercícios com o próprio corpo.
• Exercícios apenas com bolas.
• Exercícios apenas com raquetes.
• Exercícios com raquetes e bolas.
• Jogos de Mini-Tênis.
• Os exercícios podem ser aplicados de forma: Individual, em duplas ou em grupos.
• Trabalhos de cooperação ou oposição.

O mesmo autor destaca ainda, que as características dos jogos de iniciação, que devem ser divertidos, adaptáveis aos jogadores através dos objetivos, devem ser variadas, seguir um planejamento, suficientemente exigentes, regras e pontuações fáceis, demonstrações, nível equilibrado dos alunos, professor ser imparcial e também participar das atividades caso necessário, animar os alunos continuamente.

As crianças podem iniciar estas atividades seguindo a progressão pedagógica, partindo do simples para o complexo, desta forma varía dos exercícios que se faz apenas com bola, agora pode ser inserida a raquete. Buscam-se cem estes exercícios uma familiarização com a bola e a raquete.

Buscam-se com estes exercícios uma familiarização com a bola e a raquete, cuja execução abrangeria os seguintes exercícios (ITF, 2008):

Bater bolas para o chão utilizando a raquete; Bater bolas para o alto; Lançar a bola ao alto, deixar dar um pique e parar com a raquete; Pular corda equilibrando a bola na raquete, variar de acordo com o nível de habilidade, com giros, com velocidade; Andar por todas as linhas da quadra quicando a bola para o chão e ou para cima. Utilizar estes exercícios também para conhecer as linhas das quadras; Professor ou outro aluno lança e jogador recupera a bola com a raquete; Professor ou aluno lança e jogador rebate a bola para simular um jogo (p....)

Ainda em relação a essas possibilidades a CBT – Confederação Brasileira de Tenis (2004) sugere ainda os seguintes exercícios:

Trabalho com raquete (de madeira ou qualquer outro material): alunos carregando a bolinha em cima da raquete e entregando ao outro; Quicar a bolinha em cima da raquete até determinado ponto; Quicar a bolinha com a raquete em direção ao solo; Professor lança a bolinha para o aluno, ele “ajeita” a mesma e realiza uma direita (forhand); faz-se o mesmo para a esquerda (backhand); Aluno lança a bolinha para o alto e realiza um voleio; Mini-jogo de tênis com uma quadra desenhada com giz pelos próprios alunos e contagem criada pelos mesmos; Alunos lançando para o alto e simulando o saque do voleibol (com a mão direita e esquerda). (p...)

Gonzalles (2005) propõe ainda, outras formas de trabalho com bola como o Alerta ou Stop, A Queimada e o Hokey Tênis.

Budinger (1982, apud, PINTO e CUNHA, 1998); Jaquet (1984, apud, PINTO e CUNHA, 1998); e Dhellemes e Bechade (1988, apud, PINTO e CUNHA, 1998), em trabalhos sobre a iniciação ao tênis propõem dezenas de outras possibilidades.

Contribuindo com a seqüência pedagógica, Figueiredo (2007) propõe alguns conteúdos, com enfoque na familiarização do tênis. (Anexos 1 e 2)

2.3.1 – ATIVIDADES EXTRA-CLASSE

Sabe-se que a Educação física escolar compreende uma série de ações na aula, que devem ser complementadas por outras atividades extra-classe e extra-escolar.

Dentre as possibilidades de atividades nas aulas, podem-se destacar as possíveis construções dos materiais, dos espaços e de equipamentos. As aulas de educação física podem ser propostas em conjunto com outras disciplinas como a de educação artística, promovendo a interdisciplinaridade na escola.

Mangrich e Stinghen (2009) sugerem a confecção de uma raquete pelos alunos a partir de papelão ou cartolina grossa e redes adaptadas com corda e materiais alternativos tais como retalhos do tecido, tira de papel ou plásticos.

Segundo esses autores, ao se oportunizar atividades de construtivismo, os alunos são hoje mais críticos, motivados para a prática do Tênis e as demais atividades propostas para a Educação Física, nas quais participam agora com outro olhar, descobrindo e exigindo do professor novas formas de abordagem, com adaptações de regras e espaços.

A partir de 2009, a ITF sugeriu um modelo de quadra com adaptações para o mini tênis com as seguintes características:

Figura 1. Quadras oficiais propostas por ITF (2009), segundo as progressões de ensino do mini-tênis.

Para Rennó et al (2010), o esporte adaptado é em primeiro plano, o meio para simplificar o entendimento e a prática esportiva que o professor pretende ensinar, eliminando as resistências com relação àqueles que não possuem aptidão atlética para o esporte. E em um segundo plano, é o mote para produzir conhecimento, com a pesquisa de materiais para a realização do jogo no espaço escolar, elaborando regras para organizar as partidas, desenvolvendo com isso novas relações sociais na comunidade escolar e logo mais na sociedade, levando esse aprendizado para à sua formação acadêmica, para o trabalho e para a vida.

Figura 2. Adaptação de uma quadra poliesportiva, com possibilidade de se transformar em 12 quadras de mini tênis (MIRANDA, 2005).

2.3.2 - Opinião de professores de educação física sobre a implantação do tênis nas
suas aulas

No estudo de Mangrich e Stinghen, 2009, os professores relataram suas experiências com os seguintes depoimentos:

• “Foi bom observar que os alunos se mostraram bastante motivados diante das atividades propostas e isso se dá principalmente por eles tomarem parte destas decisões. O professor tutor mostrou ser possível diversificar as atividades nas aulas de Educação Física. Além dessa possibilidade de implantar o tênis na escola, mostrou como fazer este trabalho dentro de uma teoria crítica, tornando o curso bastante positivo para os participantes”. Heidy Silva Pinto Donadio – Maringá.

• “A minha observação mais importante foi que o tênis na escola é uma grande idéia que veio para complementar a nossa prática docente, é uma novidade na nossa escola, e até quebrando alguns tabus de que o tênis é um esporte só da elite. Fico feliz por ter participado de todo este projeto, tenho todos os textos, já fiz debates na escola com o aluno, já trabalhamos com parte do material, e esta sendo muito bem aceito. Eu acho que a nossa educação está precisando e de grandes idéias como essa”. (Elio Mann – Terra Rica).

• “Outro fator positivo de todo o processo, foi a tarefa constante de simplificar o processo de implantação da nova modalidade. Enquanto esporte adaptado, o Tênis na escola se fundamentou na fácil aplicação e no dinamismo, para com isso motivar os alunos a sua prática”.

• “Com um planejamento elaborado de simples execução, conseguimos eliminar o marasmo instalado a muito nas aulas da disciplina, a discriminação feita pelos alunos mais hábeis aos de menor desempenho esportivo, nas modalidades tradicionalmente abordadas no currículo da disciplina”.

• “Desenvolver projetos de ensino como o Tênis na escola, leva ao aprimoramento da prática pedagógica, do ato de lecionar, uma vez baseado em estudos, seminários, palestras e num documento de referência para todos os professores de Educação Física: As Diretrizes Curriculares da Educação”.


3, CONSIDERAÇÕES FINAIS


O esporte na escola pode ser visto com diferentes enfoques, principalmente o educacional. Desta forma, inovar conteúdos na educação física escolar pode despertar interesse nos alunos e deixar as aulas mais dinâmicas.

Dentre as propostas existentes de aplicação do tênis na escola, verificou-se que estas tiveram resultados positivos, partindo das atividades simples às complexas realizadas durante as aulas.

No rol das atividades propostas para o tênis, as sugestões são muitas, podendo ainda, ser criadas diversas atividades com o conhecimento dos professores oriundos de outros esportes e experiências profissionais.

Verificou-se também que as instalações, equipamentos e materiais utilizados nesta modalidade podem ser os oficiais ou adaptados, podendo ainda ser explorados e construídos pelos próprios alunos.

Diante as opiniões dos professores e de alunos sobre a inclusão do tênis na educação física escolar, podem-se verificar em seus relatos, a satisfação e o entusiasmo para com a modalidade.

A revisão efetuada, que visava refletir sobre uma proposta de aplicação do tênis na educação física escolar, permitiu verificar que, a partir da favorabilidade por parte dos professores e diante da possibilidade de adaptações das instalações, equipamentos e materiais, é perfeitamente possível incluir o tenis entre tantas atividades ministradas nas aulas de educação física escolar.

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Endereço do autor:
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