|
Qua, 30/10/13 22:41
TREINO DE FORÇA PARA O
KARATECA DO ESTILO SHOTOKAN ESPECIALISTA
NO KUMITE
O treino de força
para o karateca do shiai kumite (luta de competição) regulamentado
pela JKA (Japan Karate Association) e pela ITKF (International Traditional
Karate Federation) merece ser prescrito em poucos centésimos ou
segundos, em máxima velocidade, com predomínio no metabolismo
anaeróbio aláctico e através dos exercícios
da preparação de força especial. O treino de força
para o karateca do shiai kumite merece ser realizado através da
força máxima, força rápida, musculação
balística, treino de potencialização, treino de
força reativa e treino de soco e/ou de chute no makiwara e no
sunatawara. Conclui-se que o treino de força para o karateca do
shiai kumite (luta de competição) merece estruturado e
prescrito através dos esforços da luta e de acordo com
a biomecânica das ações de ataque e de defesa para
desenvolver um treinamento específico e condizente com a realidade
dos lutadores.
Palavras-chave: Artes Marciais, Treinamento de Resistência, Desempenho
Atlético. INTRODUÇÃO
O karatê de estilo shotokan de competição que está de
acordo com os ensinamentos do seu idealizador, o mestre Gichin Funakoshi,
durante o combate, é regulamentado pela JKA (Japan Karate Association)
e pela ITKF (International Traditional Karate Federation). Funakoshi
ensinava que apenas um golpe decidiria a luta, e utilizava a expressão
ikken hissatsu que significa matar com um ataque o oponente caso o
combate fosse real ou praticar uma técnica ofensiva precisa
durante o treino sem causar dano no oponente (Stevens, 2007).
Essa arte marcial nos seus primórdios só tinha o intuito
proporcionar para o karateca a defesa pessoal ou melhorar o aspecto
físico, mental e do carácter do praticante através
de um treino que exigia um estudo intenso (Frosi e Mazo, 2011; Martins
e Kanashiro, 2010).
Posteriormente, precisamente em 1936 – aconteceu a primeira competição
de karatê shotokan (Nakayama, 2012), e principalmente em 1970 – ocorreu
o primeiro Campeonato Mundial do karatê shotokan, sendo difundido
em vários países do mundo e classificado atualmente como
esporte de combate (Girardello, 2004).
Por esse motivo que no treino e durante a luta (kumite) de competição
(shiai) o karateca efetua poucos ataques, visando terminar o combate
com um único golpe. Outras diretrizes do karatê shotokan é evitar “trocação” de
socos e de chutes durante a luta, o karateca se preocupa primeiro em
não receber golpe, por esse motivo os lutadores dessa modalidade
costumam estudar (denominada de ação tática) o
oponente e se posicionam numa distância adequada para atacar
e se defender (Ajamil e colaboradores, 2011).
Porém, quando o lutador perceber uma oportunidade de ataque,
aí é efetuada a tarefa ofensiva com máxima velocidade
visando à precisão do golpe ou o karateca pode defender
e contra-atacar ou se antecipar a tarefa ofensiva do adversário
com um ataque preciso (Sertic, Segedi e Vidranski, 2012).
O sistema de pontuação pela JKA e pela ITKF decide a
luta através de um golpe ou com poucos ataques. Em caso de um
golpe perfeito é marcado um ippon e em caso de um segundo waza-ari
equivale a um ippon, nas duas situações o combate acaba.
Esse esporte de combate segue os ensinamentos de Funakoshi, a não
violência, os golpes só valem no tronco do oponente através
de leve contato, merecendo que a técnica ofensiva seja interrompida
3 centímetros antes de atingir o alvo (Iide e colaboradores,
2008).
Caso um karateca derrube o oponente com uma rasteira (ashi barai),
o soco será efetuado sem contato. O kumite tem duração
de 1 minuto e 30 segundos a 2 minutos, não tendo divisão
dos lutadores por peso. A área de luta é de 8x8 metros
com piso coberto por EVA, e os karatecas devem usar protetor bucal,
luva e protetor de seios para as mulheres.
O treino do karatê shotokan desencadeia adaptações
fisiológicas, biomecânicas da técnica esportiva
e neuromusculares conforme o tempo de prática do lutador (Sbriccoli
e colaboradores, 2010), de acordo com a carga de treino efetuada ao
longo dos meses (Mohamed, 2012) e está relacionada com a especialidade
do lutador em uma ou mais disputas do karatê – kumite,
kata (luta imaginária) etc (Koropanovski e colaboradores, 2011).
Atualmente um treino do karatê embasado cientificamente é conduzido
através de uma periodização que organiza a carga
e as atividades das sessões (físico, técnico,
situacional, tático e competitivo) com o objetivo de melhorar
ao máximo o desempenho esportivo do karateca na disputa (Pesic
e colaboradores, 2012).
Porém, para o preparador físico prescrever
o treino físico
de um lutador, especificamente do karatê shotokan, precisa recorrer
aos estudos sobre os esforços dessa modalidade para identificar
a solicitação metabólica, determinar as capacidades
motoras requeridas durante a luta – força, flexibilidade
e outros, reconhecer o tempo de tarefa ativa e passiva do combate e
saber quais ataques e defesas são mais eficazes durante a luta
(Beneke e colaboradores, 2004; Benedini e coalboradores, 2012), todas
essas informações permitem a estruturação
e prescrição de um treino físico simulando um
momento do combate (Del Vecchio, Hirata e Franchini, 2011) ou o treino
físico de força e/ou metabólico é realizado
o mais específico possível com as exigências da
luta – no metabolismo energético solicitado no combate,
no tipo de força desempenhada na luta e outros (Del Vecchio
e Franchini, 2013; Barbanti, 2010).
Entretanto quando são consultados estudos atuais (Martins, 2013;
Zvonar e colaboradores, 2012; Witte e colaboradores, 2012) e antigos
(Ravier e colaboradores, 2005, 2009; Milanez e colaboradores, 2011)
e da literatura aliada (Kraemer e Häkkinen, 2004; Oliveira, 2008)
sobre o treino de força para o karatê shotokan, não
foi evidenciado nenhuma investigação para o karateca
especialista no shiai kumite (luta de competição). Em
uma revisão sobre o “estado da arte” dos estudos
sobre os esportes de combate também não é citado
nenhum trabalho sobre o treino de força para o karatê (Franchini
e Del Vecchio, 2011). Que tipo de força na musculação
merece ser trabalhada no karateca do kumite? O treino de força
reativa deve ser exercitado pelo karateca? Quais exercícios
merecem ser elaborados para os lutadores do karatê?
Sabendo dessa lacuna na literatura do karatê shotokan, foram
realizados buscas nas bases de dados Bireme (www.regional.bvsalud.org/),
PubMed (www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed), Periódicos CAPES (www.periodicos.capes.gov.br/),
DOAJ (www.doaj.org/), EBSCO (www.ebscohost.com/), SCIELO (www.scielo.org/),
ScienceDirect (www.sciencedirect.com/), OASISBR (www.oasisbr.ibict.br)
e Google Acadêmico (www.google.com.br/), por meio dos descritores
karate, strength training in karate, treino de força no karatê,
drop jump in karate, plyometric training in karate, depth jump in karate,
plyometric training, strength training, power training, energy system
e anaerobic energy, no período de 1970 a 2013.
Foram selecionados 76 artigos, 1 tese de doutorado, 1 manual de biomecânica,
2 dissertações de mestrado, 1 tese de livre docência,
1 monografia de graduação e 39 livros que possibilitaram
embasamento científico para elaboração do treino
de força para o karatê shotokan.
O objetivo da revisão foi apresentar os esforços e a
biomecânica do karateca no shiai kumite e o treino de força
para o karateca especialista na luta.
ESFORÇOS E BIOMECÂNICA
DO KARATECA DO SHIAI KUMITE
O shiai kumite (luta de competição) do karatê shotokan
possui um combate com duração entre 1 minuto e 30 segundos
a 2 minutos (Marques Junior, 2012), mas o tempo das lutas costuma ser
breve (Sterkowicz-Pryzybycien, 2010).
Segundo Bessa (2009), 80% das lutas do karatê terminam em menos
de 50 centésimos e 20% dos combates acabam entre 50 centésimos
a 1 segundo e 30 centésimos. Portanto, um trabalho físico
específico para essa modalidade precisa ser de curta duração
e em máxima velocidade (Chaaabène e colaboradores, 2012b;
Moura, Almeida e Sampedro, 1997).
O shiai kumite do karatê shotokan é um esporte com componente
aeróbio e anaeróbio (Doria e colaboradores, 2009). Conforme
o momento da luta uma solicitação metabólica tende
predominar (Voltarelli e colaboradores, 2009).
A atividade do karateca durante o combate é acíclica
e ocorre através de esforços intermitentes, onde o lutador
efetua esforço e pausa (Milanez e colaboradores, 2012).
A pausa durante o kumite geralmente acontece após a interrupção
do árbitro para marcar um ponto ou uma infração,
tendo duração entre 2 segundos a 4 minutos (Beneke e
colaboradores, 2004).
A ação tática do kumite, momento que o lutador
estuda o oponente antes de fazer o ataque, pode ser predominantemente
aeróbia ou anaeróbia (aláctico ou láctico),
depende da velocidade das ações do karateca, da duração
dessa atividade e do tempo de pausa que antecede a essa tarefa (Arriaza,
2009).
A ação de ataque e da defesa do karateca no kumite é em
máxima velocidade com ênfase na força rápida
e no fim da técnica ocorre uma força isométrica
para ocasionar o kime (final do golpe ou da defesa onde toda energia
mental e física se concentram em uma ação) (Chaabène
e colaboradores, 2012b), que geralmente é precedido do kiai,
um grito onde o lutador libera máxima energia para ocasionar
maior força possível (Nakayama, 2012b).
O sistema energético predominante no ataque
e na defesa do karateca durante a luta é através do metabolismo
anaeróbio
aláctico, mas se a pausa for breve e ocorrer uma ação
tática de alta velocidade, seguido de uma ação
de ataque ou de defesa o sistema energético mais solicitado
será o anaeróbio láctico (Roschel e colaboradores,
2009).
Marques Junior (2012b) evidenciou uma duração próxima
da ação tática, da ação de ataque
e da pausa do shiai kumite feminino e masculino do campeonato brasileiro
JKA de 2012. A ação tática o feminino realizou
em 8,58 ± 8 segundos e o masculino em 11,40 ± 10 segundos,
a ação de ataque ocorreu em 2,66 ± 1,71segundos
no feminino e 1,75 ± 0,70 segundos no masculino e o tempo de
pausa efetuado pelo árbitro foi de 15,33 ± 15,01 segundos
no feminino e 18,68 ± 18 segundos no masculino. O mesmo autor
encontrou tempos de ataque em máxima velocidade do shiai kumite
feminino e masculino compreendendo na duração apresentada
na Figura 1 e 2.
Figura
1 e 2 baixar o texto para ver na íntegra
Essa máxima
velocidade do ataque feminino e masculino são importantes para
o preparador físico
estruturar e prescrever o treino de força para o karateca do
shiai kumite porque esses valores servem como parâmetro para
a velocidade dos exercícios de musculação e de
força reativa, podendo ser utilizado nas estações
do circuito de força (Fleck e Kraemer, 1999), merecendo que
os exercícios sejam efetuados conforme as diretrizes da preparação
de força especial, simulando a técnica esportiva (Verkhoshanski,
1995).
Os sistemas de energia atuam em conjunto em qualquer atividade, mas conforme
a velocidade da tarefa, a duração da atividade e o tempo
de pausa – se tiver, um dos metabolismos tende predominar (Spencer
e Gastin, 2001; Glaister, 2005).
Em uma ação de máxima velocidade de até 10
segundos, 94% de solicitação metabólica é anaeróbia
e 6% é aeróbia (Gastin, 2001). Portanto, a duração
do ataque do shiai kumite feminino e masculino é predominantemente
anaeróbio. O maior ou menor componente anaeróbio aláctico
e láctico está relacionado com a duração
do estímulo, velocidade de execução e tempo da pausa
se tiver (Bertuzzi e colaboradores, 2013; Artioli e colaboradores, 2012).
Em uma máxima contração isométrica no período
de 30 segundos as concentrações de fosfocreatina e da glicólise
anaeróbia láctica são menos ou mais solicitadas
conforme a duração do exercício, sendo exposto na
Figura 3 (Maughan, Gleeson e Greenhaff, 2000).
Em outro estudo similar, Bangsbo (1996) observou que pedalar até a
exaustão no cicloergômetro com uma carga de 63 watts (W)
a solicitação metabólica é diferente até 20
segundos quando comparado no período de 2 minutos e 28 segundos
(2 min e 28 s é igual a 148 segundos, tempo da exaustão).
Os dados são expostos na Figura 4.
Figura
3,4,5 e 6 baixar o texto para ver na íntegra
Nessa mesma linha de pesquisa, Gaitanos e colaboradores (1993) evidenciaram
que após 6 segundos de máxima velocidade no cicloergômetro
e tendo 30 segundos de intervalo, a participação anaeróbia é diferente
dos substratos energéticos (adenosina trifosfato = ATP, fosfocreatina
e glicólise anaeróbia láctica) entre o primeiro
e o último estímulo, o décimo. A figura 5 ilustra
esse ocorrido.
O preparador físico do karateca do shiai kumite (luta de competição)
deve estar ciente que é similar a esses experimentos que o metabolismo
energético do lutador atua durante o combate, merecendo que a
estruturação e a prescrição do treino de
força tenha uma solicitação metabólica o
mais parecida possível com a requerida na luta (McArdle, Katch
e Katch, 2011). Ênfase no metabolismo energético anaeróbio
aláctico e menor estímulo do treino de força no
metabolismo anaeróbio láctico (Marques Junior, 2012b).
Quando a prioridade do treino for o metabolismo anaeróbio aláctico,
as tarefas merecem ser em máxima velocidade e a pausa passiva
deve ter tempo suficiente para restaurar esse sistema de energia, caso
isso não aconteça, o esportista vai estar se exercitando
com predomínio no metabolismo anaeróbio láctico
(Spencer e colaboradores, 2008).
Mas porque isso acontece? Por exemplo, em uma corrida de máxima
velocidade na distância de 100 metros (m), os estoques de fosfocreatina
são degradados e a velocidade até 40 m tende ser muito
alta, vindo diminuir nos 30 m finais porque a fosfocreatina reduz bastante
(Pereira e Souza Junior, 2004).
Porém, após o estímulo o intervalo passivo precisa
restaurar os estoques de fosfocreatina e a ATP que foram utilizados na
corrida de 100 m, caso contrário, o trabalho será predominante
láctico. A figura 6 mostra a depleção da fosfocreatina
na corrida de 100 m.
Com o intuito de orientar o trabalho do preparador físico do karatê na
prescrição do treino no metabolismo anaeróbio aláctico
e em menor participação no sistema láctico, é apresentada
a tabela 1 para nortear o treino de força (Janssen, 2001; Marques
Junior, 2012c).
Tabela 1 - Atividade dos três sistemas de energia |
Metabolismo Energético Predominante |
Velocidade da Ação |
Ressíntese da ATP-CP |
1) Anaeróbio Aláctico (ATP):
1 a 5 segundos (s)
|
velocidade muito alta |
30 s = 50%
1min = 80% |
2) Anaeróbio Láctico (ATP + CP):
6 a 15 segundos
|
velocidade muito alta |
1min 30 s = 88%
2 a 3 min = 90%
4 a 5 min = 100% |
3) Anaeróbio Aláctico (ATP + CP) + Anaeróbio
Láctico (glicogênio muscular): 16 a 30 segundos
|
velocidade alta |
- |
4) Anaeróbio Láctico (glicogênio
muscular): 31 segundos a
1 minute (min) e 59 segundos
|
velocidade alta |
- |
5) Anaeróbio Láctico (glicogênio muscular)
+ Aeróbio (glicogênio muscular): 2 a 3 minutes
|
velocidade alta |
- |
6) Aeróbio (glicogênio muscular + ácidos
graxos): 1 segundo a 3 minutos ou mais
|
velocidade baixa a média |
- |
Figura
7 baixar o texto para ver na íntegra
Seguindo os ensinamentos da preparação
de força especial
proposto por Verkhoshanski (1993, 2000), o treino de força deve ser realizado
com o gesto esportivo da modalidade e com a velocidade similar ou igual ao da
técnica esportiva. No shiai kumite (luta de competição)
do karatê shotokan feminino e masculino os golpes que fazem mais pontos
e as defesas mais utilizadas são os seguintes: gyaku zuki tchudan (soco
com reversão no tronco), kizami zuki tchudan (soco com a mão da
frente da guarda no tronco), oi zuki tchudan (soco com deslocamento para frente
no tronco), mae geri kekomi (chute frontal no tronco), mawashi geri (chute semicircular
no tronco), gedan barai (defesa baixa) e soto uke (defesa de fora para dentro)
(Marques Junior, 2012, 2012d; Marandi, Zolaktaf e Batavani, 2010). A velocidade
linear dos golpes que fazem mais pontos no shiai kumite é a seguinte (Marques
Junior, 2012e): 15,76 ± 5,45 metros por segundo (m/s) do mae geri kekomi,
9,2 ± 2,85 m/s do gyaku zuki tchudan, 8 ± 3,24 do mawashi geri
kekomi, 7,1 ± 1,88 m/s do kizami zuki tchudan e 5,83 ± 2,54 m/s
do oi zuki tchudan. Convertendo a velocidade linear desses golpes para centésimos
e para segundos (Centésimos = velocidade linear: 100 e Segundos = velocidade
linear: 60), o resultado fica da seguinte maneira para ser utilizado no treino
de força (Figura 7).
Outro quesito que é muito importante para o preparador físico utilizar
na preparação de força especial é determinar através
de uma análise biomecânica os movimentos articulares de cada técnica
esportiva com o intuito de facilitar na estruturação e prescrição
do treino de força, principalmente no praticado na musculação
(Marques Junior, 2001). Baseado em algumas referências que fizeram análise
biomecânica dos golpes que realizam mais pontos e das defesas mais utilizadas
no shiai kumite (luta de competição) é possível efetuar
tal tarefa. A tabela 2 expõe os resultados dos movimentos articulares
que podem ser trabalhados com halter barra e anilha, medicinebol e tornozeleira.
Tabela 2 - Movimentos articulares dos golpes
e das defesas do karatê shotokan
Golpe |
Movimento Articular Indicados para o Treino de Força |
Referência |
Gyaku zuki Tchudan (soco) |
Membro Superior do Soco: extensão do ombro seguido de rotação
interna do mesmo, extensão do cotovelo e pronação do antebraço.
Membro Superior que não faz o soco: rotação externa do ombro
seguido de extensão do ombro, flexão do cotovelo e supinação
do antebraço.
Coluna Vertebral: rotação seguido de extensão.
Pelve: rotação seguido da báscula anterior.
Membro Inferior na Base Zenkutsu Dachi (perna de trás): rotação
interna do quadril seguido de extensão do mesmo, extensão do joelho.
Membro Inferior na Base Zenkutsu Dachi (perna da frente): flexão do quadril
e do joelho. |
Noriega (2004), Souza (2002), Vencesbrito (2012) |
Kizami zuki Tchudan (soco) |
Membro Superior do Soco, Membro Superior que não faz o
soco, Coluna Vertebral e Pelve: igual ao Kizami zuki Tchudan.
Pelve e Coluna Vertebral durante o Kizami zuki Tchudan seguido do Gyaku zuki
Tchudan: rotação da pelve e rotação da coluna vertebral. |
Mehanni (2004), Vieiro (2012) |
Oi zuki Tchudan (soco) |
Membro Superior do Soco, Membro Superior que não faz o soco, Coluna Vertebral
e Pelve: igual ao Kizami zuki Tchudan.
Membro Inferior que se Desloca para Frente na Base Zenkutsu Dachi – perna
de trás (Oi zuki avançando): adução do quadril seguido
de flexão do mesmo e termina a ação com abdução.
O joelho faz flexão e extensão.
Membro Inferior que se Desloca para Trás na Base Zenkutsu Dachi – perna
da frente (Oi zuki recuando): adução do quadril seguido de extensão
do mesmo e termina a ação com abdução. O joelho faz
flexão e extensão. |
Marques Junior (2011), Vencesbrito (2012) |
Mae geri Kekomi (chute) |
Etapa Preparatória: rotação da pelve e da coluna vertebral
seguido de báscula anterior da pelve e extensão da coluna vertebral.
O membro inferior de chute efetua flexão do quadril e do joelho.
Etapa de Chute: báscula anterior da pelve e extensão da coluna
vertebral. O membro inferior faz o chute com extensão do joelho e do quadril. |
Pozo e colaboradores (2011) |
Mawashi geri Kekomi (chute) |
Etapa Preparatória: rotação da pelve e da
coluna vertebral. Mínima abdução do quadril
seguida de rotação interna do quadril com o joelho
em flexão.
Etapa de Chute: continua a rotação da pelve e da coluna vertebral.
Também continua a rotação interna do quadril com o joelho
efetuando extensão. |
Quinzi e colaboradores (2012) |
Kizami Gedan barai (defesa com o braço da frente da guarda) |
Etapa Preparatória: rotação da pelve e da
coluna vertebral. O membro superior que vai realizar a defesa faz
rotação interna do ombro e flexão do cotovelo
e o outro braço pratica extensão do ombro, flexão
do cotovelo e supinação do antebraço.
Etapa de Defesa: rotação da pelve e da coluna vertebral. O membro
superior que faz a defesa efetua rotação externa do ombro e extensão
do cotovelo e o outro braço continua a extensão do ombro, flexão
do cotovelo e supinação do antebraço. |
D`Elia (1987) |
Soto uke (defesa com o braço da frente da guarda) |
Etapa Preparatória: o membro superior que vai praticar a
defesa faz rotação externa do ombro com o cotovelo
em flexão.
Etapa de Defesa: faz a defesa com a rotação interna
do ombro com o cotovelo em flexão e o antebraço acaba
o movimento em supinação. O outro braço termina
a extensão do ombro, a flexão do cotovelo e a supinação
do antebraço.
|
D`Elia (1987) |
Após a leitura desse capítulo sobre o shiai kumite (luta
de competição) referente aos esforços e a biomecânica
das principais técnicas de ataque e de defesa do combate feminino
e masculino torna-se possível elaborar o treino de força
para o karateca do estilo shotokan JKA e ITKF.
TREINO DE FORÇA
O treino de força é caracterizado pela realização
de exercícios que fazem uso de contrações voluntárias
da musculatura esquelética contra qualquer tipo de resistência,
podendo ser o próprio corpo, com pesos livres ou até mesmo
com máquinas, sendo desenvolvido por meio de exercícios
estáticos (isométricos) ou dinâmicos (isotônicos
ou isocinéticos) (American College of Sports Medicine, 2000; Fleck
e Kraemer, 2006). Para Graves e Franklin (2006) o treinamento para manter
ou desenvolver a força e/ou a resistência muscular, é chamado
de treino resistido, efetuado através do princípio da sobrecarga,
este que é aplicado na medida em que os músculos se tornem
capazes de gerar maiores níveis de esforços.
O treino de força também já está muito bem
elucidado quanto aos seus valores para área da saúde (Roschel,
Tricoli e Ugrinowitsch, 2011), sendo que o mesmo serve como maneira preventiva
para amenizar as lesões do ser humano (Marques Junior, 2001).
O treino de força aplicado em atletas das mais variadas modalidades
tem o intuito de melhorar o rendimento esportivo (Barbanti, Tricoli e
Ugrinowitsch, 2004), por exemplo, um atleta para ser mais veloz, arremessar
bem, ter um chute ou soco mais forte, pedalar com mais velocidade, precisa
que o treino de força faça parte de seus treinamentos (Simão,
2004).
Em confirmação, Santarém (2012) afirma que o treino
de força pode otimizar não só em atletas, mas em
qualquer indivíduo diversas capacidades motoras: resistência
muscular, força máxima, força rápida, e por
fim ainda reduzir de força significativa o risco de lesões.
Segundo Delgado (2002), o treino de força é o treinamento
indispensável para qualquer tipo de atletas, com isso, compreende-se
que indubitavelmente o treino de força deve ser incorporado na
rotina de treino de um karateca do shiai kumite (luta de competição),
levando em consideração que nesta modalidade o atleta necessita
de várias habilidades que são desenvolvidas através
do treinamento de força.
Como já descrito, segundo Verkhoshanski (1995), um atleta precisa
efetuar a preparação de força especial para simular
ou aproximar ao máximo dos movimentos e velocidades utilizados
na técnica esportiva propriamente dita.
Portanto, os exercícios descritos foram ancorados no estudo de
Marques Junior (2012b) e Bessa (2009), que respectivamente relataram
que o ataque é executado no período de 1,75 ± 0,70
segundos no masculino e 2,66 ± 1,71 segundos no feminino, onde
80% das lutas não ultrapassam 50 centésimos de segundo.
Caracterizando-se num treinamento enfatizado no componente anaeróbio,
com predominância mais aláctica do que láctica (Bertuzzi
e colaboradores, 2013).
Tipos de força e tipos de treino de força indicados para
o karateca do shiai kumite
Para definição dos exercícios, serão previamente
definidos os tipos de força e de treino de força utilizados
nesta modalidade, que são: a) Força máxima, b) Força
rápida, c) Musculação balística, d) Treino
de potencialização, e) Treino de força reativa e
f)
Treino de soco e/ou de chute no makiwara e no sunatawara:
a) Força máxima dinâmica: Basicamente, a força
máxima dinâmica é considerada a maior força
gerada pelo sistema neuromuscular contra uma máxima resistência
(Ramos, 2000), cuja mesma independe do fator tempo (Santarém, 2012).
Porém, para o desenvolvimento da força máxima Weineck
(2005) acredita que há várias características envolvidas
principalmente as biológicas.
b) Força rápida: Segundo Santarém (2012), a aplicação
rápida da força pode ser considerada como potência,
sendo muito importante para os esportes que utilizam socos, chutes, saltos
e arremessos, tendo em vista que estes gestos além de necessitarem
de muita força, também precisam que esta seja executada em
um menor tempo possível. Para o treino de força rápida,
tanto a carga quanto a velocidade, devem ser trabalhadas perto do máximo,
para que haja uma maior sincronia nos fatores intramusculares das unidades
motoras (Carvalho e Carvalho, 2006).
Para outros autores, a força rápida ou potência (nomenclatura
norte-americana) ou força explosiva (nomenclatura russa) deve ter
cargas entre 61 a 70% para os membros superiores e 66 a 79% para os membros
inferiores (Marques Junior, 2006) ou 60 a 69% (Chiesa, 2002) ou 60 a 80%
(Dantas, 1995), isso está de acordo com autor. Segundo Simão
(2003), como a carga do treino de força rápida varia de indivíduo
para indivíduo, ela é ainda uma incógnita.
c) Musculação balística: A musculação
balística é o mesmo treino do trabalho de força rápida
numa execução balística, ou seja, consiste do esportista
evitar a desaceleração do exercício de força
através da liberação do implemento (arremesso da bola
de medicine ball) ou execução de uma atividade que evite
a perda do desenvolvimento da força rápida – agachamento
com salto segurando a barra pequena com halter ou anilhas (Fleck e Figueira
Júnior, 2003).
d) Treino de Potencialização: Segundo Batista e colaboradores
(2003, 2010) e Gourgoulis e colaboradores (2003) numa manifestação
aguda de maior de desempenho de força rápida quando precedido
por uma realização de exercício de força. Podendo
assim o exercício de força rápida e/ou máxima
servir de “aquecimento” para modalidades que necessitam de
boas respostas de força rápida logo após o aquecimento
(Cometti, 2001).
Após o trabalho de força o atleta recruta mais unidades motoras
gerando melhor performance de força na execução da
técnica esportiva.
e) Treino de força reativa: Consiste exatamente em uma ação
onde alonga-se na fase excêntrica e encurta-se na fase concêntrica,
esta ação é denominada de ciclo de alongamento e encurtamento
(Barbanti, 2002; Fleck e Kraemer, 2006; Komi, 1984).
O treino de força reativa também é descrito por Platonov
(2004) como a força que é desenvolvida através de
exercícios pliométricos que estimulam as contrações
musculares podendo com isso, diminuir o tempo das respostas musculares.
Porém, essa nomenclatura pliometria foi denominada primeiramente
na Europa e posteriormente foi utilizada nos Estados Unidos (Dintiman,
Ward e Tellez, 1999), vindo se popularizar mundialmente por esse país,
mas o ex-soviético Yuri Vitali Verkhoshanski que desenvolveu metodologicamente
esse treino considera mais adequada o nome treino de força reativa,
melhor dizendo, método de choque (Verkhoshanski, 1998).
Segundo Correa e Pinto (2006), o treino de força reativa que é executado
através do ciclo de alongamento e encurtamento com exercícios
de saltos verticais, horizontais, e também no ato de subir e descer
degraus sucessivamente em alta velocidade. Em Bompa (2004), é possível
identificar outros exercícios, pular corda, pular em um pé só,
fazer flexão tirando o tronco do solo e outros.
f) Treino de soco e/ou de chute no makiwara e no sunatawara: Makiwara significa
enrolar com palha, local onde o golpe é desferido para amortecer
o impacto da técnica ofensiva, sendo uma madeira na vertical fixada
no solo (Spiezia e Maffulli, 2010).
O sunatawara é o saco de pancada que fica fixado na parede, árvore
ou no teto do dojô com o intuito do karateca realizar o soco e/ou
o chute (Silvares, 1987). Ambos os instrumentos visam o aumento da força
do ataque do lutador.
Treino de musculação de força rápida, treino
de musculação de força máxima e treino de musculação
balístico para o karateca do shiai kumite
O treino de musculação de força máxima e/ou
força rápida pode ser prescrito em um mesmo treino ou ser
realizado separadamente, isso está de acordo com o objetivo da sessão
(Badillo e Ayestarán, 2001).
Para alguns pesquisadores, a musculação de força máxima é um
pré-requisito para desenvolver ao máximo a força rápida
(Dechechi e colaboradores, 2010; Moreira e colaboradores, 2004; Verkhoshanski,
1999).
Porém, executar em demasia a musculação de força
máxima pode comprometer o desenvolvimento da força rápida
porque os mecanismos neurais e hipertróficos são otimizados
para gerar força máxima numa execução lenta
(Oliveira, 2008; Linnamo e colaboradores, 2000).
Entretanto, Cometti (2001) recomendou o trabalho de força máxima
numa alta velocidade com o intuito de maximizar a força rápida
e permitir que a sobrecarga cause um incremento na execução
veloz da técnica esportiva.
Todavia, Lamas e colaboradores (2008) evidenciaram que o treino de força
máxima e o treino de força rápida otimizam significativamente
(p = 0,05) a força máxima e a força rápida
dos membros inferiores. Esses resultados levaram os autores desse estudo
na seguinte conclusão:
Adaptações semelhantes podem indicar a equivalência
dos estímulos do treino de força máxima e do treino
de força rápida, levando a uma reflexão crítica
sobre a organização de um processo de treinamento envolvendo
períodos distintos de força máxima e força
rápida (p. 243).
Portanto, pode-se concluir que a literatura sobre o treino de força
máxima e de força rápida ainda não é bem
definida no aspecto metodológico porque as investigações
não determinaram qual é a melhor maneira para prescrever
essas duas capacidades motoras na musculação para maximizar
a força rápida do karateca do shiai kumite (luta de competição).
Não se pode esquecer que no fim do exercício da musculação
de força rápida e de força máxima o karateca
do shiai kumite (luta de competição) deve efetuar uma contração
isométrica para reproduzir o kime (final do golpe ou da defesa onde
toda energia mental e física se concentram em uma ação).
Para execução do treino de força rápida e/ou
força máxima e/ou balístico, o ideal é que
a carga seja controlada de maneira adequada, certificando-se das capacidades
motoras especificamente treinadas. Para calcular o peso do treino (PT),
faz-se uma fórmula simples sendo PT igual ao peso máximo
do teste vezes carga de treino em % dividido por 100, sendo igual à ?
quilogramas (kg), após o cálculo repete-se o exercício
na carga contabilizada onde o professor observará a técnica
de execução do praticante percebendo se a carga está ou
não adequada (Kraemer e Häkkinen, 2004).
Baseado no princípio da especificidade descrito por Powers e Howley
(2009), embora o treinamento com pesos livres e o treinamento com máquinas
ainda sejam muitos discutidos, o primeiro exige uma maior estabilização
das articulações trabalhadas, podendo-se dizer que há um
aumento na atividade muscular. Portanto, pesos livres, tornozeleiras, e
medicinebol, atende melhor esse requesito exigido na luta de competição
(shiai kumite) (Fernandes Filho, Ramos e Andreoli, 2002).
Quando prescrever o treino de força o professor deve se preocupar
com a ação da gravidade incidindo sobre o exercício
com halter, barra e anilha e tornozeleira com o intuito de ocasionar máximo
esforço na execução da atividade (Costa, 1996).
Os exercícios de musculação para o treino de força
máxima e força rápida, podem ser citados exercícios
básicos de musculação que desenvolvem tais capacidades
motoras, cujo a mesma poderá ser executada de forma balística
ou não, dependendo-se da força específica a ser trabalhada.
Para descrever a maneira de execução dos exercícios
citados, baseou-se em Esquerdo (2010):
Agachamento livre com halter pequeno com anilha: Em pé com os pés
levemente mais separados que o quadril, segurando o halter pequeno com
anilha (Obs.: não coloque a barra sobre o trapézio e sobre
o deltóide para evitar significativa compressão na coluna
vertebral), abaixar flexionando os joelhos e levantar estendendo os joelhos.
Esse exercício fortalece os músculos da extensão do
joelho do mae geri e do mawashi geri.
Afundo ou avanço: Em pé, segurando o halter pequeno com anilha
(Obs.: não coloque a barra sobre o trapézio e sobre o deltóide
para evitar significativa compressão na coluna vertebral), avance
com um passo largo para frente (Obs.: esse avanço também
pode ser praticado com passo para trás) efetuando flexão
do joelho e do quadril, enquanto que o membro inferior de trás faz
extensão do quadril e do joelho. Fortalecimento dos músculos
do deslocamento na base zenkutsu dachi.
Supino com halter: Em decúbito dorsal, costas apoiadas, o halter
deverá ser carregado separado verticalmente ao peito, e levantá-los
também verticalmente ao centro com os cotovelos perpendiculares
ao corpo. Fortalecimento dos músculos do soco.
Arremesso com bola de peso: Segurar uma bola de medicinebol em uma das
mãos, e arremessá-la simulando um soco, fazer algumas repetições
no lado esquerdo e no lado direito.
Simulação do soco com rotação do tronco na
polia (cross over): Em pé, com as pernas semiflexionadas (uma mais à frente
da outra) exercício realizado com pegada unilateral na polia, simulando
um golpe (soco) completando com rotação de tronco (envergadura),
depois trocar o lado trabalhado. Fortalece os músculos do gyaku
zuki.
Descolamento na base zenkutsu dachi: Um karateca segura uma faixa e o outro
lutador se encontra na “base livre” (base de luta) realizando
força para se deslocar para frente (Nakayama, 1996), essa atividade
de segurar a faixa deverá durar por 1 a 30 segundos para estar no
tempo do metabolismo aláctico e/ou láctico, após esse
período a faixa será solta e o lutador vai deslocar para
frente na zenkutsu dachi, momento no qual o karateca realiza um soco (oi
zuki, kizami zuki e gyaku zuki) e/ou chute (mae geri e mawashi geri). Recomenda-se
que após o estímulo ocorra pausa ativa ou passiva ou não,
para simular a luta, merecendo que o intervalo efetuado seja de 2 segundos
a 4 minutos, duração ocorrida quando o árbitro interrompe
o shiai kumite (luta de competição) (Oliveira, 2004; Marques
Junior, 2012b). Esse treino tem o intuito de desenvolver a força
rápida dos membros inferiores no deslocamento para frente da “base
livre” para a zenkutsu dachi ou o mesmo treino pode ser feito no
trabalho de recuo, passando da “base livre” para a zenkutsu
dachi, efetuando em seguida uma defesa e ao mesmo tempo ou depois um contra-ataque.
A figura 8 ilustra as explicações.
Após explicar vários exercícios para o treino de força é oferecido
uma tabela científica de musculação para o karateca
do shiai kumite (luta de competição) baseada em várias
referências (Bacurau e colaboradores, 2001; Badillo e Ayestarán,
2001; Balsamo e Simão, 2005; Cometti, 2001; DeRenne, Ho e Murphy,
2001; Deschens e Kraemer, 2002; Fitts, 2003; Fleck e Kraemer, 1999; Goldspink,
1999; Komi, 1991; Linnamo e colaboradores, 2000; Marques Junior, 2001,
2005; Newton e colaboradores, 2002; Sale, 1988; Soares e Appell, 1990;
Tesch, Colliander e Kaiser, 1986; Wilson e colaboradores, 1993).
Figura
8 baixar o texto para ver na íntegra
Tabela 3 - Tabela científica de musculação
para prescrever o treino
|
Adaptação (usada nas 1ª semanas) |
Força Rápida |
Força Máxima Dinâmica |
% do Peso Máximo |
45 a 65%
|
30 a 90% |
90 a 100% |
Repetições |
3 a 10 |
3 a 10
|
1 a 5 |
Velocidade do Movimento |
lenta ou média
|
veloz na concêntrica e lenta
na excêntrica |
lenta |
Séries |
1 a 5 |
1 a 5 |
1 a 5 |
Pausa |
30 segundos a 5 minutos |
30 segundos a 5 minutos |
30 segundos a 5 minutos |
Metabolismo Predominante |
Aeróbio ou Aláctico |
Aláctico ou Láctico |
Aláctico |
Força Predominante |
- |
Neural |
Neural |
Fibra Muscular Mais Exigida |
IIa e/ou I ou IIb
|
IIb |
IIb |
Frequência Semanal |
1 a 3
|
2 a 5 |
2 a 5 |
Recuperação |
48 h (2 dias) |
24 h (1 dia)
|
24 h (1 dia) |
Hipertrofia Predominante |
- |
Sarcoplasmática |
Miofibrilar |
Adaptações Neuromusculares |
14 dias (coordenação intermuscular) |
14 dias (coordenação intermuscular)1 mês
e mais 12 dias a 26 dias (coordenação intramuscular)
Predomina o aumento da força neural no período de 2 meses e 10
dias.Depois ocorre predomínio dos fatores hipertróficos a partir
de 1 mês e 26 dias a 2 meses e 10 dias. |
14 dias (coordenação intermuscular)
1 mês e mais 12 dias a 26 dias (coordenação
intramuscular)
Predomina o aumento da força neural no período
de 2 meses e 10
dias.
Depois ocorre predomínio dos fatores hipertróficos a partir de
1 mês e 26 dias a 2 meses e 10 dias. |
Treino de força reativa para
o karateca do shiai kumite
Alguns estudos como o de Ford e colaboradores (1983) que exercitou
50 meninos, e Markovic e Newton (2007) numa meta-análise, afirmaram
que o treino de força reativa através dos saltos resultaram
em melhora significativa (p=0,05) do salto vertical, da velocidade, da
força reativa, da agilidade e de outras capacidades motoras que
são dependentes da força. Além disso, o treino de
salto em profundidade que é realizado por múltiplos saltos
com ou sem obstáculos, aumenta a força do chute do karateca,
por esse motivo é indicado para prescrição dessa
sessão para o lutador do shiai kumite (Cemnalianskis, 2011), provavelmente
as respostas positivas na força de karatecas são entendidas
devido os saltos provocarem inúmeros benefícios nestes,
tais como: melhora da velocidade, da agilidade, da potência anaeróbia,
e da economia da corrida (entende-se para o karatê na economia
do deslocamento da base), porém, para os saltos há necessidade
de uso de tênis adequado para redução no potencial
de lesões (Marques Junior, 2009).
Portanto para o treino de força reativa será explicado
um exercício para os membros inferiores (salto em profundidade)
e outro para os membros superiores (flexão de braços):
a) Salto em profundidade: Inicialmente é determinada a altura
de queda, em seguida o karateca cai de um caixote, toca com a ponta dos
pés no solo, salta para cima do caixote e realiza sucessivamente
esta ação até acabar a série – veja
exemplo na figura 9. Outra maneira de praticar o salto em profundidade,
o atleta inicia em pé no solo, saltar por cima de uma barreira
(Obs.: essa barreira pode ser feita com cano de PVC de 32), cai no solo
e faz esse ciclo até acabar a série (Verkhoshanski, 1995).
Entretanto, para determinar a altura do salto, é necessário
executar antes um exercício de força reativa (Forteza,
2004), ou seja, a altura utilizada na queda deverá estar de acordo
com a especificidade da atividade a ser realizada no salto em profundidade.
O protocolo para descobrir a altura de queda, pode ser definido como
um teste onde, o indivíduo ao lado de uma parede e as mãos
sujas de giz, salta por cima de uma barreira ou cai de cima de um caixote,
quando cair ao solo realiza um salto vertical, tocando na parede com
as mãos para determinar uma marca, e em seguida deve ocorrer uma
pausa para restaurar o metabolismo anaeróbio aláctico (ver
tabela 1). O salto vertical (SV) é estabelecido pelo seguinte
cálculo: SV = Alcance no salto vertical – Envergadura lateral
= Impulsão em cm. Em caso de resultados próximos entre
duas ou mais alturas de queda, opte pela maior altura de queda (Marques
Junior, 2005b).
Figura
9 baixar o texto para ver na íntegra
b) Flexão de braço: A posição inicial consiste
que o praticante fique em decúbito ventral e pés unidos,
olhando para solo e com as mãos separadas levemente a uma distância
entre os ombros e com os cotovelos estendidos (Esquerdo, 2010).
Em seguida, o karateca faz uma rápida flexão do cotovelo
e extensão do ombro, vindo efetuar imediatamente extensão
do cotovelo e flexão do ombro com um impulso forte que ocasiona
a saída das mãos do solo, retornando imediatamente para
o mesmo (Bompa, 2004; Zakharov, 1992). Todo esse ciclo se repete até terminar
o número de repetições. O intuito desse trabalho é aumentar
a força reativa dos membros superiores, ocasionando aumento da
força do soco. A figura 10 ilustra as explicações.
Após explicar sobre o treino de força reativa é oferecido
uma tabela científica dessa sessão para o karateca do shiai
kumite (luta de competição) baseado em várias referências
(Badillo e Ayestarán, 2001; Bobbert, 1990; Delecluse e colaboradores,
1995; Horita e colaboradores, 1999; Komi, 1991, 2000; Marques Junior,
2005, 2006, 2009; Malisoux e colaboradores, 2006; Sale, 1988; Verkhoshanski,
1998; Wilson e colaboradores, 1993; Young, Wilson e Byrne, 1999; Zakharov,
1992).
Figura
10 baixar o texto para ver na íntegra
Tabela 4 - Tabela científica de
força reativa para prescrever o treino
|
Adaptação (usada nas 1ª semanas) |
Iniciação (usado após a adaptação) |
Força Rápida |
Força Máxima Dinâmica |
Altura de Queda para o Membro Inferior |
Menos de 20 cm |
20 a 49 cm |
50 a 75 cm |
76 a 110 cm |
Altura de Queda para o Membro Superior |
sem altura |
5 a 10 cm |
11 a 20 cm |
21 a 30 cm |
Séries |
1 a 4 |
1 a 4 |
1 a 4 |
1 a 4 |
Repetições |
3 a 10 |
3 a 10 |
3 a 10 |
3 a 10 |
Velocidade do Movimento |
máxima |
máxima |
máxima |
máxima |
Pausa e Ação
|
30 segundos a 10 minutos
Membro Inferior: andar
Membro Superior: balanceio
|
30 segundos a 10 minutos
Membro Inferior: andar
Membro Superior: balanceio
|
30 segundos a 10 minutos
Membro Inferior: andar
Membro Superior: balanceio |
30 segundos a 10 minutos
Membro Inferior: andar
Membro Superior: balanceio |
Metabolismo Predominante |
Aláctico |
Aláctico |
Aláctico |
Aláctico |
Fibra Muscular Mais Exigida |
IIb |
IIb |
IIb |
IIb |
Frequência Semanal |
1 a 2 |
1 a 3 |
2 a 3 |
2 a 3 |
Recuperação |
48 a 72 h (2 a 3 dias) |
24 a 48 h (1 a 2 dias) |
48 h (2 dias) |
72 h (3 dias) |
Força Predominante |
Neural |
Neural |
Neural |
Neural |
Hipertrofia Predominante |
Sarcoplasmática |
Sarcoplasmática |
Sarcoplasmática |
Sarcoplasmática |
Treino de soco e/ou de chute no makiwara
e treino de chute e/ou de soco no sunatawara para o karateca do shiai
kumite
O princípio da especificidade ensina que o treino precisa estar
relacionado com as características do esporte, ou seja, ambiente
da disputa – torcida, esforços iguais ao da competição – metabólico,
neuromuscular etc, gesto esportivo no treino físico igual ao
similar ao da modalidade e outros (Barbanti, 2010; Dantas, 1995). Portanto,
Tubino e Moreira (2003) concluíram:
Para desenvolver qualquer fator determinante de uma performance é preciso
trabalhá-lo especificamente (p. 111).
Por exemplo, Augustsson e colaboradores (1998) treinaram um grupo que
realizou exercício de cadeia cinética aberta (n = 10, cadeira
extensora do joelho e cadeira adutora) e de cadeia cinética fechada
(n = 11, agachamento com barra longa e anilha). Cada grupo praticou 4
séries de 8 a 12 repetições, com carga de 75% em
relação ao peso máximo para o grupo de cadeia cinética
fechada e o grupo de cadeia cinética aberta teve o peso ajustado
em relação aos resultados do teste de peso máximo
por repetição, com no máximo 5 kg de carga.
Após 6 semanas, ocorreu melhora significativa (p=0,05) do salto
vertical do grupo de cadeia cinética fechada (agachamento) entre
o pré (48,2 ± 9,7 cm) e o pós-teste (53,1 ± 11,6
cm), e o mesmo não ocorreu no grupo de cadeia cinética
aberta (pré-teste = 50,4 ± 9,2 cm, e pós-teste =
53,8 ± 10,3 cm). Os autores concluíram que o grupo de cadeia
cinética fechada (agachamento) obteve ganho no salto vertical
porque essa atividade é específica para a execução
da elevação do centro de gravidade, ou seja, os mesmos
movimentos articulares dos membros inferiores do agachamento são
iguais ao do salto vertical.
Então, sabendo que o treino de força específico
melhora a força da técnica esportiva, torna-se essencial
o treino de soco e/ou de chute no makiwara (madeira na vertical que se
encontra fixada no solo com uma proteção de borracha na
região do soco e/ou do chute) e no sunatawara (saco de areia).
Segundo Cox (1993), karatecas da faixa preta efetuam um soco com uma
força equivalente a 306,18 quilogramas (kg), enquanto que os lutadores
de karatê da faixa preta que praticam regularmente o soco no makiwara
possuem uma força no soco de 680,4 kg. Importante também
dizer que o soco no makiwara provavelmente viabiliza uma breve pronação
de antebraço, tendo uma utilidade considerável, tendo em
vista que o tempo de realização do soco acaba sendo reduzido
(Vencesbrito, 2012).
No karatê shotokan, o sunatawara (saco de areia) pode ser utilizado
para aumentar a força do chute e do soco (Silvares, 1987), mas
costuma ser mais utilizado para aumentar a força rápida
do chute.
Recomenda-se que o karateca dê preferência para exercitar
no makiwara e no sunatawara os golpes que mais pontuam no shiai kumite
(luta de competição). Esses socos e chutes já foram
apresentados na parte 1 do artigo – esforços e biomecânica
do karateca no shiai kumite, para lembrar o leitor esses golpes são:
kizami zuki (soco), gyaku zuki (soco), oi zuki (soco), mae geri (chute)
e mawashi geri (chute) (Ross, 2009).
Para execução do soco e/ou do chute, o karateca ficará de
frente para o makiwara (madeira na vertical fixada no solo para aplicar
os golpes) ou para o sunatawara (saco de pancada) em posição
de combate, na “base livre”, recomenda-se que o treino de
chute e/ou de soco seja predominantemente aláctico (1 a 15 segundos)
e em menor proporção na sessão o sistema láctico
(16 segundos a 1 minuto e 59 segundos) porque o metabolismo energético
anaeróbio é mais requerido nas ações de ataque
e de defesa no shiai kumite (Marques Junior, 2012b).
Como a sessão de soco e/ou de chute no makiwara e no sunatawara
merecem ser no metabolismo anaeróbio, a força rápida é a
mais trabalhada e tendo no final dos golpes uma breve contração
isométrica, o kime (final do golpe ou da defesa onde toda energia
mental e física se concentram em uma ação) (D`Elia,
1984). Durante esse treino de força específica as repetições,
séries e pausas merecem ser adequadas para trabalhar a força
rápida e de preferência no sistema anaeróbio aláctico
(Marques Junior, 2012f).
Todas essas explicações são para karatecas do shiai
kumite (luta de competição) a partir da faixa verde (graduados)
e na idade adulta porque esses lutadores possuem tempo de prática
para efetuar adequada técnica esportiva no implemento e as chances
de lesão nesses aparelhos são menores. A tabela 1 expõe
valores para nortear o treino de soco e/ou de chute no makiwara (madeira
na vertical fixada no solo para aplicar os golpes) e no sunatawara (saco
de pancada) para karatecas a partir da faixa verde e para iniciar na
idade de 13 anos até a idade adulta.
Após explicar sobre o treino de soco e/ou de chute no makiwara
e no sunatawara (saco de areia) para o karateca do shiai kumite (luta
de competição) baseado em algumas referências (Chaabène
e colaboradores, 2012; Marques Junior, 2012f; Sasaki, 1978; Silvares,
1987; Souza, 2002; Spiezia e Maffulli, 2010).
O treino de força específico de soco e/ou de chute no makiwara
(madeira na vertical fixada no solo para aplicar os golpes) e/ou no sunatawara
(saco de pancada) em alguns casos, também tem o intuito de melhorar
as técnicas esportivas de ataque do karateca do shiai kumite (luta
de competição), a respiração na execução
do golpe e aumentar a força da técnica ofensiva.
Caso o foco do treino seja melhorar e/ou aperfeiçoar a técnica
esportiva de ataque e otimizar a força do golpe, indica-se que
o karateca utilize no seu treino alguns conteúdos da Aprendizagem
Motora, com o intuito de atingir melhoras mais rápidos da técnica
esportiva ofensiva.
Então, durante o soco e/ou o chute no makiwara (madeira na vertical
fixada no solo para aplicar os golpes) e no sunatawara (saco de pancada),
o mestre do karatê que também tem o intuito de otimizar
a técnica esportiva de ataque e a força do golpe, merece
segundo Marques Junior (2010), utilizar a prática em bloco, a
prática aleatória, também denominada de randômica
e a prática mista (Composta pela prática em bloco e pela
prática aleatória).
A prática em bloco acontece com um número de exercícios
e séries para cada golpe no makiwara e no sunatawara, com uma
sequência definida, por exemplo, é feita a tarefa A, depois
a B, ocorre a C e o trabalho prossegue assim por diante até acabar
a série.
A figura 11 ilustra a estrutura de uma sessão com a prática
em bloco durante o gyaku zuki (soco com reversão) no makiwara.
Nesse exemplo a carga foi em segundos, sendo a seguinte: 100% é igual
a 3 minutos, logo converte 3 minutos para segundos, sendo 3 minutos vezes
60 que é igual a 180 segundos.
Depois o mestre do karatê distribui os 180 segundos como carga
das atividades. O esforço e pausa de 1:2 foi utilizado nessa prática
em bloco, logo 20 segundos do estímulo vezes 2 que é igual
a 40 segundos do tempo de pausa passiva. A relação esforço
e pausa foram aplicadas no exemplo da figura 11, podendo ser utilizadas
no soco e/ou no chute no makiwara e no sunatawara conforme o metabolismo
energético predominante: anaeróbio aláctico (duração
do estímulo entre 1 a 15 segundos) na relação 1:2
e/ou 1:3 ou anaeróbio láctico (duração do
estímulo entre 16 a 30 segundos) na relação 1:2
e/ou 1:3 e/ou 1:1 (Marques Junior, 2013).
A pausa do treino de força específico de soco e/ou de chute
no makiwara e no sunatawara pode ser determinada de outra maneira, podendo
ser consultada na Tabela 1 desse artigo.
Tabela
5, Figura 11 e 12 baixar o texto para ver na íntegra
A prática aleatória ou
randômica de qualquer treino, como exemplo vai ser utilizado
o mawashi geri (chute semicircular) no sunatawara (saco de pancada), é sem
uma ordem de tarefa definida com o intuito de ocasionar uma alta interferência
contextual porque ocorre uma constante reconstrução da
memória, dificultando o esquecimento do plano motor. Enquanto
que na prática em bloco o objetivo é a aquisição
da técnica esportiva, na prática aleatória o intuito é ocasionar
retenção da mesma técnica esportiva, nesse exemplo
o mawashi geri desferido no sunatawara. Por exemplo, o objetivo da
sessão é melhorar a técnica e aumentar a força
do mawashi geri no sunatawara, mas o mestre do karatê prescreve
outras atividades no decorrer da sessão com o intuito de “atrapalhar” a
memória do lutador na execução da excelência
da técnica do chute. A figura 12 ilustra a estrutura de uma
sessão com a prática aleatória durante o mawashi
geri no sunatawara.
A última prática indicada, também é recomendada
por Marques Junior (2010), ela é composta pela prática
em bloco e pela prática aleatória, essa prática
segundo Brady (2004), proporciona boa retenção do conteúdo
do treino técnico do mawashi geri que também aumentara
a força do golpe.
Mas porque a melhora da técnica aumenta a força
do golpe?
Baseado em Nakayama (2011), quando um karateca do estilo shotokan pratica
um soco só com o uso dos membros superiores, a força
do golpe é mínima. Mas quando um soco é efetuado
com o uso de todo o corpo, que vai dos pés até os braços,
gera mais força numa única ação. Um dos
requisitos fundamentais para aumentar a força do ataque ou da
defesa, é utilizar o “quadril” (Obs.: nomenclatura
científica denominada de pelve), somando todas as ações
do corpo.
Conclui-se que, o treino de soco e/ou de chute no makiwara (madeira
na vertical fixada no solo para aplicar os golpes) e no sunatawara
(saco de pancada) aumenta a força, conseguindo ainda mais benefícios
no incremento da força se a técnica esportiva for cada
vez melhorada.
Como determinar a melhora da técnica esportiva?
Consultando Magill (2000), inicialmente deve-se fazer um pré-teste
para verificar a qualidade da técnica esportiva. Para karatecas
com poucos recursos financeiros, o ideal que o mestre do karatê observe
a execução do golpe e marque em um scout a qualidade
da técnica esportiva (Marques Junior, 2009b). Após alguns
meses do uso da prática em bloco com o treino de soco e/ou chute
no makiwara (madeira na vertical fixada no solo para aplicar os golpes)
e no sunatawara (saco de pancada), recomenda-se nova avaliação,
o pós-teste, com o intuito de verificar se ocorreu a aquisição.
Em seguida, o karateca merece continuar a treinar soco e/ou chute no
makiwara e no sunatawara com a prática aleatória, também
denominada de randômica e/ou com a prática mista (Composta
pela prática em bloco e pela prática aleatória).
Depois de alguns meses de treino, o mestre do karatê merece fazer
um teste para verificar se ocorreu retenção. Magill (2000)
indicou o teste de retenção, onde o karateca fica alguns
dias sem fazer a atividade e torna a realizar soco e/ou chute no makiwara
e no sunatawara, sendo avaliada a técnica esportiva com o uso
do scout.
Mas como verificar o aumento da força
proveniente do treino de soco e/ou de chute no makiwara e no sunatawara?
Pode-se determinar com a filmagem da técnica de ataque do karateca
e posteriormente essa filmagem é transferida para o software
Skill Spector que é oferecido gratuitamente na internet (Marques
Junior, 2012g). Com o Skill Spector, é possível determinar
a velocidade linear do golpe e o tempo em segundos do mesmo golpe.
Sabendo esses valores, é possível estabelecer pelo cálculo
de Wasik (2011) a força de impacto do chute e/ou do soco, sendo:
Força do Impacto = [m . (v)²] : [2 . s] = ? N
Significado das Abreviaturas da Equação
m: massa (massa corporal total em kg) / v: velocidade máxima
linear em metros por segundo / s: segundos / N: newton
CONCLUSÃO
Conclui-se que o treino de força para um atleta de karatê do
estilo shotokan especialista no shiai kumite (luta de competição),
para que seja especificamente descrito, deve ser observados suas reais
particularidades: cinesiologia, biomecânica e fisiologia dos
movimentos, tempo da luta, tempo da pausa do combate e velocidade dos
golpes, e que somente após isso consegue-se desenvolver um treinamento
específico e condizente com a realidade dos lutadores.
Também foi verificado que para o treino de força poder
agir de forma significativa para melhorar as capacidades motoras requeridas
na luta e contribuir para uma melhor performance durante a competição.
Para os karatecas o treinamento deve conter sessões de musculação
de força máxima e de força rápida com trabalho
balístico ou não, o treino de força reativa também
merece ser praticado através de saltos e de flexões de
braço, soco no makiwara, chute e/ou soco no sunatawara.
AGRADECIMENTOS
Os autores do artigo agradecem ao advogado Pedro Ernesto da Silva Leite
pela elaboração do resumo em inglês. Sem a sua
preciosa ajuda o resumo em inglês não teria a mesma qualidade.
REFERÊNCIAS
1-Ajamil, D.; Moro, R.; Idiakez, J.; Jiménez, M.; Echevarría,
B. Estudio comparativo de las acciones de combate en el karate de categoría
juvenil (12-13 años) y sénior. Apunts. num. 104. p. 66-79.
2011.
2-American College of Sports Medicine. Guidelines for exercise testing
and prescription. Sixth edition. Lippincott: Williams e Wilkins, 2000.
3-Arriaza, R. Karate. In. Kordi, R.; Maffullo, N.; Wroble, R.; Wallace,
W., editores. Combat sports medicine. Berlin: Springer. p.287-297.
2009.
4-Artioli, G.; Bertuzzi, R.; Roschel, H.; Mendes, S.; Lancha Junior,
A.; Franchini, E. Determining the contribution of the energy systems
during exercise. Journal of Visualized Experiments. Num. 61, p.1-5,
2012.
5-Augustsson, J.; Esko, A.; Thomeé, R.; Svantesson, U. Weight
training of the thigh muscles using closed vs. open kinetic chain exercises:
a comparison of performance enhancement. JOSPT. Vol. 27, Num. 1, p.
3-8, 1998.
6-Bacurau, R.; Navarro, F.; Uchida, M.; Rosa, L. Hipertrofia-hiperplasia.
São Paulo: Phorte, 2001.
7-Badillo, J.; Ayestarán, E. Fundamentos do treinamento de força.
2ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2001.
8-Balsamo, S.; Simão, R. Treinamento de força para osteoporose,
fibromialgia, diabetes tipo 2, artrite reumatoide e envelhecimento.
São Paulo: Phorte, 2005.
9-Bangsbo, J. Oxygen déficit: a measure of the anaerobic energy
production during intense exercise? Canadian Journal of Applied Physiology.
Vol. 21, Num. 5, p. 350-363, 1996.
10-Barbanti, V. Manifestações da força motora
no esporte de rendimento. In. Barbanti, V.; Amadio, A.; Bento, J.;
Marques, A., editores. Esporte e atividade física. São
Paulo: Manole, 2002. p.19.
11-Barbanti, V. Treinamento esportivo: as capacidades motoras dos esportistas.
Barueri: Manole, 2010.
12-Barbanti, V.; Tricoli, V.; Ugrinowitsch, C. Relevância do
conhecimento científico na prática do treinamento físico.
Revista Brasileira de Educação Física e Esporte.
Vol. 18. Num. esp. p. 101-109. 2004.
13-Batista, M.; Coutinho, J.; Barroso, R.; Tricoli, V. Potencialização:
a influência da contração muscular prévia
no desempenho da força rápida. Revista Brasileira de
Ciência e Movimento. Vol. 11. Num. 2. p. 07-12. 2003.
14-Batista, M.; Roschel, H.; Barroso, R.; Ugrinowitsch, C.; Tricoli,
V. Potencialização pós-ativação:
possíveis mecanismos fisiológicos e sua aplicação
no aquecimento de atletas de modalidades de potência. Revista
da Educação Física/UEM. Vol. 21, Num. 1, p. 161-174.
2010.
15-Benedini, S.; Longo, S.; Caumo, A.; Luzi, L.; Invernizzi, P. Metabolic
and hormonal kumite and kata in karate athletes. Sport Science and
Health. Vol. 8, Num. 2-3. p. 81-85. 2012.
16-Beneke, R.; Beyer, T.; Jachner, C.; Erasmus, J.; Hütler, M.
Energetics of karate kumite. European Journal of Applied Physiology.
Vol. 92, Num. 4-5. p. 518-523. 2004.
17-Bertuzzi, R.; Nascimento, E.; Urso, R.; Damasceno, M.; Lima-Silva,
A. Energy system contributions during incremental exercise test. Journal
of Sports Science and Medicine. Vol. 12. 2013.
Ver a lista completa
Original: Revista
Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício,
São Paulo, v.7, n.41, p.506-533. Set/Out. 2013. ISSN 1981-9900.
*Mestrando em Ciências
do Exercício e do Esporte na UGF do RJ
nk-junior@uol.com.br
** CONSULTOR CDOF
Programa de Pós-Graduação Lato Sensu da Universidade
Gama Filho em Fisiologia do Exercício: Prescrição do Exercício.
E-mail:
jose_nunes_99@hotmail.com
Endereço para correspondência:
Rua Henrique Soro, 6510, AP: 02
Aponiã –Porto Velho –Rondônia.
CEP: 76824-074.
|
|