TRIATHLON É A PROVA DO
HOMEM DE FERRO
E MOSTRA QUE TRÊS NEM SEMPRE É DEMAIS
Por:
Luiz Carlos de Moraes CREF1 RJ 003529-P/R
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Data de Publicação: 10/08/2009
Geralmente
quem pratica esporte por prazer, de certa forma acha que sua
modalidade é a melhor e mais desgastante, principalmente
as de longa duração. Por conta disso no Havaí surgiu
uma das provas mais duras do planeta. O Iron Man que significa
homem de ferro. Afinal,
nadar 3800 metros, pedalar 180 km e de sobremesa ainda correr
uma maratona com seus 42,195 km é mesmo para homens e
mulheres de ferro.
Um certo capitão John Collins (ex-fuzileiro da marinha
americana), para acabar com o ufanismo de nadadores, ciclistas
e corredores resolveu juntar o percurso das três provas
havaianas mais famosas numa só: os 3800 metros da Waikiki
Rough Water - travessia a nado da enseada do Havaí, os
180 km da Aroud Oahu Bike Race - prova de ciclismo em torno da
ilha de Oahu e os 42,195 km da Maratona de Honolulu.
Em fevereiro de 1978 quinze marinheiros americanos disputaram
o primeiro Iron Man que se tem notícias e, acreditem!
Apenas três desistiram.
No Brasil, com tantas cidades litorâneas, o esporte caiu
como uma luva especialmente para os cariocas que em 1983 organizaram
sua primeira prova. Daí para frente foi só crescendo
e em praticamente todas as grandes cidades contam com associações,
clubes e Federações de Triathlon.
O crescimento foi também mundial e hoje se pratica essa
prova em mais de 120 países com popularidade suficiente
para ter se tornado Olímpica em distâncias reduzidas.

Os percursos originais são muito seletivos
e por isso o esporte sofreu reformas para atrair mais adeptos
surgindo
o “short triathlon“ (750
metros de natação,
20 km de ciclismo e 5km de corrida). “O “Triathlon
Olímpico” (1500
metros de natação,
40 km de ciclismo e 10 km de corrida) e o ‘Meio
Iron Man” com
1900 metros de natação, 90 km de ciclismo e 21
km de corrida. Entre essas modalidades a Olímpica é a
preferida e mais praticada.
Outras combinações também surgiram para
atender necessidades específicas de cidades do interior
e/ou academias tais com o Biathlon e
o Decathlon. O primeiro
reúne a natação e a corrida. No Decathlon
o atleta corre, pedala depois corre de novo.
A largada no mar costuma ser confusa com os competidores acotovelando-se
na procura de uma melhor posição em relação
ao vento e à correnteza. Depois da corrida na areia é preciso
um pouco de sorte e atenção para entrar bem na água
sem ser atrapalhado pela onda. Quem consegue uma boa largada
na água nada mais tranqüilo enquanto a maioria troca
pernada e braçada no miolo da prova. Se o mar estiver
meio “zangado”, na saída exige-se atenção
também. É bom dar uma olhadinha para trás
e ver se não vai ser engolido por uma onda. Nesse caso
basta mergulhar antes dela e sair correndo para a areia antes
da próxima onda.
Claro, quem pretende um dia pelo menos completar o Iron Man
tem que treinar muito as três modalidades, além da musculação
e alongamento cumprindo um planejamento longo, gradual e progressivo
que inclui primeiramente a participação em provas
menores. A planilha é pesada e não poderia ser
de outra forma com dois treinos diários de duas das três
modalidades e as três no final de semana com simulações
de uma prova real.
O bom triatleta se preocupa em treinar também as transições
onde muita gente boa já perdeu provas. A rapidez da troca
de material, seu uso adequado e principalmente a assimilação
fisiológica do corpo ao sair da posição
horizontal para vertical precisa ser treinada e pode fazer a
diferença entre o campeão e o vice. A transição
do ciclismo para a corrida costuma ser a mais complexa e dolorosa.
Se o atleta forçar muito nos quilômetros finais
da segunda etapa pode começar a corrida meio “travado”.
A corrida costuma ser a etapa decisiva onde a vitória,
a derrota ou até a desistência dos menos preparados
costuma acontecer. Nem sempre quem sai da água em primeiro
lugar vence a prova. Os bons atletas hoje são os que conseguem
manter regularidade nas três etapas e fazer boa transição.
Os equipamentos também devem ser de boa qualidade pois
não justifica treinar tanto e correr o risco de perder
uma prova por causa de escolha errada do material. Para a natação
a sunga ou maiô deve ser nem muito ajustada nem folgada.
Os óculos e a touca também para não se soltarem
ou sair do lugar principalmente na largada. A roupa de frio todo
atleta também deve possuir e só é permitida
se a organização da prova sugerir por critérios
de segurança se a água no dia estiver muito fria. É uma
situação que o atleta também deve estar
treinado para encarar. A natação exige um profissional
específico para corrigir os defeitos, melhorar a braçada
e o deslize. Esses detalhes são possíveis de ser
aperfeiçoados nadando em piscina com o treinador orientando
e até filmando. A maior parte do treinamento é feito
assim, mas pelo menos uma vez por semana o atleta deve nadar
no mar.
No ciclismo a bicicleta usada é a mesma das provas de
estrada e os preços variam de cinco mil a trinta mil reais
ou mais. É o equipamento mais importante e a diferença
está na escolha correta com tamanho do quadro adequado às
dimensões do tronco e pernas do atleta. Acessórios
de boa qualidade evitam não ficar a pé ou contundido
pelo caminho. Perder uma prova para o adversário faz parte
da competição, mas perder para o equipamento
chega a ser uma burrice.
O conforto e o rendimento aumentam na proporção
que o ciclista passa a ter intimidade com a bicicleta e a dominar
as resistências oferecidas: a de rolamento (atrito da roda
no solo), a mecânica (proveniente das engrenagens da bicicleta),
a do ar e a da gravidade. Em dias de mau tempo uma boa opção
na academia é fazer aula de spinning ou em casa utilizar
os chamados rolos que são equipamentos onde a própria
bicicleta pode ser a ele acoplada para simular o treino do
dia.
A corrida, das três modalidades é a única
que o atleta carrega o peso todo do corpo. Se nas outras etapas
o sujeito “foi fundo” sem estar preparado, aqui ele
vai se arrastar. As pernas ficam “pesadas” e não
obedecem de jeito nenhum. O tênis é o equipamento
mais importante para absorver os impactos e existem modelos que
dispensam amarras tudo objetivando não perder tempo. O
resto é treinamento com cargas coerentes com as outras
modalidades. A exemplo do ciclismo uma boa opção é correr
numa boa esteira com velocidades de até 16 km/h e inclinação
automática até 10%. A principal diferença é o
impacto que costuma ser reduzido na esteira em até 8%
do peso corporal. Na rua o esforço pode ser diminuído à medida
que o indivíduo passa a dominar a biomecânica do
movimento e as resistências naturais: a do atrito com o
solo, a pisada transferindo a força das pernas para o
vôo mantendo a aceleração, a pisada da aterrizagem
e a do ar incluindo aí o vento que nunca sopra o tempo
todo na mesma direção. Isso sem contar com o tempo,
temperatura e umidade relativa do ar. Mesmo assim, estima-se
que o impacto no asfalto seja em torno de duas a duas vezes e
meia o peso corporal. Como na esteira é o chão
que se movimenta o corredor é obrigado a se manter em
movimento constante e uniforme. Na rua, a perda do ritmo é mais
fácil por diversos motivos entre eles o cansaço,
dores e mudança constante de tipo de piso e obstáculos.
A principal vantagem da esteira é a possibilidade do controle
total do treinamento no que se refere à freqüência
cardíaca, ritmo, passada e mecânica do movimento
principalmente se, em frente à esteira houver um espelho.
Muita gente acha que a distância percorrida na esteira
não seja a mesma da rua. Se a esteira estiver aferida
a distância é exatamente a mesma e a maioria delas
está expressa em milhas por hora. Para transformar em
km por hora basta multiplicar por 1690. Tem-se a impressão
de não ser a mesma distância porque na esteira é mais
confortável e cansa menos.
Como em qualquer esporte, mais ainda no triathlon, não
dá pra treinar sem orientação profissional.
As orientações técnicas de cada modalidade
e o acompanhamento nutricional são indispensáveis.
Existem também a opção de sites e boas revistas
que sugerem planilhas de treinamento e muitas dicas de pessoas
experientes, mas a presença de um profissional habilitado
lado a lado com o atleta é a garantia de sucesso mesmo
que se vejam uma vez por semana.
O Triathlon, como não poderia deixar de ser proporciona
todos os benefícios de outros esportes, tanto a nível
físico como psicológico. Em minha opinião
particular os corpos mais bonitos tanto do homem como da mulher
são do triatleta. Ao contrário do que se imagina
esse esporte não deixa a mulher musculosa haja vista o
corpo da mais famosa brasileira Fernanda Keller. A presença
delas é cada vez mais marcante e bem vinda. Ufanismos à parte.
Um é pouco, dois é bom, três nem sempre é demais.
Só quem pratica é que sabe como é bom.
