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Sex, 9/1/09 15:24

ESPORTES

Ginástica Rítmica: Esporte, História e Desenvolvimento
Angela Maria Da Paz Molinari

INTRODUÇÃO
    A história nos mostra que a Ginástica Rítmica é um esporte recente, muito complexo e que teve seu início na necessidade e competência de um grande profissional em querer desenvolver a percepção musical através de movimentos corporais expressivos e contextualizados.
    É interessante como a Ginástica Rítmica cada vez mais praticada no mundo e em constante reestruturação procura aprimorar a estreita relação entre a perfeição técnica e a arte de executar movimentos expressos através da música.

OBJETIVO:
    Analisar através do da história o desenvolvimento da Ginástica Rítmica no Brasil e no mundo e perceber suas características e especificidades,

ESPORTE E O DESPORTO
    O ser humano é complexo na sua constante necessidade de transformar, de buscar o novo, o diferente e principalmente na arte de criar meios que possam ocupar o seu tempo dando vazão ao seus sentimentos, motivando-o para continuar a viver e perceber-se importante no percurso natural da vida . E nesta louca necessidade comete muitos erros, mas também muitos acertos.
    O esporte é um meio criado, estruturado e conquistado pelo homem para somatizar ao seu tempo mais empolgação, brilho, socialização, determinação, supremacia na arte de promover-se e trabalhar o próprio corpo, além da glória de sentir-se campeão e elite no momento da disputa.
    Quando falamos em desporto devemos analisá-lo como uma balança que deve pesar o positivo e o negativo. Resultado da busca do equilíbrio interior de cada pessoa ou grupo de pessoas que faz do esporte parte de sua vida, ou até mesmo um meio de vida com maior ou menor qualidade e intensidade. O esporte tem a magnitude de divertir, de arrebatar corações, de unir povos, incluir mas também tem o poder de excluir e oprimir.
    É empolgante falar de esporte, torna-se poesia, meio de vida e transcendência.
    A G.R. surgiu desta necessidade básica da busca pelo novo.

GINÁSTICA RÍTMICA
    Ginástica Rítmica ou G.R., é uma modalidade especificamente feminina, encanta pelo fato de aliar a arte potencial do movimento expressivo do corpo, com a técnica da utilização ou não de aparelhos a ela característicos, somados a interpretação de uma música. É um esporte arte que empolga, motivado pela competição e desejo de chegar a perfeição.
    Caracterizou-se por substituir os movimentos mecânicos pelos orgânicos, os métricos pelos rítmicos e os de força pelos dinâmicos. A leveza, o ritmo, a fluência e a dinâmica trouxeram amplas possibilidades de se desenvolver a agilidade, a flexibilidade, a graça e a beleza dos movimentos.
    O movimento é algo inato ao ser humano. E a ginástica tem na prática dos movimentos o seu objetivo principal. Um dos papéis da Ginástica Rítmica é ajudar no desenvolvimento, aprimoramento e melhoria das categorias motoras (estabilização, locomoção, manipulação). Isto incorpora uma ampla série de experiências de movimentos, para que as crianças desenvolvam e refinem suas habilidades motoras, além de promover o desenvolvimento dos domínios cognitivo, afetivo e social, a Ginástica Rítmica favorece a essa compreensão, pois é uma modalidade que tem o ritmo como um dos seus fundamentos.
    A Ginástica Rítmica, visa desenvolver o corpo em sua totalidade. É fundamentada no aprimoramento dos movimentos naturais do ser humano, no aperfeiçoamento de suas capacidades psicomotoras, no desenvolvimento das qualidades físicas e do ritmo, podendo também ser considerada como uma forma de trabalho físico, artístico e expressivo.
    A Ginástica Rítmica não existe a tanto tempo assim e merece de acordo com Bárbara Lafranchi, técnica da seleção brasileira de Ginástica Rítmica a interessante definição e interpretação: A G.R como um Esporte-arte.

Evolução histórica
    Um dos primeiros relatos acerca do princípio da atividade física associada ao ritmo vem de Russeau (1712-1778), que realizou um estudo sobre o desenvolvimento técnico e prático da ginástica para a educação infantil. Foi por meio dos trabalhos de Muts (1759-1839), considerado um dos pioneiros da ginástica, que se obteve o desenvolvimento das atividades ginásticas relacionadas ao fortalecimento do indivíduo e também com o propósito de proporcionar saúde e preparação para a guerra.
    O lado artístico da Ginástica Rítmica teve suas raízes lançadas por Delsarte (1811-1871), que caracterizou o seu trabalho pela busca da expressão dos sentimentos através dos gestos corporais. Dalcroze (1865-1950), pedagogo suíço e professor de música, iniciou a prática de exercícios rítmicos como meio de desenvolvimento da sensibilidade musical através dos movimentos do corpo. Realizou diversos estudos fisiológicos dos quais concluiu a existência da íntima relação entre harmonia dos movimentos e seu dinamismo, entre o equilíbrio e os diversos estados do sistema nervoso central, exercendo ampla influência na formação das escolas de dança e no desenvolvimento da Educação Física.
    Posteriormente, Bode (1881-1971), aluno de Dalcroze, apregoava que o mais importante era o fluir do movimento e seu caráter natural e integral. Desenvolveu-se então, um sistema cujo o objetivo era demonstrar através dos movimentos, os diversos estados emocionais do indivíduo. Somou-se a isto, a música, a utilização de aparelhos com a finalidade de ornamentar a apresentação e as características femininas. Foi Bode, considerado criador da Ginástica Rítmica, quem estabeleceu os princípios básicos da mesma, os quais até hoje são consideradas importantes e seguidos.     Suas teorias são fundamentadas no princípio da contração e relaxamento, que é a própria essência do movimento humano e forma a unidade do ritmo corporal. Quanto ao espaço explorou as direções e planos em todas as suas possibilidades, o que constitui a base da variação dos deslocamentos na ginástica rítmica atual. Introduziu a ginástica de expressão e o trabalho em grupos, destacando a colaboração e harmonia das partic
ipantes.
    Duncan (1878-1929), seguidora de Bode, adaptou o sistema à dança e o levou a antiga União soviética e lá iniciou o ensino desta nova atividade como esporte independente e com manifestações competitivas.
    O alemão Medau, estudou os exercícios rítmicos e iniciou a introdução de aparelhos como a bola, as maças e o arco, dando o primeiro passo para a utilização dos aparelhos nos exercícios femininos

A prática da Ginástica Rítmica
    A Ginástica Rítmica começou a ser praticada desde o final da Primeira Guerra Mundial, mas não possuía regras específicas nem um nome determinado. Várias escolas inovavam os exercícios tradicionais da Ginástica Artística, misturando-os com música.
    A então Ginástica Rítmica, esporte independente, passa a ser chamada de Ginástica Moderna (1962), em reconhecimento pela Federação Internacional de Ginástica (F.I.G.). Mais tarde em 1975, passa a ser denominada de Ginástica Rítmica Desportiva, estabelecendo-se definitivamente sua característica competitiva.
    A Ginástica tornou-se um esporte olímpico oficial em 1984, somente com competições individuais. Nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, incluiu-se as competições de conjunto.
    Em 1946, na Rússia, surge o termo “rítmica”, devido a utilização da música e da dança durante a execução dos movimentos.
    Em 1961, alguns países do Leste Europeu organizaram o primeiro campeonato internacional da modalidade. No ano seguinte, a Federação Internacional de Ginástica ( FIG) reconheceu a Ginástica Rítmica (G.R.) como um esporte. A partir de 1963 começaram a ser realizados os primeiros campeonatos mundiais promovidos pela FIG. Os aparelhos utilizados na Ginástica Rítmica como a corda, a bola e o arco foram os primeiros aparelhos a serem trabalhados, as maças e a fita foram elaborados e desenvolvidos no ano de 1966.
    Em 1984, a G.R. já reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional foi introduzidos nos Jogos Olímpicos daquele ano. No entanto, as melhores ginastas do mundo provenientes dos países do Leste Europeu, ficaram fora da competição devido o boicote liderado pela ex. - União Soviética. Assim a primeira medalha Olímpica do esporte ficou com a canadense Lori Fung. Em Seul- 1988, o esporte conquistou o público e se popularizou. Em Barcelona – 1992, Aleksandra Timoshenko, competindo pela Comunidade dos Estados Independentes foi a vencedora. Em Atlanta – 1996, a Federação Internacional de Ginástica (FIG) introduziu a competição de conjuntos nos Jogos Olímpicos. A Espanha conquistou a primeira medalha Olímpica desta categoria, ficando campeã no naipe individual a ucraniana Ekaterina Serebyanskaya. Nos Jogos de Sidney – 2000 a Rússia confirmou seu favoritismo.

A Ginástica Rítmica no Brasil
    No Brasil, a atual Ginástica Rítmica, teve várias denominações diferentes, primeiramente denominada de Ginástica Moderna, Ginástica Rítmica Moderna, e sendo praticada essencialmente por mulheres, passou a ser chamada de Ginástica Feminina Moderna. E a seguir, por decisão da Federação Internacional de Ginástica, passou a denominação de Ginástica Rítmica Desportiva, e hoje, finalmente Ginástica Rítmica.
    O Brasil participou da estréia olímpica da G.R. em Los Angeles –1984 com a ginasta Rosana Favilla, que não se classificou para a final. Em Barcelona 1992, Marta Schonharst conseguiu a 41ª colocação entre as 43 ginastas que disputaram o evento. Nos Jogos de Sidney, em 2000, o conjunto brasileiro conseguiu o seu melhor resultado em uma Olimpíada ficando em oitavo lugar. Outra grande conquista do Brasil na G.R. foi a medalha de ouro nos Jogos pan-americanos de Winnipeg, Canadá, em 1999. A Seleção brasileira responsável pela conquista treina na UNOPAR (Universidade do Norte do Paraná), em Londrina, o maior centro de treinamento de G.R. no país.

Características da Ginástica Rítmica
    A Ginástica Rítmica caracteriza-se pelo alto nível de exigência coordenativa das atletas. Simetria e bilateralidade são fundamentais para seu êxito, porém existe ainda o aspecto artístico, ou seja, as apresentações das atletas são avaliadas por árbitras, portanto, o desempenho físico e técnico podem ser suplantados por uma interpretação subjetiva.
    A G.R tem dois naipes de competição: Individual e de Conjunto. Nos campeonatos individuais das categorias juvenil e adulta, a ginasta obrigatoriamente participa de quatro provas (aparelhos) dos cinco. Esses aparelhos são definidos a cada ciclo olímpico.
    Os Elementos Corporais são a base indispensável dos exercícios individuais e conjuntos. Os elementos corporais podem ser realizados em várias direções, planos, com ou sem deslocamento, em apoio sobre um ou dois pés, coordenados com movimentos de todo o corpo. Fazem parte dos elementos corporais obrigatórios: andar, correr, saltar, saltitar, balancear, circunduzir, girar, equilibrar, ondular, executar pré acrobáticos, lançar e recuperar sendo que os exercícios devem ser acompanhados por estímulo musical . Os exercícios são avaliados de acordo com o Código de Pontuação por árbitras devidamente licenciadas com brevês obtidos em testes de qualificação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
    É interessante conheçer a desenvolvimento da Ginástica Rítmica e refletir sobre sua identidade esportiva, suas características e crescimento.
    A G.R. através de sua recente história e reconhecimento está se firmando e tendo um número cada vez maior de adeptos.
    A G.R. proporciona uma série de benefícios e encanta como esporte e arte.

REFERÊNCIAS
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Angela Maria da Paz Molinari
Graduada em Educação Física pela FURB.
Especialidade: Ciência do Movimento Humano
Professora de Educação Física do Colégio Bom Jesus
Técnica, professora e árbitra de Ginástica Rítmica.
S.R.E. Ipiranga – Blumenau, S.C.
E-mail: angelamolinari@bol.com.br


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