A NOVA GERAÇÃO DE
IDOSOS PODE SER A MAIS ATIVA DE TODOS OS TEMPOS
INTRODUÇÃO
Uma
boa parcela da sociedade ainda vê o idoso como uma pessoa
chata, sem assunto e quando os tem são sempre os mesmos
e repetitivos. Com isso, a maioria é isolado, quando
não abandonados à própria sorte com suas
artrites e doenças do desuso. Embora esse seja um fato
real não podemos dizer que a culpa seja “só” das
pessoas à volta do idoso. Boa parte deles, ao longo
da vida não cuidou do corpo, “da cabeça” e
do social, fazendo desse processo uma via de mão e contramão.
Chatos ou não a responsabilidade por eles é dos
filhos assim como a responsabilidade sobre as crianças
são dos pais. E isso nem precisava estar escrito na
Constituição Federal no artigo 229. - "Os
pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos
menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e
amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade." Em
contrapartida os idosos que ao longo da vida investiram no
bem da família se mantendo fisicamente ativos e responsáveis
estão dando a volta por cima.
O Transtorno Emocional do
Idoso - Uma teoria de Freud dá conta
de que a vida do idoso não deixa de ser o resultado
de como se investiu da arte de viver. Ou seja, da capacidade
demonstrada de superar os desafios e de se adaptar a novas
situações e realidades impostas pela vida ao
longo de várias décadas como, por assim dizer,
fosse um treinamento para a mais importante fase. A terceira
idade. As manias e as neuroses tendem a piorar. Se elas não
foram bem “transadas” quando mais jovens, onde
a idade era um fator favorável sendo mais fácil “digerir” os
problemas, dos sessenta em diante tudo fica mais difícil.
O idoso pode ter fragilidade psíquica e física,
mas nem sempre a física é a mais evidente podendo
a física ser mais uma conseqüência da psíquica.
Se ele estiver passando momentaneamente por um estado carente,
com baixa auto-estima, o menor gesto de carinho, paciência
e atenção das pessoas que o cercam, pode alavancar
uma reação favorável.
Outro ponto a ser levado em conta é o estado de humor
constituindo num exercício contínuo de bem viver.
Um sujeito chato na maioria das vezes ao longo dos anos, na
velhice não poderá ser de outra forma. Porque
será que gostamos de alguns velhinhos e de outros não?
Porque será que até as rugas de alguns velhinhos
são simpáticas e a de outros demonstram a imagem
ranzinza? Vovô e vovó, felizmente ainda representam
na nossa sociedade a imagem do bom velhinho e da velhinha sorridente.
Pessoas que aprendemos a gostar ainda na infância.
Assim como um prédio precisa de boas estruturas, o idoso
seguro de si, segundo os especialistas, depende de alguns fatores
tais como: contato social adequado, ocupação,
segurança social e saúde. Representa, por assim
dizer, o pilar de uma velhice saudável e com qualidade
de vida.
O Contato Social – Começa na família -
Algumas famílias patriarcais de tradição,
o mais velho exerce o poder central e tudo gira em torno dele,
desde que ele tenha sido ao longo da vida uma pessoa capaz
de contornar os problemas e de se adaptar às intempéries
mantendo os laços de família ora com “mão
de ferro”, ora com carinho, compreensão, comportamento ético
e bom exemplo. Para ser um bom avô é preciso que
se tenha sido bom filho, bom marido, bom pai, bom companheiro,
bom trabalhador. Um bom homem e um homem bom. Claro, vale também
para as vovós. Uma pessoa de comportamento duvidoso,
se não aprender a tempo, não poderá dar
bons exemplos e nem ser ouvido quando mais precisar da atenção
das pessoas. Hoje, além das famílias serem cada
vez menores, o número crescente de separações
contribui para perda do vínculo familiar do idoso. “Ele é avô do
meu irmão que é filho da primeira mulher do meu
pai”.
Em outros lares, o velho é “jogado para escanteio” e
todo mundo acha que os assuntos a ele não interessam.
E acaba não interessando mesmo. Com a velocidade da
informação dos nossos dias, quem não lê,
não assiste os telejornais e não se atualiza,
fica de fora de tudo. Para o idoso isso pode ser terrível
porque vai conversar cada vez menos sempre se referindo. “No
meu tempo... não era assim”. Portanto, a adaptação à terceira
idade eu diria que começa na adolescência aprendendo
a respeitar os mais velhos sem precisar de lei nenhuma.
A Ocupação – A tão sonhada aposentadoria
não pode representar simplesmente parar de trabalhar,
e sim a troca de ocupação por uma mais agradável,
pois muita gente ainda passa a vida inteira fazendo o que não
gosta. Para isso, é preciso investir e se preparar evoluindo
em busca da especialização. Alguns sexagenários
são tão importantes em determinadas empresas
que todo o sistema gira em torno de suas ordens ou conselhos
sempre em concordância com o mundo moderno. São
idosos atualizados que não perdem o poder e, perfeitamente
integrados à sociedade. É bom lembrar que poder é conquistado
e não imposto. Algumas pesquisas mostram que quem trabalha,
remunerado ou não, fazendo o que gosta vive mais e melhor.
Infelizmente poucas pessoas têm esse privilégio
razão pela qual temos uma multidão de maus profissionais
em todas as áreas.
A própria expressão “aposentadoria”,
na nossa sociedade, por si só é mal interpretada
significando para muitas pessoas “já deu o que
tinha que dar”. O idoso deveria representar para nós,
a voz da sabedoria.
Estar ativo nessa idade, no tocante a movimento corporal, também
não significa “dar uma de garotão” caindo
no ridículo se arriscando em aventuras perigosas ou
radicais. Existem muitas atividades físicas mais adequadas
ao idoso e até mesmo os atletas participam de campeonatos
classificados por faixa etária. É preferível
ter 60 anos e se sentir muito bem disposto aos 60 do que sair
por aí dizendo que faz tudo que um jovem de 20 faz.
Ta querendo enganar a quem? A diferença de um idoso
fisicamente ativo para um sedentário chega a ser gritante,
mas não pode ser comparado a um rapaz de 20 ou 30 anos.
A atividade física para o idoso deve ser sempre estimulada
visando principalmente a Qualidade de Vida respeitando as suas
preferências para que vire um hábito, sem o apelo
estético social distorcido.
A Segurança Social – Todos nós sabemos
que esse é o ponto fraco e muito falho em nosso país.
As aposentadorias são ridículas e a assistência
médica, pelo menos digna não existe. Os idosos
padecem nas filas dos bancos para receberem suas migalhas e
se precisarem de médico morrem antes de serem atendidos
nos hospitais públicos. Tem cabimento alguém
doente só conseguir consulta para daqui a dois meses?
Infelizmente restou ao idoso tentar continuar trabalhando numa
sociedade que o considera improdutível. Outros, ainda
conseguem pagar um plano de saúde, mas têm que
estar atentos às armadilhas de “certos” contratos
de prestação de serviço que não
dá direito a alguns tipos de tratamento em função
da idade. Mesmo com o estatuto do idoso isso pouco mudou.
Algumas pessoas vêem as preferências de maiores
de 60 anos nas filas dos bancos ou passagem gratuita nos ônibus
como uma regalia. Essas “supostas” regalias é que
fazem muitos idosos viverem mais e melhor por poder sair de
casa, ver gente, saber o que está acontecendo na sua
cidade e se movimentar. Muitos deles se tivessem que pagar
condução estaria condenado ao isolamento de suas
casas, ao desuso do corpo, à depressão e fatalmente à morte.
A Saúde – A OMS (Organização Mundial
de Saúde) define saúde como o completo bem estar
físico social e mental e não apenas a ausência
de doença. Bem estar físico não significa
necessariamente valores estéticos como normalmente encontra-se
profundamente enraizado no mundo moderno que exclui o idoso.
Da mesma forma não estar doente também não
significa ter saúde.
Nas propagandas, nos filmes e até mesmo na escolha da
profissão não existe espaço para maiores
de 50 e quem dirá 60 anos. A imagem do idoso não
vende e a própria palavra, idoso para pessoas alienadas
têm um significado pejorativo. Na saúde existem
poucos especialistas em geriatria se comparados com a pediatria,
ortopedia, ginecologia e até a psicologia. Uma população
crescendo cada vez mais se constitui no mínimo uma farta
fonte de pesquisa e trabalho para profissionais de saúde
e especialistas. Os terapeutas responsáveis por essa
população precisam ter um algo mais do que conhecimento
técnico. Precisam de jogo de cintura, criatividade,
bom senso e boa vontade. A cultura dos formandos parece ainda
preferir cuidar das pessoas sadias porque dá menos trabalho
e supostamente mais dinheiro. Pelo dinheiro começam
a trabalhar fazendo o que não gosta ficando escravo
dessa situação a vida inteira. A vida é uma
longa oportunidade de treinamento de velhice saudável.
Ainda falando da saúde do idoso, podemos observar que
ela tende a ser pior nas zonas rurais onde a concentração
também é maior em função dos mais
jovens migrarem para os grandes centros urbanos em busca de
vida uma melhor e não haver incentivo aos profissionais
de saúde militar nessas zonas. Resultado. Alguns idosos
ficam abandonados.
A visão da saúde ao longo das décadas,
com o avanço da Medicina, mudou. Enquanto nos anos 50
as mortes com origens nas doenças infectocontagiosas
chegavam a 40% contra 12% das cardiovasculares, hoje esses
números se inverteram com o progresso. Essas doenças,
apesar de serem mais dispendiosas quando ocorrem, podem ser
evitadas com os hábitos de vida saudável tais
como prática de atividade física, controles da
alimentação e do estresse.
Ter um mínimo de saúde física e mental
na velhice representa ser independente, poder tomar banho,
vestir-se e sair sozinho, atravessar as ruas com seus perigos,
andar nas calçadas cheias de buracos e improvisos a
cada esquina, conversar com as pessoas, contar as suas histórias
e dividir as suas experiências. Para muitos idosos a
cidade é uma verdadeira trilha de aventura.
Uma parcela dessa responsabilidade cabe à própria
pessoa de como viveu a vida, de como investiu nela. A outra
cabe à sociedade. Assim como somos obrigatoriamente
responsáveis pelos nossos filhos que não pediram
para nascer, os nossos idosos são nossos e também
não pediram para envelhecer. Muitas doenças simples
tais como desidratação, alergias, algumas infecções
entre outras, são frutos de abandono na própria
casa. Portanto, uma sociedade justa e organizada é composta
por crianças, adultos e idosos eles fazem parte desse
contexto social. Todos com direitos, deveres e responsabilidade.
Internar um idoso num asilo, mesmo com todas as regalias de
primeiro mundo, sem perguntar a ele se é isso o desejado, é fugir
da responsabilidade social. O idoso pode ter tudo do bom o
do melhor nesses lugares, mas se não tiver sido uma
escolha pessoal se sentirá descartado pela família
e a saúde irá declinar a partir do emocional.
Vale à pena repetir. A responsabilidade com os filhos
são dos pais, com o idoso são dos filhos em primeiro
lugar na hierarquia social.
Nessa idade, segundo um artigo da psicóloga Becca Levy,
baseada numa pesquisa com 660 moradores no estado de Ohio,
com idade mínima de 50 anos, o estado emocional e pensamento
positivo sobre envelhecimento podem fazer o idoso viver mais
de sete anos do que os com pensamentos negativos. A pesquisadora
e sua equipe concluíram que o emocional pode ser fator
até mais importante do que os controles nutricionais,
pressão arterial e do exercício físico.
Isso é relativamente fácil de ser comprovado
no interior onde alguns idosos com mais de 60 anos, de vida
simples e com boa saúde têm características
comuns: não têm estresse, vivem a vida naturalmente,
não são obesos, têm alguma ocupação
diária, andam muito a pé e tem convívio
social (família e os amigos do bar) onde todos os dias
jogam conversa fora (prosa), jogam “purrinha”,
carteado e/ou sinuca. Ou seja, o emocional dessa gente é equilibrado
e se contentam com pouco.
As Estatísticas – É sabido que a população
de idosos cresce no mundo inteiro tanto nos países desenvolvidos
como nos em desenvolvimento. O Brasil, segundo dados da (OMS)
Organização Mundial da Saúde, por volta
de 2025 terá a sexta população de idosos
do mundo com mais de 32 milhões de pessoas com mais
de 60 anos. Isso sem contar com uma melhora substancial na
saúde dos nordestinos, região onde predomina
a indústria política da miséria. Esse
fato se deve à diferença das taxas de nascimento
e mortalidade assim como à melhoria das condições
de higiene, nutrição, avanços da ciência,
da Medicina, e dos exames preventivos. Enquanto a expectativa
de vida do brasileiro no início do século era
de 33,7 anos, nos últimos 20 anos passou para 68,5 e
estima-se aumentar em mais 3,5 anos nas próximas duas
décadas.
Cooper em sua trajetória disse certa vez uma frase que
ficou famosa: “não adianta acrescentar anos à sua
vida, e sim vida aos anos vividos”. Por conta disso,
hoje é praticamente impossível falar em saúde
do idoso sem incluir a atividade física que mesmo com
os avanços da ciência ainda é cercada de
mitos como se todos trouxessem um rótulo: cuidado, frágil!
O excesso de zelo, muitas vezes por falta até de conhecimento
tem levado alguns profissionais de saúde a recomendar
e ou prescrever ao idoso nada além de uma simples caminhada
ficando muito aquém das suas reais necessidades motoras
do cotidiano. Como qualquer pessoa o idoso vai ao mercado ou à feira,
pega ônibus, carrega bolsa de compras pesadas, abaixa,
senta, levanta e atravessa a rua depressa. Portanto, precisa
de força, velocidade, resistência, coordenação
motora, equilíbrio e flexibilidade para ser ao menos
independente.
IDOSOS VELOZES E
FURIOSOS
Como vimos, se
uma parcela dos idosos está cada vez
entregue à própria sorte a boa notícia é que
outra parcela está dando a volta por cima trabalhando,
continuando útil à sociedade e praticando atividade
física. Nas corridas rústicas esse fato é bem
marcante na faixa etária acima dos 60 anos que recebe
cada vez mais adeptos. E não é só isso. É a
faixa etária que mais evoluiu os tempos na maioria das
corridas mais importante do país tais como a própria
São Silvestre. Dados colhidos na prova de 2006 deram
conta que essa faixa etária diminuiu os tempos em três
minutos para os homens e oito para as mulheres comparando com
os tempos da mesma prova e percurso de 1998. As outras faixas
etárias da maioria dos adultos, percentualmente evoluíram
muito pouco assim como os próprios atletas de elite.
Outro fato que comprova o crescimento de idosos nas corridas é que
não se admite mais corridas com faixas etárias
acima de 60 anos. Ela tem que ser subdivida em duas que vão
dos 60 a 64, 65 a 69 e acima de 70 dependendo também
do vulto e grandeza da prova. Boa parte já divide também
a de 70 anos como acontece no ranking brasileiro de maratonistas
da revista Contra Relógio especializada em corrida rústica.
Não são poucos corredores nessas faixas etárias
que de certa forma reclama não conseguir mais subir
no pódio em primeiro lugar como acontecia há poucos
anos. Agora têm que treinar mais. Dados da CORPORE, uma
das mais importantes Associações de Corredores
de Rua de São Paulo registrou aumento de 52% no número
de atletas com mais de 65 anos inscritos nas provas organizadas
pela entidade entre os anos de 2004 a 2007. Portanto, números
bastante significativos.
Entretanto, não se pode comemorar plenamente. Por conta
desse crescimento de adeptos, as contusões e lesões
também vêm aumentando, muito mais por falta de
um treinamento adequado a essa faixa etária. Sabe-se
que o tempo cobra o seu preço nas alterações
biológicas com o desgaste normal das articulações,
queda da força física e diminuição
da massa muscular. Se o corredor mais velho sair correndo aleatoriamente
vai quebrar com mais facilidade que o jovem adulto.
É
bem estabelecido que o avanço da idade induza a perda
de massa muscular num processo conhecido por sarcopenia significando “perda
de carne” (sarx = carne, penia = perda) cuja origem pode
ser multifatorial sendo a idade uma delas. Em bom português,
de forma geral os músculos vão "secando".
Ou seja, perde-se massa muscular, sendo esse processo acelerado
com o sedentarismo, vida irregular, estresse e etc. Além
disso, a própria corrida pode ser um fator de aceleração
de perda de massa muscular na terceira idade se treinar demais
por conta do processo conhecido por catabolismo.
Além desses fatores sabe-se que corredores de longa
distância também têm suas desordens musculares
por conta da própria corrida. Boa parte fica meio corcunda
e têm força desequilibrada nos músculos
da coxa podendo ocasionar, por exemplo, desvio de patela. Não é raro
fundista reclamar de dores nas costas principalmente na região
lombar. Horas de treinamento leva o corredor assumir postura
inadequada. Na linguagem popular é quando dizemos que “o
corredor sentou”. As costas ficam curvadas, os braços
arriados e os joelhos flexionados em angulação
abaixo do normal.
Nossas fibras musculares têm capacidade limitada de cicatrizações
e claro, quanto mais lesões ao longo do tempo, mais
encurtados ficam os grupos musculares mais acometidos. Essa
também é uma das razões da queda de desempenho
mais ou menos acentuada de corredores mais velhos que tentam
passar dos limites.
Todas essas alterações acabam interferindo no
sistema músculo esquelético e na coordenação
levando alguns idosos a correr com uma passada mais curta e
arrastada. Resultado. Num primeiro momento quando começa
a correr, há um progresso muito rápido e o próprio
entusiasmo é que pode levá-lo à regressão
do treinamento e tempos obtidos inicialmente em determinadas
corridas.
Claro, não significa que o corredor mais velho não
possa continuar correndo. Os tempos dos que seguem orientações
profissionais estão melhorando. Uma das soluções,
já consensuada entre profissionais é a prática
da musculação conjugada com o treinamento da
corrida. Já são bem estabelecidos os benefícios
dessa atividade no processo de melhora da massa muscular em
qualquer idade e/ou desaceleração da perda normal
de músculos e força por conta da idade. Trabalhos
bem conduzidos mostram sexagenários adeptos à musculação
com potencial de força física semelhante a adultos
jovens e muito superiores a idosos sedentários.
Arthur Gilbert com 90 anos é considerado o triatleta
mais velho do mundo. Fonte: http://respeiteoidoso.blogspot.com.br/2011_12_01_archive.html
Para quem corre especialmente visando à qualidade de
vida faz toda a diferença percebida não só na
corrida como nas atividades funcionais envolvendo força
como, por exemplo, na ida ao supermercado. Na hora de carregar,
embarcar e desembarcar as compras, quem apenas corre pode passar
o maior sufoco. Aí, de que adianta ter um bom condicionamento
cardiopulmonar, baixo percentual de gordura se na hora “agá” falta
a força física?
Nas academias o grupo etário que mais cresce e principalmente
permanece por mais de seis meses é também dos
idosos. Entre os jovens existe muito mais rotatividade por
conta da característica de querer resultado rápido
e, obviamente, não conseguem. Os mais velhos, com paciência
ficam e se beneficiam dos resultados que aparecem mais devagar,
mas aparecem.
Como geralmente os freqüentadores de academia acabam correndo
na esteira por no mínimo meia hora, quando surge oportunidade
de uma competição de 5 km eles se inscrevem e
se dão muito bem. É o suficiente para pegar o
gostinho de correr na rua e melhorar.
Outro grande benefício dessa conjugação
da corrida e musculação é que a corrida
por si só melhora o sistema imunológico em qualquer
idade. Para o idoso isso é mais importante ainda porque
continua a produzir células que além de estimular
a produção de sangue novo na medula óssea
protegem o organismo contra as doenças viróticas
oportunistas. Embora não esteja cientificamente provado
já se sabe que quem corre adoece menos. A corrida diminui
a gordura abdominal diminuindo as chances de doenças
cardiovasculares, protege contra a osteoporose, a hipertensão,
o diabetes, o câncer de próstata, cólon
e mama, aumenta o colesterol bom diminuindo o ruim e a musculação
completa a lista de benefícios. As competições
serão cada vez mais disputadas pelos mais velhos fisicamente
saudáveis. Quando comparados corredores com mais de
60 anos mais velozes com menos velozes, alguns estudos mostram
que os benefícios são maiores para os mais velozes.
Fazendo uma alusão ao cinema, eles são os “idosos
velozes e furiosos”. Isso é fácil de comprovar
nos cadernos de resultados de grandes e importantes corridas
de rua do país.
Conclusão – Antes
de condenarmos a sociedade por um possível estado de abandono de um idoso, primeiro é preciso
saber o porquê dessa situação. Embora juridicamente
a responsabilidade de cuidar de um idoso seja dos filhos mais
velhos é preciso saber se o próprio idoso ao
longo da vida não criou essa situação
não investindo na sua saúde física, psíquica
e social. Por outro lado, os idosos de bem com a vida geralmente
são os que souberam dar valor à formação
e manutenção da família mantendo-se ocupados
e fisicamente ativos. Se por um lado infelizmente vemos idosos
jogados à própria sorte nos hospitais decadentes
do SUS, no outro lado da moeda vemos as competições
de corrida de rua de veteranos crescerem cada vez mais em número
de participantes e melhora das performances assim como em outros
esportes. As academias nos últimos anos a faixa etária
que mais cresce e registra menos desistência é a
de idosos com mais de 60 anos. Conclui-se que para desfrutarmos
de uma velhice saudável é preciso ter investido
na família, nos amigos, manter-se ocupado e fazer alguma
atividade física regular.
Atletas Idosos e Imortais
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1) Manohar Aich é um indiano com 1,50
m de altura ganhador do título Mister Universo em
1952 que aos 99 anos ainda exibe seus músculos fortes
para quem quiser ver.
2) Fauja Singh é o corredor mais velho do mundo a completar 42 km aos
100 anos em oito horas.
3) Tuplet Seabra Vasconcellos morreu em 03/09/2011 aos 97 anos. Até então
o corredor mais velho do Brasil. Campeão dos 1500 m na categoria acima
de 90 anos no Mundial de Veteranos em Riccione na Itália – 2007.
Começou a correr aos 62 anos e completou 114 maratonas sem contar com
a corrida de 100 km entre Uberaba Uberlândia.
4) Ernestine Shepherd é a fisiculturista mais velha do mundo aos 75 anos.
Que vovó!
5) Tom Lane é um dos nadadores mais velhos do mundo aos 104 anos e cego
desde os 70.
6) Margo Bates é uma das nadadoras mais velhas com 98 anos.
7) Octávio Orduño é um dos ciclistas mais velhos do mundo
aos 103 anos. |
Para Refletir: A velhice é inevitável. Quando
ela chegar procure ignorá-la e pense em quantos anos
você teria se não soubesse contar quantos anos
realmente você tem. Cuidado para não se assustar!
Pode ser mais! Afinal, envelhecer tem as suas vantagens e desvantagens.
Uma das desvantagens é ser convidado para muitos enterros.
(Moraes 2012).
Sobre a Ética: A educação é o único
bem que podemos deixar para os nossos filhos e netos com a
garantia que ninguém vai lhes tirar. Na sua velhice
eles vão se lembrar disso. (Moraes 2012).
Leitura sugerida:
1) CARVALHO, Rosane Beltrão da Cunha - O processo de
envelhecimento e os benefícios da atividade física
na saúde e qualidade de vida – Disponível
em: http://www.efdeportes.com/efd124/o-processo-de-envelhecimento-e-os-beneficios-da-atividade-fisica.htm
2) COOPERATIVA DO FITNESS – Especialidade Idosos - http://www.cdof.com.br/idosos.htm
3) FARIA JUNIOR, Alfredo - Atividades Físicas para a
Terceira Idade. Brasília: Sesi-DN, 1997.
4) FARIA JUNIOR, Alfredo; MARQUES, Andréa G; KRIEGEL,
Regina - Anais do II Seminário Internacional sobre Atividades
Físicas para a Terceira Idade. Rio de Janeiro: UnATI
/ UERJ, 1998.
5) FARINATTI - Comportamento de Variáveis Cardiorrespiratórias
na Recuperação Pós - Esforço: Uma
análise comparativa em indivíduos jovens e Idosos.
Anais do III Seminário Internacional Sobre Atividade
Física para a terceira Idade. UERJ - R. J. - 2000.
6) FARINATTI, V.T, Envelhecimento, Promoção da
Saúde e Exercício: Bases teóricas e Metodológicas,
Barueri: SP, Ed. Manole.
7) FLECK Steven J. Fundamentos do Treinamento de Força
Muscular - 2ª edição - Porto Alegre - R.S.
- Editora Artes Médicas Sul Ltda - 1999.
8) FUKUCHI, Reginaldo Kisho – Análise Cinemática
na Fase de Apoio em Adultos e Idosos Corredores – Disponível
em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/39/39132/tde-22042008-152649/pt-br.php
9) GARCIA, Bruna Bovi - Efeitos dos Exercícios na Capacidade
Funcional em Indivíduos na Terceira Idade – Disponível
em: http://www.unimep.br/phpg/mostraacademica/anais/8mostra/4/487.pdf
Acesso em: 20/06/2012.
10). Idosos que pensam positivamente sobre a vida vivem mais,
diz pesquisa. Disponível em: http://www.saudeemmovimento.com.br/reportagem/noticia_exibe.asp?cod_noticia=729 Acesso
em: 20/06/2012.
11) MORAES, Luiz Carlos - O Peso da Idade e a Volta por Cima – Disponível
em: http://www.cdof.com.br/idosos2.htm Acesso
em 20/06/2012.
12) McARDLE WD, KATCH FI., KATCH VL. Fisiologia do Exercício:
Energia, Nutrição e Desempenho Humano. 3. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 1991.
13) POLLOCK ML, Wilmore JH. Medicina e Esporte. In: Exercício
na Saúde e na Doença: Avaliação
e Prescrição para Prevenção e Reabilitação.
2ª ed. Rio de Janeiro: 1993.