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Qua, 18/7/12 15:21

A NOVA GERAÇÃO DE IDOSOS PODE SER A MAIS ATIVA DE TODOS OS TEMPOS


Luiz Carlos de Moraes - CREF1 RJ 003529-P/R
E-mail: lcmoraes@compuland.com.br


Data de Publicação: 18/07/2012

INTRODUÇÃO
Uma boa parcela da sociedade ainda vê o idoso como uma pessoa chata, sem assunto e quando os tem são sempre os mesmos e repetitivos. Com isso, a maioria é isolado, quando não abandonados à própria sorte com suas artrites e doenças do desuso. Embora esse seja um fato real não podemos dizer que a culpa seja “só” das pessoas à volta do idoso. Boa parte deles, ao longo da vida não cuidou do corpo, “da cabeça” e do social, fazendo desse processo uma via de mão e contramão. Chatos ou não a responsabilidade por eles é dos filhos assim como a responsabilidade sobre as crianças são dos pais. E isso nem precisava estar escrito na Constituição Federal no artigo 229. - "Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade." Em contrapartida os idosos que ao longo da vida investiram no bem da família se mantendo fisicamente ativos e responsáveis estão dando a volta por cima.

O Transtorno Emocional do Idoso - Uma teoria de Freud dá conta de que a vida do idoso não deixa de ser o resultado de como se investiu da arte de viver. Ou seja, da capacidade demonstrada de superar os desafios e de se adaptar a novas situações e realidades impostas pela vida ao longo de várias décadas como, por assim dizer, fosse um treinamento para a mais importante fase. A terceira idade. As manias e as neuroses tendem a piorar. Se elas não foram bem “transadas” quando mais jovens, onde a idade era um fator favorável sendo mais fácil “digerir” os problemas, dos sessenta em diante tudo fica mais difícil.
O idoso pode ter fragilidade psíquica e física, mas nem sempre a física é a mais evidente podendo a física ser mais uma conseqüência da psíquica. Se ele estiver passando momentaneamente por um estado carente, com baixa auto-estima, o menor gesto de carinho, paciência e atenção das pessoas que o cercam, pode alavancar uma reação favorável.

Outro ponto a ser levado em conta é o estado de humor constituindo num exercício contínuo de bem viver. Um sujeito chato na maioria das vezes ao longo dos anos, na velhice não poderá ser de outra forma. Porque será que gostamos de alguns velhinhos e de outros não? Porque será que até as rugas de alguns velhinhos são simpáticas e a de outros demonstram a imagem ranzinza? Vovô e vovó, felizmente ainda representam na nossa sociedade a imagem do bom velhinho e da velhinha sorridente. Pessoas que aprendemos a gostar ainda na infância.

Assim como um prédio precisa de boas estruturas, o idoso seguro de si, segundo os especialistas, depende de alguns fatores tais como: contato social adequado, ocupação, segurança social e saúde. Representa, por assim dizer, o pilar de uma velhice saudável e com qualidade de vida.

O Contato Social – Começa na família - Algumas famílias patriarcais de tradição, o mais velho exerce o poder central e tudo gira em torno dele, desde que ele tenha sido ao longo da vida uma pessoa capaz de contornar os problemas e de se adaptar às intempéries mantendo os laços de família ora com “mão de ferro”, ora com carinho, compreensão, comportamento ético e bom exemplo. Para ser um bom avô é preciso que se tenha sido bom filho, bom marido, bom pai, bom companheiro, bom trabalhador. Um bom homem e um homem bom. Claro, vale também para as vovós. Uma pessoa de comportamento duvidoso, se não aprender a tempo, não poderá dar bons exemplos e nem ser ouvido quando mais precisar da atenção das pessoas. Hoje, além das famílias serem cada vez menores, o número crescente de separações contribui para perda do vínculo familiar do idoso. “Ele é avô do meu irmão que é filho da primeira mulher do meu pai”.

Em outros lares, o velho é “jogado para escanteio” e todo mundo acha que os assuntos a ele não interessam. E acaba não interessando mesmo. Com a velocidade da informação dos nossos dias, quem não lê, não assiste os telejornais e não se atualiza, fica de fora de tudo. Para o idoso isso pode ser terrível porque vai conversar cada vez menos sempre se referindo. “No meu tempo... não era assim”. Portanto, a adaptação à terceira idade eu diria que começa na adolescência aprendendo a respeitar os mais velhos sem precisar de lei nenhuma.

A Ocupação – A tão sonhada aposentadoria não pode representar simplesmente parar de trabalhar, e sim a troca de ocupação por uma mais agradável, pois muita gente ainda passa a vida inteira fazendo o que não gosta. Para isso, é preciso investir e se preparar evoluindo em busca da especialização. Alguns sexagenários são tão importantes em determinadas empresas que todo o sistema gira em torno de suas ordens ou conselhos sempre em concordância com o mundo moderno. São idosos atualizados que não perdem o poder e, perfeitamente integrados à sociedade. É bom lembrar que poder é conquistado e não imposto. Algumas pesquisas mostram que quem trabalha, remunerado ou não, fazendo o que gosta vive mais e melhor. Infelizmente poucas pessoas têm esse privilégio razão pela qual temos uma multidão de maus profissionais em todas as áreas.

A própria expressão “aposentadoria”, na nossa sociedade, por si só é mal interpretada significando para muitas pessoas “já deu o que tinha que dar”. O idoso deveria representar para nós, a voz da sabedoria.

Estar ativo nessa idade, no tocante a movimento corporal, também não significa “dar uma de garotão” caindo no ridículo se arriscando em aventuras perigosas ou radicais. Existem muitas atividades físicas mais adequadas ao idoso e até mesmo os atletas participam de campeonatos classificados por faixa etária. É preferível ter 60 anos e se sentir muito bem disposto aos 60 do que sair por aí dizendo que faz tudo que um jovem de 20 faz. Ta querendo enganar a quem? A diferença de um idoso fisicamente ativo para um sedentário chega a ser gritante, mas não pode ser comparado a um rapaz de 20 ou 30 anos. A atividade física para o idoso deve ser sempre estimulada visando principalmente a Qualidade de Vida respeitando as suas preferências para que vire um hábito, sem o apelo estético social distorcido.

A Segurança Social – Todos nós sabemos que esse é o ponto fraco e muito falho em nosso país. As aposentadorias são ridículas e a assistência médica, pelo menos digna não existe. Os idosos padecem nas filas dos bancos para receberem suas migalhas e se precisarem de médico morrem antes de serem atendidos nos hospitais públicos. Tem cabimento alguém doente só conseguir consulta para daqui a dois meses? Infelizmente restou ao idoso tentar continuar trabalhando numa sociedade que o considera improdutível. Outros, ainda conseguem pagar um plano de saúde, mas têm que estar atentos às armadilhas de “certos” contratos de prestação de serviço que não dá direito a alguns tipos de tratamento em função da idade. Mesmo com o estatuto do idoso isso pouco mudou.
Algumas pessoas vêem as preferências de maiores de 60 anos nas filas dos bancos ou passagem gratuita nos ônibus como uma regalia. Essas “supostas” regalias é que fazem muitos idosos viverem mais e melhor por poder sair de casa, ver gente, saber o que está acontecendo na sua cidade e se movimentar. Muitos deles se tivessem que pagar condução estaria condenado ao isolamento de suas casas, ao desuso do corpo, à depressão e fatalmente à morte.

A Saúde – A OMS (Organização Mundial de Saúde) define saúde como o completo bem estar físico social e mental e não apenas a ausência de doença. Bem estar físico não significa necessariamente valores estéticos como normalmente encontra-se profundamente enraizado no mundo moderno que exclui o idoso. Da mesma forma não estar doente também não significa ter saúde.

Nas propagandas, nos filmes e até mesmo na escolha da profissão não existe espaço para maiores de 50 e quem dirá 60 anos. A imagem do idoso não vende e a própria palavra, idoso para pessoas alienadas têm um significado pejorativo. Na saúde existem poucos especialistas em geriatria se comparados com a pediatria, ortopedia, ginecologia e até a psicologia. Uma população crescendo cada vez mais se constitui no mínimo uma farta fonte de pesquisa e trabalho para profissionais de saúde e especialistas. Os terapeutas responsáveis por essa população precisam ter um algo mais do que conhecimento técnico. Precisam de jogo de cintura, criatividade, bom senso e boa vontade. A cultura dos formandos parece ainda preferir cuidar das pessoas sadias porque dá menos trabalho e supostamente mais dinheiro. Pelo dinheiro começam a trabalhar fazendo o que não gosta ficando escravo dessa situação a vida inteira. A vida é uma longa oportunidade de treinamento de velhice saudável.

Ainda falando da saúde do idoso, podemos observar que ela tende a ser pior nas zonas rurais onde a concentração também é maior em função dos mais jovens migrarem para os grandes centros urbanos em busca de vida uma melhor e não haver incentivo aos profissionais de saúde militar nessas zonas. Resultado. Alguns idosos ficam abandonados.

A visão da saúde ao longo das décadas, com o avanço da Medicina, mudou. Enquanto nos anos 50 as mortes com origens nas doenças infectocontagiosas chegavam a 40% contra 12% das cardiovasculares, hoje esses números se inverteram com o progresso. Essas doenças, apesar de serem mais dispendiosas quando ocorrem, podem ser evitadas com os hábitos de vida saudável tais como prática de atividade física, controles da alimentação e do estresse.

Ter um mínimo de saúde física e mental na velhice representa ser independente, poder tomar banho, vestir-se e sair sozinho, atravessar as ruas com seus perigos, andar nas calçadas cheias de buracos e improvisos a cada esquina, conversar com as pessoas, contar as suas histórias e dividir as suas experiências. Para muitos idosos a cidade é uma verdadeira trilha de aventura.
Uma parcela dessa responsabilidade cabe à própria pessoa de como viveu a vida, de como investiu nela. A outra cabe à sociedade. Assim como somos obrigatoriamente responsáveis pelos nossos filhos que não pediram para nascer, os nossos idosos são nossos e também não pediram para envelhecer. Muitas doenças simples tais como desidratação, alergias, algumas infecções entre outras, são frutos de abandono na própria casa. Portanto, uma sociedade justa e organizada é composta por crianças, adultos e idosos eles fazem parte desse contexto social. Todos com direitos, deveres e responsabilidade. Internar um idoso num asilo, mesmo com todas as regalias de primeiro mundo, sem perguntar a ele se é isso o desejado, é fugir da responsabilidade social. O idoso pode ter tudo do bom o do melhor nesses lugares, mas se não tiver sido uma escolha pessoal se sentirá descartado pela família e a saúde irá declinar a partir do emocional. Vale à pena repetir. A responsabilidade com os filhos são dos pais, com o idoso são dos filhos em primeiro lugar na hierarquia social.

Nessa idade, segundo um artigo da psicóloga Becca Levy, baseada numa pesquisa com 660 moradores no estado de Ohio, com idade mínima de 50 anos, o estado emocional e pensamento positivo sobre envelhecimento podem fazer o idoso viver mais de sete anos do que os com pensamentos negativos. A pesquisadora e sua equipe concluíram que o emocional pode ser fator até mais importante do que os controles nutricionais, pressão arterial e do exercício físico. Isso é relativamente fácil de ser comprovado no interior onde alguns idosos com mais de 60 anos, de vida simples e com boa saúde têm características comuns: não têm estresse, vivem a vida naturalmente, não são obesos, têm alguma ocupação diária, andam muito a pé e tem convívio social (família e os amigos do bar) onde todos os dias jogam conversa fora (prosa), jogam “purrinha”, carteado e/ou sinuca. Ou seja, o emocional dessa gente é equilibrado e se contentam com pouco.

As Estatísticas – É sabido que a população de idosos cresce no mundo inteiro tanto nos países desenvolvidos como nos em desenvolvimento. O Brasil, segundo dados da (OMS) Organização Mundial da Saúde, por volta de 2025 terá a sexta população de idosos do mundo com mais de 32 milhões de pessoas com mais de 60 anos. Isso sem contar com uma melhora substancial na saúde dos nordestinos, região onde predomina a indústria política da miséria. Esse fato se deve à diferença das taxas de nascimento e mortalidade assim como à melhoria das condições de higiene, nutrição, avanços da ciência, da Medicina, e dos exames preventivos. Enquanto a expectativa de vida do brasileiro no início do século era de 33,7 anos, nos últimos 20 anos passou para 68,5 e estima-se aumentar em mais 3,5 anos nas próximas duas décadas.

Cooper em sua trajetória disse certa vez uma frase que ficou famosa: “não adianta acrescentar anos à sua vida, e sim vida aos anos vividos”. Por conta disso, hoje é praticamente impossível falar em saúde do idoso sem incluir a atividade física que mesmo com os avanços da ciência ainda é cercada de mitos como se todos trouxessem um rótulo: cuidado, frágil! O excesso de zelo, muitas vezes por falta até de conhecimento tem levado alguns profissionais de saúde a recomendar e ou prescrever ao idoso nada além de uma simples caminhada ficando muito aquém das suas reais necessidades motoras do cotidiano. Como qualquer pessoa o idoso vai ao mercado ou à feira, pega ônibus, carrega bolsa de compras pesadas, abaixa, senta, levanta e atravessa a rua depressa. Portanto, precisa de força, velocidade, resistência, coordenação motora, equilíbrio e flexibilidade para ser ao menos independente.

IDOSOS VELOZES E FURIOSOS

Como vimos, se uma parcela dos idosos está cada vez entregue à própria sorte a boa notícia é que outra parcela está dando a volta por cima trabalhando, continuando útil à sociedade e praticando atividade física. Nas corridas rústicas esse fato é bem marcante na faixa etária acima dos 60 anos que recebe cada vez mais adeptos. E não é só isso. É a faixa etária que mais evoluiu os tempos na maioria das corridas mais importante do país tais como a própria São Silvestre. Dados colhidos na prova de 2006 deram conta que essa faixa etária diminuiu os tempos em três minutos para os homens e oito para as mulheres comparando com os tempos da mesma prova e percurso de 1998. As outras faixas etárias da maioria dos adultos, percentualmente evoluíram muito pouco assim como os próprios atletas de elite.

Outro fato que comprova o crescimento de idosos nas corridas é que não se admite mais corridas com faixas etárias acima de 60 anos. Ela tem que ser subdivida em duas que vão dos 60 a 64, 65 a 69 e acima de 70 dependendo também do vulto e grandeza da prova. Boa parte já divide também a de 70 anos como acontece no ranking brasileiro de maratonistas da revista Contra Relógio especializada em corrida rústica. Não são poucos corredores nessas faixas etárias que de certa forma reclama não conseguir mais subir no pódio em primeiro lugar como acontecia há poucos anos. Agora têm que treinar mais. Dados da CORPORE, uma das mais importantes Associações de Corredores de Rua de São Paulo registrou aumento de 52% no número de atletas com mais de 65 anos inscritos nas provas organizadas pela entidade entre os anos de 2004 a 2007. Portanto, números bastante significativos.

Entretanto, não se pode comemorar plenamente. Por conta desse crescimento de adeptos, as contusões e lesões também vêm aumentando, muito mais por falta de um treinamento adequado a essa faixa etária. Sabe-se que o tempo cobra o seu preço nas alterações biológicas com o desgaste normal das articulações, queda da força física e diminuição da massa muscular. Se o corredor mais velho sair correndo aleatoriamente vai quebrar com mais facilidade que o jovem adulto.

É bem estabelecido que o avanço da idade induza a perda de massa muscular num processo conhecido por sarcopenia significando “perda de carne” (sarx = carne, penia = perda) cuja origem pode ser multifatorial sendo a idade uma delas. Em bom português, de forma geral os músculos vão "secando". Ou seja, perde-se massa muscular, sendo esse processo acelerado com o sedentarismo, vida irregular, estresse e etc. Além disso, a própria corrida pode ser um fator de aceleração de perda de massa muscular na terceira idade se treinar demais por conta do processo conhecido por catabolismo.

Além desses fatores sabe-se que corredores de longa distância também têm suas desordens musculares por conta da própria corrida. Boa parte fica meio corcunda e têm força desequilibrada nos músculos da coxa podendo ocasionar, por exemplo, desvio de patela. Não é raro fundista reclamar de dores nas costas principalmente na região lombar. Horas de treinamento leva o corredor assumir postura inadequada. Na linguagem popular é quando dizemos que “o corredor sentou”. As costas ficam curvadas, os braços arriados e os joelhos flexionados em angulação abaixo do normal.

Nossas fibras musculares têm capacidade limitada de cicatrizações e claro, quanto mais lesões ao longo do tempo, mais encurtados ficam os grupos musculares mais acometidos. Essa também é uma das razões da queda de desempenho mais ou menos acentuada de corredores mais velhos que tentam passar dos limites.

Todas essas alterações acabam interferindo no sistema músculo esquelético e na coordenação levando alguns idosos a correr com uma passada mais curta e arrastada. Resultado. Num primeiro momento quando começa a correr, há um progresso muito rápido e o próprio entusiasmo é que pode levá-lo à regressão do treinamento e tempos obtidos inicialmente em determinadas corridas.
Claro, não significa que o corredor mais velho não possa continuar correndo. Os tempos dos que seguem orientações profissionais estão melhorando. Uma das soluções, já consensuada entre profissionais é a prática da musculação conjugada com o treinamento da corrida. Já são bem estabelecidos os benefícios dessa atividade no processo de melhora da massa muscular em qualquer idade e/ou desaceleração da perda normal de músculos e força por conta da idade. Trabalhos bem conduzidos mostram sexagenários adeptos à musculação com potencial de força física semelhante a adultos jovens e muito superiores a idosos sedentários.

Arthur Gilbert com 90 anos é considerado o triatleta mais velho do mundo. Fonte: http://respeiteoidoso.blogspot.com.br/2011_12_01_archive.html

Para quem corre especialmente visando à qualidade de vida faz toda a diferença percebida não só na corrida como nas atividades funcionais envolvendo força como, por exemplo, na ida ao supermercado. Na hora de carregar, embarcar e desembarcar as compras, quem apenas corre pode passar o maior sufoco. Aí, de que adianta ter um bom condicionamento cardiopulmonar, baixo percentual de gordura se na hora “agá” falta a força física?

Nas academias o grupo etário que mais cresce e principalmente permanece por mais de seis meses é também dos idosos. Entre os jovens existe muito mais rotatividade por conta da característica de querer resultado rápido e, obviamente, não conseguem. Os mais velhos, com paciência ficam e se beneficiam dos resultados que aparecem mais devagar, mas aparecem.

Como geralmente os freqüentadores de academia acabam correndo na esteira por no mínimo meia hora, quando surge oportunidade de uma competição de 5 km eles se inscrevem e se dão muito bem. É o suficiente para pegar o gostinho de correr na rua e melhorar.
Outro grande benefício dessa conjugação da corrida e musculação é que a corrida por si só melhora o sistema imunológico em qualquer idade. Para o idoso isso é mais importante ainda porque continua a produzir células que além de estimular a produção de sangue novo na medula óssea protegem o organismo contra as doenças viróticas oportunistas. Embora não esteja cientificamente provado já se sabe que quem corre adoece menos. A corrida diminui a gordura abdominal diminuindo as chances de doenças cardiovasculares, protege contra a osteoporose, a hipertensão, o diabetes, o câncer de próstata, cólon e mama, aumenta o colesterol bom diminuindo o ruim e a musculação completa a lista de benefícios. As competições serão cada vez mais disputadas pelos mais velhos fisicamente saudáveis. Quando comparados corredores com mais de 60 anos mais velozes com menos velozes, alguns estudos mostram que os benefícios são maiores para os mais velozes. Fazendo uma alusão ao cinema, eles são os “idosos velozes e furiosos”. Isso é fácil de comprovar nos cadernos de resultados de grandes e importantes corridas de rua do país.

Conclusão – Antes de condenarmos a sociedade por um possível estado de abandono de um idoso, primeiro é preciso saber o porquê dessa situação. Embora juridicamente a responsabilidade de cuidar de um idoso seja dos filhos mais velhos é preciso saber se o próprio idoso ao longo da vida não criou essa situação não investindo na sua saúde física, psíquica e social. Por outro lado, os idosos de bem com a vida geralmente são os que souberam dar valor à formação e manutenção da família mantendo-se ocupados e fisicamente ativos. Se por um lado infelizmente vemos idosos jogados à própria sorte nos hospitais decadentes do SUS, no outro lado da moeda vemos as competições de corrida de rua de veteranos crescerem cada vez mais em número de participantes e melhora das performances assim como em outros esportes. As academias nos últimos anos a faixa etária que mais cresce e registra menos desistência é a de idosos com mais de 60 anos. Conclui-se que para desfrutarmos de uma velhice saudável é preciso ter investido na família, nos amigos, manter-se ocupado e fazer alguma atividade física regular.

Atletas Idosos e Imortais

1) Manohar Aich é um indiano com 1,50 m de altura ganhador do título Mister Universo em 1952 que aos 99 anos ainda exibe seus músculos fortes para quem quiser ver.
2) Fauja Singh é o corredor mais velho do mundo a completar 42 km aos 100 anos em oito horas.
3) Tuplet Seabra Vasconcellos morreu em 03/09/2011 aos 97 anos. Até então o corredor mais velho do Brasil. Campeão dos 1500 m na categoria acima de 90 anos no Mundial de Veteranos em Riccione na Itália – 2007. Começou a correr aos 62 anos e completou 114 maratonas sem contar com a corrida de 100 km entre Uberaba Uberlândia.
4) Ernestine Shepherd é a fisiculturista mais velha do mundo aos 75 anos. Que vovó!
5) Tom Lane é um dos nadadores mais velhos do mundo aos 104 anos e cego desde os 70.
6) Margo Bates é uma das nadadoras mais velhas com 98 anos.
7) Octávio Orduño é um dos ciclistas mais velhos do mundo aos 103 anos.


Para Refletir: A velhice é inevitável. Quando ela chegar procure ignorá-la e pense em quantos anos você teria se não soubesse contar quantos anos realmente você tem. Cuidado para não se assustar! Pode ser mais! Afinal, envelhecer tem as suas vantagens e desvantagens. Uma das desvantagens é ser convidado para muitos enterros. (Moraes 2012).
Sobre a Ética: A educação é o único bem que podemos deixar para os nossos filhos e netos com a garantia que ninguém vai lhes tirar. Na sua velhice eles vão se lembrar disso. (Moraes 2012).

Leitura sugerida:
1) CARVALHO, Rosane Beltrão da Cunha - O processo de envelhecimento e os benefícios da atividade física na saúde e qualidade de vida – Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd124/o-processo-de-envelhecimento-e-os-beneficios-da-atividade-fisica.htm
2) COOPERATIVA DO FITNESS – Especialidade Idosos - http://www.cdof.com.br/idosos.htm
3) FARIA JUNIOR, Alfredo - Atividades Físicas para a Terceira Idade. Brasília: Sesi-DN, 1997.
4) FARIA JUNIOR, Alfredo; MARQUES, Andréa G; KRIEGEL, Regina - Anais do II Seminário Internacional sobre Atividades Físicas para a Terceira Idade. Rio de Janeiro: UnATI / UERJ, 1998.
5) FARINATTI - Comportamento de Variáveis Cardiorrespiratórias na Recuperação Pós - Esforço: Uma análise comparativa em indivíduos jovens e Idosos. Anais do III Seminário Internacional Sobre Atividade Física para a terceira Idade. UERJ - R. J. - 2000.
6) FARINATTI, V.T, Envelhecimento, Promoção da Saúde e Exercício: Bases teóricas e Metodológicas, Barueri: SP, Ed. Manole.
7) FLECK Steven J. Fundamentos do Treinamento de Força Muscular - 2ª edição - Porto Alegre - R.S. - Editora Artes Médicas Sul Ltda - 1999.
8) FUKUCHI, Reginaldo Kisho – Análise Cinemática na Fase de Apoio em Adultos e Idosos Corredores – Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/39/39132/tde-22042008-152649/pt-br.php
9) GARCIA, Bruna Bovi - Efeitos dos Exercícios na Capacidade Funcional em Indivíduos na Terceira Idade – Disponível em: http://www.unimep.br/phpg/mostraacademica/anais/8mostra/4/487.pdf Acesso em: 20/06/2012.
10). Idosos que pensam positivamente sobre a vida vivem mais, diz pesquisa. Disponível em: http://www.saudeemmovimento.com.br/reportagem/noticia_exibe.asp?cod_noticia=729 Acesso em: 20/06/2012.
11) MORAES, Luiz Carlos - O Peso da Idade e a Volta por Cima – Disponível em: http://www.cdof.com.br/idosos2.htm Acesso em 20/06/2012.
12) McARDLE WD, KATCH FI., KATCH VL. Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição e Desempenho Humano. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 1991.
13) POLLOCK ML, Wilmore JH. Medicina e Esporte. In: Exercício na Saúde e na Doença: Avaliação e Prescrição para Prevenção e Reabilitação. 2ª ed. Rio de Janeiro: 1993.

 

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